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Review Two Point Hospital (Switch) – Homenagem digna

Se você é uma “cria” dos anos 90 provavelmente conhece o clássico Theme Hospital da Bullfrog. O jogo foi lançado em 1997 e era simplesmente o melhor jogo do gênero de simulador de hospitais existente, até porque – acredito eu – não existia concorrência. Theme Hospital era um jogo de PC e PS1, bastante complexo para crianças (eu era uma na época), mas bem intuitivo enquanto mostrava ser possível de jogar sem entender inglês (com um leve esforço).

Desde aquela época, alguns jogos tentaram imitar a essência do título da Bullfrog, porém nunca encontrei algum jogo de peso que batesse de frente com o jogo. Bom, até agora! Two Point Hospital foi originalmente lançado em 2018 para PC, mas em 2020 finalmente chegou para os consoles de última geração de forma bastante competente e controles extremamente bem adaptados.

Desenvolvimento: Two Point Studios
Edição: Sega
Jogadores: 1
Gênero: Simulador, Gerenciamento
Classificação indicativa:
10 anos
Português: Não
Plataformas: PC, Xbox One, PS4 e Switch
Duração: 31 horas (campanha)/154 horas (100%)

O sistema privado de saúde

Basicamente sendo um sucessor espiritual do clássico já citado Theme Hospital, Two Point Hospital traz a mesma essência do jogo que nos deixou órfãos há muitos e muitos anos, e faz bonito demais – literal e figurativamente. Em TPH você é a pessoa que gerencia os hospitais da região/mapa que é apresentado antes de começar o jogo. Cada fase é representada por um hospital diferente, e cada um destes hospitais te dá a possibilidade de receber até 3 estrelas classificatórias.

Por mais que este seja um formato de pontuação geralmente visto em joguinhos de celular, não se engane porque TPH não possui nem de longe um escopo de jogos mobile. Pelo contrário, as estrelas servem para que você crie sua própria dificuldade, ou seja, você pode querer receber apenas 1 estrela classificatória (o que não é difícil) e simplesmente encerrar a fase por ali, então o desafio é o jogador quem faz.

O jogo é bastante profundo e subjetivamente complexo, no melhor sentido, e exige bastante atenção por parte do jogador. Nele você obviamente precisa atender pessoas doentes, criar recepções para gerenciar os pacientes que estão chegando, contratar doutores para alocar em suas respectivas salas, enfermeiras (e agora também enfermeiros), faxineiros para limpar os locais e reparar o maquinário do hospital, entre vários outros microgerenciamentos que são exigidos para que você consiga a melhor performance possível. Quando você capta os principais “macetes” pra ficar bom no jogo, a sensação de que você é uma pessoa inteligente é incrível.

Pode parecer um pouco simples ou direta a jogabilidade da forma que descrevi, mas a profundidade começa quando cada atividade exercida pelos profissionais dentro de seu hospital exige uma qualificação específica. Por exemplo, na psiquiatria é necessário contratar um doutor com o conhecimento na área, apesar disso você também pode construir uma sala de treinamento para treinar seus profissionais para que elas aprendam e exerçam novas funções.

Também é preciso ficar atento às estatísticas que o jogo oferece para saber as demandas dos pacientes, além das áreas de destaque do hospital que mostram em qual lugar as pessoas estão sentindo fome, sede, frio, e quaisquer que sejam as necessidades – é preciso manter os pacientes acomodados.

Humor característico

Mesmo tendo uma forma de jogar relativamente detalhista, o que ajuda a deixar o clima leve e mais divertido é que o jogo, assim como sua inspiração, não se leva nem um pouco a sério.

As doenças dos pacientes são as mais absurdas possíveis, como aqueles que sofrem de inchaço de cabeça, síndrome de rockstar, a doença da panela presa no crânio de nome pandemia (esse trocadilho exige um entedimento em inglês), pacientes que não conseguem tirar a roupa de palhaço, pessoas com lâmpadas no lugar da cabeça, entre outras coisas que claramente são piadas e mostram o bom humor do jogo.

Em várias situações você vai se pegar rindo de forma natural, pois o jeito que Two Point Hospital encontra para fazer as brincadeiras é simplesmente fenomenal, não só pelos diálogos e textos como também de forma gráfica.

Acertos e mais acertos

Two Point Hospital acerta em cheio ao ser intuitivo. A maestria acontece, por exemplo, ao criar uma nova sala, onde é indicado visualmente em cima do cômodo qual profissional você precisa alocar ali – médico ou enfermeira.

São vários detalhes existentes aqui que seria difícil de explicar descrevendo, mas ao jogar você percebe que está avançando de forma totalmente fluída e sem frustração.

Um dos pontos mais bacanas de Two Point Hospital é seu fator replay, já que você pode voltar novamente em qualquer hospital que tenha deixado para trás durante a história, então o jogo te dá a liberdade de evoluir o quanto quiser e mesmo assim passar para a próxima fase, para depois continuar a que estava jogando. Mas te garanto que vai ser um sentimento constante a vontade de fazer a pontuação máxima em todos os hospitais.

O que pode afastar

Apesar de Two Point Hospital ser tão bom em tudo que faz, não existe o idioma português. Somado a isso, o jogo falha ao fazer anúncios de onde os profissionais estão sendo necessários no hospital apenas de forma falada sem a existência de legendas. Então algumas vezes no início fiquei perdido, ainda mais por conta do sotaque britânico, sobre em qual lugar do meu estabelecimento eu precisava dar mais atenção ou onde estava ocorrendo uma emergência.

Isso foi algo pelo qual sofri quando criança jogando Theme Hospital, porém os tempos são outros e não consigo entender como nos dias de hoje certos jogos que exigem leitura não pensam em países como o nosso.

Um problema nada grave mas interessante de apontar é na versão de Switch. Se você for alguém que se importa muito com gráficos, resolução e em extrair o máximo de qualidade visual de um jogo, pode esquecer. A versão para o console da Nintendo não possui sombras, não tem suporte a touch e possui aspectos visuais que ficam devendo em relação à concorrência, apesar de não ter me incomodado em momento algum. Já as versões de Xbox One e PS4 são bem fiéis à de PC, então fica em suas mãos a decisão sobre onde jogar Two Point Hospital.

Um jogo de excelência

Two Point Hospital é, sem dúvida, um jogo feito com muito amor e carinho e possivelmente o melhor do gênero. Sua essência e bom humor remete muito ao clássico da Bullfrog, e faz isso de forma magistral. Consigo recomendá-lo tranquilamente para qualquer pessoa que goste minimamente de gerenciamentos e dizer: este jogo é impecável. Pra finalizar, a versão de consoles acompanha todos os DLCs lançados até o momento.

Este review foi feito usando uma cópia para Switch cedida pelos produtores

Two Point Hospital

9.5

Nota final

9.5/10

Prós

  • Bom humor
  • Jogo intuitivo
  • Desafios estimulantes
  • Adaptação para consoles impecável

Contras

  • Exige leitura e não tem português
  • Falta legendas em alguns momentos