Um tanto inusitado, um RTS (Real Time Strategy) pode muito bem encontrar mecânicas simples e basilares, o que gera novidades para a indústria de games. Uma dessas novidades, Touch Type Tale, combina o gênero bastante presente em PCs com muita digitação. De forma bem incomum, sua maior mecânica é apenas o ato de teclar sem parar para dar comandos em tempo real. Então prepare um bom teclado – e seus dedos – e venha conhecer um pouco do primeiro jogo do novo estúdio alemão Pumpernickel.
Desenvolvimento: Pumpernickel Studio
Distribuição: Epic Games Publishing
Jogadores: 1-2 (local e online)
Gênero: Estratégia
Classificação: Livre
Português: Interface e Legendas
Plataformas: PC
Duração: 12.5 horas (campanha)
Um propósito
Touch Type Tale conta a história de Paul, um jovem escrivão que encontra uma máquina de escrever mágica, capaz de levar ordens diretas a unidades militares em seu reino natal. Com isso, seus dotes de digitação rápida e eficaz são aproveitados e manipulados por um estranho nobre que demonstra preocupação com seu próprio reino, mas oprime duramente as forças e vontades populares.
Ao dominar e expandir cada vez mais o reino, usando estratégias variadas pelos mapas do mundo, Paul descobre a verdade ao seu redor e parte para uma frustrante e intensa aventura sem objetivos nem destino, mas repleta de desafios contra outros reis e rainhas das terras vizinhas.
Nessa história somos desafiados por grandes líderes, como um chefe rebelde camponês (Rumpel) e insanos nobres militarizados do oriente (Sir Jeldor e Khatunara). Além de personagens fortes e caricatos, Touch Type Tale consegue entregar um bom conto medieval cartunizado em seus momentos narrativos, com uma linha do tempo muito concisa e interessante, variando sua jogabilidade a ponto de sempre deixar presa nossa atenção ao teclado e à tela.
Trata-se, portanto, de um RTS tradicional e simplificado, onde você irá construir edifícios civis e militares, conquistar territórios unitários e derrotar um ou mais oponentes por mapas característicos de cada região. Nele, você treinará unidades de cavalaria, arquearia e infantaria com espadas ou lanças. Também existem vantagens a serem compradas, bem como construção de unidades especiais e uso de magias para que você ganhe pequenos benefícios estratégicos.
Basta digitar as várias palavras, contextualizadas ou não, que ficam marcadas nas proximidades dos edifícios ou das unidades da partida/fase para dar todos os comandos. Desse modo, você move seu exército, consegue mais ouro, contrata trabalhadores e ataca inimigos, por exemplo.
A dinâmica do jogo é bastante ágil e viciante, na qual há raríssimos momentos de ócio com barrinhas se enchendo ou unidades sendo recrutadas lentamente.
Teclando a vitória
É importante dar a devida atenção ao ótimo e detalhado tutorial (embora seja um pouco irritante) no início de algumas fases, já que TTT demandará demais da sua atenção e sua dedicação.
Em todas as fases da campanha e nos modos multiplayer, há uma oferta um tanto desequilibrada de 5 dificuldades distintas, embora faça sentido para seu level design. Mesmo no Fácil, é possível acompanhar momentos bastante intensos e desafiadores, os quais exigirão atenção, agilidade e resiliência. Ainda que sua digitação seja impecável e você use a melhor das estratégias, a frustração pode chegar mais cedo ou mais tarde em alguma fase.
Mesmo com alguns problemas, como uma íngreme curva de dificuldade e a não-interpretação do teclado em português brasileiro do ‘Ç’ em determinadas construções, Touch Type Tale é capaz de oferecer uma jogatina muito satisfatória e variada. Principalmente a quem curte bons RTSs e gêneros relacionados.
É recomendável ter um bom teclado e bons hábitos de digitação (usando todos os dedos das mãos de forma relativamente rápida), mesmo sabendo que existirão técnicas e opções para amortecer toda a dificuldade encontrada. Assim, a vitória pode chegar mais rápido.
Sem trégua para a realidade
Há oportunidades douradas nas mãos da Pumpernickel. Se souberem como manejá-las e ajustar os pontos certos, teremos um ótimo jogo nas próximas versões de TTT. Pois seu papel principal já é atendido: o de trazer simples elementos de RTS, estabelecendo o fator inusitado da digitação como mecânica central. Não somente isso, mas, por unir gêneros e elementos interessantes, faz com que a jogabilidade se torne muito prazerosa ao longo da sua experiência inteira.
Com muita espera para entrar, não foi possível testar o modo multiplayer, por isso não há o que opinar a respeito. Mas o modo Conflito é divertido, o qual coloca uma IA jogando em mapas predefinidos pela pessoa jogadora, contra ela. Mesmo assim, a campanha foi capaz de entregar uma satisfação sem igual, evidenciando sua plenitude em mecânicas centrais da jogabilidade.
Cabe dizer que vale muito a pena conferir, além de recomendar certa diligência. Mas se puder esperar por algumas atualizações, você terá uma máquina de escrever muito mais refinada para usar em seus ataques e defesas medievais.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno
Touch Type Tale
Prós
- Jogabilidade única e muito interessante
- Diversidade de ações e possibilidades
- Estímulo de agressividade nas partidas
- Gerenciamento muito criativo e minucioso
- Excelentes feedbacks audiovisuais
Contras
- Curva íngreme de dificuldade
- Algumas mecânicas e usabilidade carecem de polimento
- Visual bem simplificado
- Trilha sonora é muito repetitiva