The Eternal Castle Capa

Review The Eternal Castle Remastered (Switch) – Pixel ilegível e muita diversão

The Eternal Castle é um jogo de MS-Dos lançado lá pelos anos 1987, com gráficos que lembram os estilos aplicados nos clássicos de point ‘n click da Lucas Arts – que descanse em paz -, mas num nível visual ainda abaixo, tornando as coisas bastante interpretativas sobre o que está acontecendo na tela. O Remaster é uma tentativa de trazer o título para tempos modernos, com a máxima fidelidade ao original dos anos 80. Porém, nem sempre o resultado é de excelência.

Obs.: A análise foi feita da versão 1.0.1 do jogo, o que corrige uma crítica da original onde jogar com os Joycon encaixados no modo portátil não era possível, sendo isso permitido apenas no estilo table top (console no apoio e controles conectados de forma sem fio) ou na TV.

Desenvolvimento: TFL Studios
Distribuição: TFL Studios
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação
Classificação indicativa: 10 anos
Português: Não
Plataformas: PC e Switch
Duração2.5 horas (campanha)/ 12.5 horas (100%)

Olhando o horizonte

Pixels e poucas cores

Como o jogo não busca aprimorar ou mudar o que era antigamente, você facilmente vai notar a quantidade explosiva de pixels monocromáticos na tela e muitas vezes ficará confuso sobre o que está acontecendo. E isso é uma faca de dois gumes, já que o charme acaba custando um pouco da compreensão por parte do jogador, limitando sua capacidade de dedução sobre o que se passa. The Eternal Castle Remastered inicia apresentando uma tela de boot, o que lembra bastante e faz homenagem ao antigo sistema da Microsoft.

As mecânicas em geral remetem bastante aos jogos de tempos onde o gênero plataforma com elementos de adventure conquistaram seu espaço, como Another World, Heart of Darkness e os primeiros Prince of Persia. A jogabilidade como um todo é consideravelmente travada, com pulos não tão precisos e um atraso na movimentação do personagem que procura imitar a inércia do corpo humano na vida real. Apesar disso, os comandos parecem responder bem, ao contrário dos jogos similares citados.

A história é inexistente – no sentido apresentação – no início, já que você é simplesmente lançado no jogo, aparentemente caindo de um paraquedas que ficou enroscado numa árvore, e então tem início uma série de desafios graduais que vão ensinando a jogar pouco a pouco. É possível escolher o sexo do personagem antes de tudo começar (mas você não verá praticamente diferença visual nenhuma), além de que uma explicação sobre o enredo através de um texto completamente ilegível é apresentado.

Já as batalhas acontecem de forma satisfatória, sendo possível equipar armas, distribuir socos, pontapés, esquivar e, em dados momentos, usar o cenário ao seu favor para derrotar algum inimigo. É apenas um pouco difícil encontrar armas de fogo, então vai ser comum apelar para um esmaga botão em certas situações com um grupo razoável de inimigos enquanto fica se esquivando – ou correndo. Mas, para complicar um pouco as coisas, no topo da tela fica a barra de stamina, que vai decaindo conforme o personagem ataca. Portanto é necessário atacar, recuar, esquivar e aguardar a barra encher novamente senão o protagonista apresentará cansaço, realizando golpes lentos e ineficazes.

Checkpoint

Alguns subchefes possuem uma barra de vida razoavelmente grande e é bastante incompreensível o protagonista possuir um machado, por exemplo, encontrado durante o jogo e não conseguir dar um golpe único para resolver o problema. Mais engraçado ainda é o inimigo conseguir defender os golpes com a ferramenta cortante.  As lutas com chefes são relativamente fáceis, mas exigem um pouco de esquiva em vez de partir para o confronto direto. Portanto, ainda assim existe um desafio, ficando longe de algo no estilo beat ’em up.

Como não podiam faltar, puzzles surgem como forma de avanço no jogo em alguns locais, e alguns exigem  um nível considerável de atenção do jogador ao que está acontecendo à sua volta para serem resolvidos. A progressão nas fases, na maioria das vezes, acontece da esquerda para direita, sendo possível  voltar novamente, escondendo o que existe no próximo cenário através do uso do final da tela, visualmente falando. Isso causa incerteza e dúvidas sobre o que está por vir, muitas vezes causando a morte do jogador caso este seja alguém mais afobado e saia correndo sem pensar muito. Alguns locais também possuem portas trancadas, que só são liberadas depois de derrotar todos os inimigos dali, e nestes momentos os confrontos esquentam muito mais. Checkpoints estão presentes em uma boa quantidade e intervalo de tempo, através de pedras com um símbolo que acende quando ativado. Infelizmente eles servem apenas como pontos de salvamento único, sendo impossível utilizar novamente a bel prazer.

Após eventos, é necessário teleportar para alguns pontos do jogo e resolver os puzzles e desafios, para depois então o Castelo, objetivo principal, ser liberado. Basicamente a história vai te mostrando isso sem contar de forma direta, o que é um pouco comum nos títulos da época em que o jogo original foi feito.

Chefão

O que incomoda

The Eternal Castle Remastered não é intuitivo de forma geral. Muitas coisas são subjetivas visualmente por causa dos visuais mantidos por motivo de homenagem ao clássico, o que causa confusão em quem está jogando de entender o item que foi adquirido ou muitas vezes o que está fazendo de fato. Isso acontece também quando vamos ler qualquer coisa no jogo, e muitas vezes, além da fonte de péssima escolha, é colocado um texto branco em um fundo claro, o que dificulta mais ainda a compreensão por causa da falta de contraste.

Já se tratando das mecânicas, é comum você se irritar com comandos que passam a sensação de imprecisão – por mais que seja superior a um Prince of Persia, por exemplo -, o que piora já que não existe um botão específico para ações como entrar em portas e subir escadas. Geralmente o comando é o mesmo que realiza o pulo, então não há uma forma de, por exemplo, sair em fuga de um grupo de inimigos e entrar correndo numa escadaria para se livrar: é necessário parar de correr e aí sim o comando de pulo vira o de ação.

Por fim, alguns congelamentos repentinos e uma ausência de diminuir ou mesmo desativar a vibração irritante do controle estão presentes. Em grande parte do jogo o controle ficará tremendo, seja por conta de golpes desferidos e recebidos, ou então em momentos onde existe um inimigo muito pesado que corre e estremece o cenário.

Batalha de machado

Homenagem digna, mas para alguns

The Eternal Castle Remastered é um jogo que funciona ainda hoje, mas seu público certamente é bem de nicho. A jogabilidade mais travada e imprecisa provavelmente vai ser um ponto chave para fisgar amantes de Another World e afins, mas jogadores mais jovens podem se afastar por causa de pontos cruciais como dificuldade em entender plenamente o que está havendo.

É um estilo de jogo que não agrada a todos, ainda mais com visuais tão únicos e que causam uma certa confusão. Particularmente achei o jogo bastante divertido por já ter tido experiência antes com títulos como Abe’s Odyssey e Heart of Darkness, o que me fez resgatar certas memórias e prazeres que tive com as mecânicas – ainda mais as de combate – na época em que joguei ambos. Porém, algumas mudanças como uma fonte mais legível e controles um pouco melhores seriam mais bem-vindos em revitalizações de games clássicos deste gênero tão único e incomum nos dias de hoje.

Aliás, se você chegou até aqui e sabe sobre a história real do jogo de 87: vamos manter este segredo.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Samuel Leão

The Eternal Castle Remastered

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Jogabilidade fluída
  • Combate eficaz
  • Puzzles interessantes
  • História subjetiva na medida certa

Contras

  • Fontes ilegíveis
  • Controles confusos
  • Gráficos que se misturam
  • Difícei de encontrar munição