Após lançar dois dos jogos independentes mais importantes do ramo do terror de sobrevivência, o pessoal da Red Barrels decidiu se aventurar no mundo do multiplayer cooperativo em The Outlast Trials, um spin-off que serve como uma prequel dos eventos da franquia. O jogo foi inicialmente disponibilizado em acesso antecipado em 2023 e, agora, um ano depois, está disponível em sua versão completa para PC e consoles, oferecendo uma experiência satisfatória, com missões criativas e aterrorizantes.
Desenvolvimento: Red Barrels
Distribuição: Red Barrels
Jogadores: 1-4 (online)
Gênero: Terror
Classificação: 16 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração: 17 horas (campanha)/42 horas (100%)
Tentando escapar em equipe
Com uma apresentação imersiva que remete a uma versão retrofuturista dos anos 50, The Outlast Trials põe seus jogadores dentro das instalações de uma corporação que realiza testes de métodos de controle mental e lavagem cerebral em humanos. É necessário assumir o papel de um personagem criado do zero para completar missões e conseguir fugir do complexo, precisando enfrentar fases horripilantes e repletas de ameaças.
Com todo o gore chocante característico da franquia, o título apresenta um terror que surge de sua ambientação repulsiva e escura, além dos inimigos que rondam o cenário – todos controlados pela inteligência artificial do game. The Outlast Trials não é um jogo de terror com um multiplayer assimétrico, focando em partidas com até quatro jogadores que mistura o estilo da série com uma estrutura semelhante a jogos já conhecidos, como Resident Evil Outbreak, por exemplo.
Os objetivos envolvem o trabalho em equipe e o raciocínio dos jogadores. É preciso utilizar os cenários para encontrar itens, resolver quebra-cabeças e escapar das ameaças existentes nos mapas, que são bastante labirínticos. Também é fundamental se atentar a recursos como a vida, o vigor, a bateria dos óculos (que permitem enxergar no escuro) e um indicador de psicose, que afeta a sanidade do personagem jogável, impactando diretamente sua capacidade de finalizar as tarefas sem ser atormentado pelos inimigos.
Novidades na fórmula
Assim como nos outros títulos da franquia, não existem armas de fogo em The Outlast Trials. Porém, os desenvolvedores decidiram abrir espaço para reação às ações dos oponentes, permitindo o uso de garrafas ou tijolos para atrasar os adversários por alguns instantes. Há um sistema de habilidades e builds que concedem vantagens específicas aos personagens, incluindo opções de atordoamento e cegueira, além de itens de cura e até visão através de paredes, proporcionando um dinamismo bem-vindo à fórmula da Red Barrels.
Só que os adversários acabam sendo mais um detrimento para a jogabilidade do que uma ameaça de fato. Eles são exageradamente presentes e constantes nas missões, a ponto de se tornarem apenas incômodos, não assustadores. Não existem configurações de dificuldade em The Outlast Trials, nem um mapa na interface para se orientar rapidamente durante as fases. Entretanto, há algumas configurações essenciais no menu principal que, inexplicavelmente, ficam desativadas por padrão. Entre elas, é possível ativar indicadores de som e vigor, que ajudam muito no decorrer das partidas.
Pelo menos, os objetivos são lineares e possuem diversas dicas óbvias, o que gera partidas rápidas e envolventes. Naturalmente, o foco na narrativa é deixado de lado em favor de breves diálogos ao longo da gameplay e de itens colecionáveis que detalham mais a respeito da lore apresentada pelo universo do game. Contudo, há um excelente tutorial que dá o tom da campanha do título, que recebe constantemente atualizações e eventos especiais que sempre refrescam a jogatina com novidades.
Problemas de conexão atrapalham
Desenvolvido por meio da Unreal Engine, The Outlast Trials conta com uma direção artística sensacional, que combina um áudio imersivo com gráficos fotorrealistas que possuem efeitos de iluminação atmosféricos e designs extremamente perturbadores. Sem travamentos, a versão para computadores oferece um desempenho agradável, com várias opções técnicas e até suporte ao ray tracing, que aprimora a apresentação com uma fidelidade técnica maior – embora os reflexos tenham uma resolução notavelmente baixa em comparação com o restante do game.
No entanto, The Outlast Trials possui alguns problemas em sua estrutura online que, infelizmente, prejudicam a jogatina, até mesmo no servidor brasileiro. Há falhas de responsividade nos inimigos, que sofrem com um bug na latência que permite que eles atravessem portas que foram fechadas segundos antes, o que altera drasticamente os rumos de uma partida. Os tempos de matchmaking são longos, mesmo com o crossplay entre jogadores de PC, PlayStation e Xbox ativo, demorando para preencher um time com quatro pessoas distintas.
Mesmo com a possibilidade de cumprir as missões sem uma equipe, The Outlast Trials definitivamente não é um jogo para ser jogado sozinho. Todas as fases possuem objetivos que consideram a presença de quatro pessoas nas partidas, sem adaptações significativas se houver menos jogadores na sala. E como o título requer uma conexão aos servidores dos produtores, sua disponibilidade futura estará sempre nas mãos da Red Barrels, que, por meio dessa decisão, coloca um prazo de validade no game – que, embora ofereça uma boa jogabilidade, poderia também proporcionar partidas modulares, com condições personalizadas.
Vale a pena experimentar
The Outlast Trials marca a entrada dos criadores de clássicos modernos num território totalmente diferente até com um certo sucesso, mas com algumas falhas e ideias que não resultaram necessariamente numa jogabilidade completamente divertida. Apesar disso, o título não deixa de ser uma experiência interessante para os fãs de jogos de terror online que desejam conferir algo que foge da competitividade do multiplayer assimétrico, dominante nesse segmento do gênero.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong