The Unexpected Quest Capa

Review The Unexpected Quest (Switch) – Um balde de água fria na era medieval

Jogos de estratégia em tempo real são quase inexistentes na plataforma da Nintendo. Meses atrás, analisei Northgard, o incrível indie da Shiro Games, a mesma empresa de Evoland 1 e 2. O game é simplesmente incrível e, apesar de algumas adaptações para consoles de mesa, os elementos e mecânicas de RTS se mantêm intactos. The Unexpected Quest veio de repente fazendo pouco barulho, e afirmou ser inspirado em Warcraft III e The Settlers. Bom, talvez a forma como o jogo se vendeu não tenha sido a das melhores.

Desenvolvimento: Rionix
Distribuição: OverGamez
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Puzzle, Gerenciamento
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataformas: PC e Switch
Duração: 7.5 horas (campanha)/9 horas (100%)

O maravilhoso mundo fantasioso

Cutscenes

The Unexpected Quest se passa em tempos medievais. Tudo começa com a necessidade de fazer que personagens recém-chegados sobrevivam e construam sua vila em novas terras. A história não é nada profunda e serve apenas para criar um pequeno contexto, mas nada que seja um grande problema em jogos do gênero.

A campanha passa por oito capítulos e cada cenário possui uma estabelecida quantidade de tarefas a serem feitas, sendo que a única recompensa no final é um resumo do tempo investido e as conquistas internas que foram liberadas. Apesar disso, a trilha sonora e os gráficos não decepcionam. As melodias fazem um belo trabalho de ambientação medieval, com músicas temáticas e diversificadas. Já os visuais são acima da média, fugindo do aspecto mais realista dando lugar a um estilo mais Blizzard de ser – bastante similar a Warcraft III.

As mecânicas de construção são bem simplificadas e podem ser resumidas em “clicar” no local possível de construir, escolher o tipo de edifício e pronto. Não há necessidade de enviar trabalhadores para cortar árvores, caçar e afins, mas as construções geram estes recursos após um número específico de intervalo de tempo. É tudo bastante automatizado, e sua influência no percurso das coisas é média ou até mínima.

A estratégia é gerenciar

Gerenciamento

Ao contrário de suas inspirações, The Unexpected Quest possui uma proposta mais alinhada com títulos de gerenciamento, em que suas ações são um pouco mais passivas em comparação a games como Age of Empires, Starcraft e o próprio Warcraft. Por aqui, não é possível selecionar individualmente as unidades e aplicar comandos sob elas, nem mesmo agrupar uma quantidade de personagens e sair patrulhando pelo mapa. As maiores possibilidades que o jogador tem é de posicionamento de construções em locais demarcados (não podemos construir em qualquer lugar), treinamento de novas unidades de milícia ou de trabalhadores, aprimoramentos comprados na Forja, coleta de recursos, etc.

Não há exatamente uma liberdade como existe de maneira comum no gênero Estratégia em Tempo Real, e muito menos um modo Skirmish – ou livre, se preferir – para se divertir sem compromissos ou cumprimento de missões. The Unexpected Quest é, de certa forma, um jogo linear com pequenas quests bem similares e interações pré-estabelecidas no cenário que liberam passagens, inimigos e itens necessários para finalizar a fase. E essa linearidade é comprovada, por exemplo, atacando inimigos mais fortes. Em um jogo verdadeiramente de RTS, a estratégia mais comum seria enviar um grupo de guerreiros para atacar a ameaça de um só vez e evitar maiores danos, mas, em The Unexpected Quest, apenas uma unidade pode atacar um inimigo em questão.

Com a exemplificação acima, a única estratégia existente é descaradamente melhorar o ataque daquela unidade na Forja e depois eliminar o inimigo por conta de seu ataque aprimorado. Isso se agrava e fica bem mais “na cara” já que cada tipo de inimigos só pode receber dano de uma categoria diferente de unidade militar como, por exemplo, arqueiros, espadachins ou magos. Com isso, as possibilidades se tornam mínimas, já que a tentativa e erro criará uma mentalidade padrão em você do que precisa ser feito, sem quaisquer variações criativas ou desesperadas.

Boa duração, mas sem grande apelo

Poucas missões

Tendo em mente agora que The Unexpected Quest é um jogo de gerenciamento e não de estratégia, não vejo isso como grandes problemas. Realmente era preciso apenas saber vender melhor a ideia e deixar mais claro do que se tratava. Deixando isso de lado, o que tanto o título da Rionix tem a oferecer? Diria que não muita coisa além daquilo que há no menu principal.

A campanha possui um total de oito capítulos, com uma duração entre 5 e 8 horas, dependendo de seu processo de tentativa e erro para desvendar os caminhos de cada etapa. Não há uma história, exatamente, e nem mesmo um pós game ou qualquer coisa que prolongue o modo principal. Como dito, não existe nem mesmo um Skirmish ou formas adicionais de jogo que gerem mais fator replay. É o famoso “what you see is what you get”, ou seja, tudo o que você vê ali é o que o jogo tem a oferecer.

Perdeu-se uma oportunidade valiosa de transformar The Unexpected Quest em algo realmente mais estratégico e longevo, com uma uma espécie de modo infinito (Skirmish) e, principalmente, um multiplayer online que pudesse dar uma vida extensa ao jogo. O que é uma pena, pois o conjunto da obra é belo, divertido e de fácil aprendizado, mas o saldo acaba sendo negativo por conta das várias limitações.

Comprando gato por lebre

Cenário

The Unexpected Quest comete o grave erro de se autodeclarar uma inspiração em Warcraft e The Settlers quando, na verdade, não possui muitas das mecânicas que fazem sucesso nestes dois títulos tão aclamados. A proposta, no final do dia, é bem interessante e funciona muito bem dentro do possível, mas as limitações de forma geral são tão grandes que não acredito que a atenção do jogador será captada por tanto tempo.

Uma vez finalizada a campanha, não há muito o que ser feito de forma adicional, muito menos qualquer tipo de evento grandioso ou conclusão intrigante. Não há New Game Plus ou modo Livre, e a culpa disso certamente são as mecânicas de gerenciamento que tornam sua jogabilidade em algo bastante linear e cansativo depois de alguns capítulos. Caso seu interesse ainda esteja “de pé” por The Unexpected Quest, vá sabendo o que vai encontrar: um game de gerenciamento com bastante tentativa e erro, sem grandes possibilidades ou liberdade criativa por parte do jogador.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Kiefer Kawkami

The Unexpected Quest

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Mecânicas interessantes
  • Belos gráficos
  • Boa trilha sonora

Contras

  • Cursor lento sem opções
  • Sem ajuste de câmera
  • Limitações altíssimas
  • Sem modos adicionais
  • Campanha rasa