Tony Hawk's™ Pro Skater™ 3 + 4

Review Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4 (PC) – Um remake pela metade

Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4 marca um segundo retorno da lendária franquia esportiva da Activision, quase cinco anos após o lançamento do remake dos dois primeiros jogos da série. Agora produzido pela Iron Galaxy Studios, o game acerta em sua jogabilidade, na atualização para 2025 e em sua trilha sonora revigorada, mas erra na otimização e na falta de fidelidade de um dos títulos incluídos na coletânea.

Desenvolvimento: Iron Galaxy Studios

Distribuição: Activision    

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Esportes

Classificação: 12 anos (interatividade online)

Português: Dublagem, legendas e interface

Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S, Switch, Switch 2

Duração: 7 horas (campanhas)/28 horas (100%)

Uma regressão

Fase de THPS4 em Tony Hawk's Pro Skater 3 + 4

Reaproveitando toda a gameplay que foi reconstruída pela extinta Vicarious Visions para o remake dos dois primeiros games da franquia, Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4 coloca os jogadores para andar de skate enquanto completam objetivos em rodadas de dois minutos em 19 mapas distintas. É preciso realizar manobras e se equilibrar em corrimãos e manuais, da mesma forma tradicional e consagrada de sempre: o quadrado serve para fazer manobras de flip, o triângulo serve para os grinds, o círculo para o grab e o X, por fim, funciona como o botão de ollie, o pulo.

O problema, no entanto, é que o quarto título da série, originalmente lançado em 2002, fugiu totalmente dessa proposta inicial para oferecer áreas mais abertas, sem limite de tempo e com objetivos mais interativos. Só que nesse remake, o pessoal da Iron Galaxy decidiu adaptar todas as fases de THPS4 ao formato antigo, essencialmente regredindo na evolução da franquia de um modo que nem a edição mais enxuta lançada para o PlayStation 1 fez na época.

Tempo estendido em Tony Hawk's Pro Skater 3 + 4

As fases de THPS4 foram pensadas para serem exploradas com calma, com um tamanho enorme que não combina com as rodadas de dois minutos. A mudança não funcionou, mas, para amenizar esse problema, os desenvolvedores permitiram a personalização do temporizador, podendo ter rodadas de até uma hora de duração. Isso é apenas um “band-aid” que não resolve a questão e não resulta em uma experiência parecida com a do jogo original – tanto que faltam alguns mapas dele nesse novo remake.

Bastante conteúdo

Modo online de Tony Hawk's Pro Skater 3 + 4

Fora isso, Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4 é excepcional. A gameplay é excelente e há vários modos além da carreira, como a possibilidade de criar o próprio skatista, fases customizadas e partidas online ou em tela dividida. Tudo isso estava presente no remake anterior, mas não há uma sensação de mais do mesmo nem de uma grande DLC porque há fases e atividades inéditas.

Apesar da falta de fidelidade no conteúdo do quarto game da franquia, todo o escopo da recriação e o cuidado aplicado nela impressiona. Há novos segredos e interações com personagens, além de um modo multiplayer com suporte completo ao crossplay entre todas as plataformas em que o jogo está disponível.

Criação de personagem em Tony Hawk's Pro Skater 3 + 4

Os desenvolvedores também incluíram diversos crossovers no game, como o Doom Slayer como skatista jogável (assim como na versão original de THPS3) e até uma parte submarina que faz referência à Fenda do Bikini, de Bob Esponja. Esses crossovers, porém, estão restritos apenas a quem adquiriu a edição deluxe do jogo. Quem joga pela edição padrão ou pelo catálogo do Game Pass não vê nada nessas áreas secretas – o que é um pouco sem sentido, mas, pelo menos, dá para desbloquear uma Tartaruga Ninja como skatista.

Desempenho esquisito

Canadá em Tony Hawk's Pro Skater 3 + 4

Visualmente, Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4 é um upgrade notável em relação ao remake anterior, principalmente por conta da iluminação mais diversificada, que realça bem as características de cada fase. Há um modo foto que permite ver mais de cada mapa, mas é possível perceber um pequeno defeito, pois os skatistas jogáveis não são tão detalhados quanto poderiam e até destoam um pouco do restante da apresentação.

A performance da versão para computadores deixa a desejar. Ao contrário de THPS 1 + 2, que é tecnicamente impecável, esse remake foi lançado com vários problemas que atrapalham a fluidez da jogatina, como stuttering, crashes e quedas repentinas na taxa de quadros. Perder um combo porque o jogo travou por alguns segundos é, infelizmente, uma possibilidade real, e a navegação na interface durante a jogabilidade é bastante lagada.

Aeroporto em Tony Hawk's Pro Skater 3 + 4

O jogo não adota o uso de ray tracing nem nada além das técnicas tradicionais, então algumas partes, como o mar da fase do cruzeiro e de Alcatraz, chamam atenção pelos reflexos infiéis que prejudicam o detalhamento dos fundos dos mapas. Há problemas de pop-in, como sombras que surgem do nada em pontos específicos do jogo, mostrando que alguns detalhes poderiam ter sido melhor trabalhados.

A propósito, jogar Tony Hawk’s no teclado pode parecer uma experiência meio excêntrica na configuração padrão. Portanto, o recomendado é utilizar um controle ou configurar o numpad para que ele se assemelhe aos botões de frente de um joystick tradicional, enquanto se usa as teclas WASD para movimentar o skatista. Assim, o jogo flui perfeitamente, independentemente do método de entrada escolhido.

Atualizando os clássicos

Rayssa Leal em Tony Hawk's Pro Skater 3 + 4

Acima de tudo, esses remakes da franquia Tony Hawk’s são versões modernizadas de jogos com mais de 20 anos de idade. Eles não refletem o mundo como era na época original deles, agindo mais como uma cápsula do tempo do momento em que os jogos estão sendo relançados – tanto que o primeiro remake, de 2020, foi situado na pandemia. Então, Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4 traz novos skatistas jogáveis que estão em evidência na atualidade, como a brasileira Rayssa Leal e a australiana Chloe Covell – além de, claro, várias músicas novas.

A trilha sonora é composta por 58 músicas no total, e somente 10 retornam dos jogos originais. Isso tem lados positivos e negativos, já que várias músicas cruciais para a identidade da série estão ausentes, como o tema do menu principal de THPS3, por exemplo. Em compensação, muitas faixas novas se adaptam bem ao game e que combinam com a proposta da série. Tony Hawk’s sempre foi uma franquia conhecida por suas boas músicas (muitas vezes escolhidas a dedo pelo próprio Tony) e as faixas incluídas nesse remake são ótimas – embora elas não sejam as mesmas ótimas músicas dos jogos originais.

Gameplay de Tony Hawk's Pro Skater 3 + 4

É interessante notar que algumas dessas músicas novas são de artistas que já apareceram nos games originais. Dessa forma, THPS 3 + 4 vira um convite para explorar mais músicas deles, caso ainda não as conheça. Essa é a única alteração que realmente funcionou no remake, que, apesar de todos os erros, é uma experiência de qualidade. E, diga-se de passagem, não é impossível abrir um serviço de streaming em segundo plano e tocar uma playlist com as músicas originais enquanto joga, é um aspecto do remake que pode ser facilmente contornado.

É bom, mas deveria ter sido mais fiel

Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4 poderia ser uma experiência melhor se os produtores tivessem sido mais fieis ao quarto game da franquia, tanto na quantidade de níveis quanto no formato da jogabilidade. Mas, acima de tudo, esse é um bom jogo que deixa um gostinho de “quero mais” – mas, dessa vez, na expectativa por um título completamente inédito, que certamente seria muito bem-vindo.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4

9

Nota Final

9.0/10

Prós

  • Jogabilidade excelente
  • Ótima trilha sonora

Contras

  • Falta de fidelidade
  • Desempenho ruim no PC