Aparentemente um jogo simples de plataforma voltado mais para o público infantil, com uma boa dose de inspiração em Crash Bandicoot, essa é a proposta da Blue Sunset Games em Tiny Hands Adventure. Infelizmente o discurso parece ser melhor que sua execução.
Desenvolvimento: Blue Sunset Games e Storm, Storm Trident S.A
Distribuição: Forever Entertainment S.A
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Plataforma
Classificação: Livre
Português: Não
Plataformas: Switch, PC, Xbox One e PS4
Duração: Sem Registro
À busca pelas ferramentas certas
Um pequeno T-Rex quer a ajuda de uma fada para ter “mãos grandes”, pois suas pequenas patinhas o impossibilita de jogar futebol plenamente com seus amigos, já que ele é justamente o goleiro da equipe. A boa fada diz que ajudará Borti, mas ele deve passar em alguns testes antes, coletando cristais e derrotando os guardiões de cada área, para assim ganhar ferramentas e estender a capacidade de suas mãozinhas.
O problema desse enredo simples é que ele não faz o menor sentido. Os diálogos são horríveis, tanto entre o pequeno dinossauro e a fada Florella quanto entre ele e os chefes. Não se explica nada do mundo onde estão, o porquê dos guardiões ou dos cristais. Sem contar que Florella tem mais cara de uma bruxa que está enganado o pobre Borti do que uma boa fada madrinha, mas nem para um plot assim o enredo serviu. Você passa pelos guardiões, coleta os cristais e nada faz sentido, tudo pra ser testado em vão por uma fada com cara de bruxa, que aparentemente não serve pra ser nenhuma das duas.
Copia, só não faz igual
Logo de cara já vemos que a escolha das fases lembram muito o estilo dos primeiros jogos do Crash Bandicoot de PS1, principalmente o segundo título. As inspirações não param por aí, o ataque principal de Borti é também um giro, ele pode deslizar e também rastejar ao melhor estilo do famoso marsupial. Até mesmo as caixas de madeira, o fato de haver um cristal principal em cada fase e o estilo de conversa entre os personagens (Borti e Florella) lembram muito o título da Naughty Dog.
Alguns dos níveis também remetem bastante ao do marsupial no primeiro console da Sony. Tiny Hands Adventure é quase uma cópia mal feita e sem carisma da franquia de Crash Bandicoot. É aquela velha história do “copia, mas não faz igual”.
O pequeno dinossaurinho possui comandos simples: pular, rolar e deslizar. A variedade de movimentos vem com as ferramentas que adquirimos durante a aventura, que o permite interagir com certas partes do cenário e também serem usadas para atacar, cada uma com um tipo de movimento diferente.
As fases contam com diferentes ângulos de câmera, e isso torna a experiência bem diferenciada, já que cada novo nível é uma surpresa. Visão superior, side scrolling, correndo em direção a tela ou então diretamente para frente, 3D ou ainda 2D. Essa expectativa variada torna a gameplay mais interessante, embora alguns estilos funcionem melhor que outros, principalmente quando se trata da noção de profundidade que temos, pois em algumas delas essa percepção fica horrível.
Como dito, a dimensão e profundidade do personagem em relação à fase é muito ruim, várias vezes você será frustrado com pulos em direções erradas, por mais certeiro que eles pareçam, e não só isso, pois para matar os inimigos e desviar de seus ataques também. Serão muitas mortes em vão até entender que o seu pulo e/ou ataque de 90° é na verdade um de 75°. Os níveis side scrolling são os que causam a maior frustração quanto a isso. O ângulo da câmera é péssimo, muitas vezes você é pego em algum ponto cego com inimigos e/ou armadilhas e morre sem entender direito o que aconteceu.
Os gráficos não são muito bons, eles são bem simples e isso é normal para um título indie, mas não são bem “polidos” ou agradam muito à visão. Outros jogos indies com gráficos 3D parecidos já fizeram melhor. O pobre Borti é tão estranhamente desenhado que eu passei um terço da minha gameplay achando que ele usava óculos.
A verdade é que tudo é simples demais, não existem animações para quase nada. Existem vários cortes secos, por exemplo quando se termina uma fase, vai escolher uma nova, dá pause, loading e por aí vai… Para não dizer que não existe uma animação sequer, ao menos Borti faz um draminha ao morrer. Mas é bem incômodo todos esses cortes e telas pretas sem maiores cuidados e detalhes.
Os inimigos são meros enfeites, não apresentam praticamente perigo algum. O desafio do jogo fica por conta dos ângulos ruins de câmera mesmo. A dificuldade dos inimigos está mais na parte dos chefes, que confesso, não são grande coisa também, possuem padrões fáceis e simples de serem decorados.
Tiny Hands Adventure possui um fator replay razoável, já que, para conseguir todos os cristais coloridos das fases, é sempre necessário ter algumas ferramentas e muitas vezes quando passamos por elas durante a primeira vez ainda não as adquirimos. Após coletar todos os cristais coloridos, um modo hard é habilitado, desta vez com apenas um deles a ser coletado, mas com alterações nos outros itens, armadilhas e inimigos. O que realmente deixa o replay “difícil” é não existirem checkpoints, e como morrer pelo fato de Tiny Hands Adventure ser mal feito é fácil, ter que voltar todo o caminho já percorrido é bem frustrante e desanimador.
Malfeito, feito!
No geral, Tiny Hands Adventure é bem ruim, seja pela parte técnica, enredo ou quase qualquer outra coisa. Os personagens não são carismáticos, a história não faz o menor sentido e nem te prende. As fases são “vazias” e nada empolgantes. O que salva um pouco é que, felizmente, as mecânicas são muito boas, embora pouco exploradas. As ferramentas de Borti são o mais interessante de tudo e bem pouco utilizadas, infelizmente.
A trilha sonora também é razoável e bem animada para o ritmo daqui, eu diria, e algumas delas chegam até a ser legais, embora haja uma ou outra que depois de 3 minutos fique um pouco irritante. Infelizmente o divertimento possível com esse título é bem baixo, a experiência é bem mais frustrante e tediosa que divertida.
Cópia de PlayStation 4 cedida pelos produtores
Revisão: Kiefer Kawakami