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Review Until Dawn (PS5) – Um dos remakes mais desnecessários dos últimos tempos

Lançado originalmente para o PlayStation 4 em 2015, o jogo narrativo de terror Until Dawn chega agora ao PC e PS5 na forma de um remake que é essencialmente o mesmo jogo.

Desenvolvimento: Ballistic Moon
Distribuição: Sony Interactive Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Terror
Classificação: 18 anos
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataformas: PC, PS5
Duração: 8 horas (campanha)/19 horas (100%)

História de terror com sustos e nojeiras

As bordas na tela passam a sensação de cinema
Controlamos os personagens em câmera traseira ou às vezes em ângulos fixos

Until Dawn é um game narrativo e interativo, no estilo de títulos como Heavy Rain e Beyond: Two Souls. A história lembra um filme de terror ruim, porque a premissa já não faz muito sentido se você usar alguma lógica. Alguns amigos estão de férias em uma casa em uma montanha florestada, quando duas irmãs gêmeas desaparecem (presume-se que morreram) de forma bizarra em um lugar cheio de acontecimentos estranhos, além de um clima frio e inóspito. Dado esse trauma, o que acontece no ano seguinte? Esses mesmos amigos retornam para passar as férias lá novamente, incluindo o irmão das gêmeas, claro – sem contar que alguns desses amigos se odeiam. Daí, segue-se uma lista de eventos com pessoas se colocando em situações claramente ruins e depois reclamando das consequências.

Talvez eu esteja esperando demais de uma história de terror barata. O que indico é adequar sua mentalidade e aceitar que essa é uma trama ruim que vale mais a pena juntar uns amigos para rir das tosquices, assim aproveitando de verdade. Mas enfim, confesso que acabei me afeiçoando aos personagens após alguns capítulos e me empolguei na jogatina, instigado para saber o que aconteceria a seguir e elucidar os mistérios do presente e do passado. Então, é um daqueles casos que eu costumo dizer que é ruim, mas é bom. A dublagem brasileira é ruim e caricata em vários momentos (especialmente a personagem Jessica), o que ajuda no clima de filme B.

Narrativa bem registrada

No entanto, esses gráficos em geral parecem ser só curiosidade
No menu vemos as características de cada personagem e seu relacionamento com os demais, que são atualizados após cada decisão relevante

Qualidades da história à parte, a jogabilidade e interação em Until Dawn são bastante interessantes. Como em outros jogos desse gênero, você deve tomar decisões em diversos momentos, algumas com tempo limitado, que impactarão em eventos futuros. O game registra em seu menu os 22 momentos cruciais que afetam eventos futuros, deixando claro o efeito das suas decisões e facilitando caso você queira rejogar e ver como os eventos se desenrolam de diferentes formas. Após concluir o game, é possível fazer uma seleção de capítulo para alterar eventos específicos de forma mais direta.

Durante a exploração, você colhe pistas sobre os mistérios ao seu redor, que ficam catalogados no menu (e acumulam ao longo de replays). Além disso, os personagens também encontram totens que revelam profecias de eventos ainda por vir, que podem te auxiliar em decisões a serem tomadas mais adiante. Como de costume em jogos do gênero, as cenas de ação se dão por meio de quick time events, isto é, apertar rapidamente sequências de botões que aparecem na tela, enquanto a ação em si acontece “sozinha”.

Destino dos personagens em suas mãos

O jogo atualiza o registro cada vez que é exibido um acontecimento decorrente de alguma decisão anterior
Cada uma das decisões importantes fica registrada no menu, junto com suas implicações

O grupo que vai até a casa é composto por 8 personagens, e você reveza entre eles durante o jogo. Todos podem morrer ou sobreviver ao final dos 10 capítulos, dependendo das suas escolhas e ações. Essas mortes são permanentes e o roteiro se adapta a elas, implicando na existência de centenas de possibilidades de desenrolares da história, junto com as 22 decisões críticas descritas anteriormente.

O game alega que as decisões importantes são definitivas devido ao seu sistema de autosave, mas isso não é totalmente verdade – admito que me arrependi de algumas escolhas, reiniciei o jogo e consegui alterá-las. No geral, achei os acontecimentos e o desenrolar do roteiro bem divertidos mesmo com os problemas que descrevi, e a catalogação bem didática dos efeitos das suas decisões torna tudo bem legal de ser acompanhar.

Pra que, exatamente?

A mudança da luz azul para algo mais laranja diminui o sentimento de terror
Iluminação é um dos pontos criticados desse remake

Basicamente, tudo descrito até aqui vale para o título original de 2015. Fica então a dúvida sobre o quanto vale a pena gastar esforço humano e milhões de dólares para refazer um jogo relativamente recente e que segue perfeitamente jogável atualmente. Provavelmente, esse remake foi encomendado para aproveitar o filme que está sendo produzido baseado na história – de forma semelhante ao remake do primeiro The Last of Us, que foi produzido na onda do lançamento da série de TV. Mas é difícil justificar, assim como a recém anunciada remasterização de Horizon Zero Dawn.

Com Horizon, ainda há a opção de fazer um upgrade por um preço módico, mas aqui só é possível comprar o jogo por salgados R$ 300. Além disso, o título está com problemas. Durante minha jornada, uma vez entrei no cenário e tive que reiniciar o jogo, e em outra situação, ele simplesmente fechou do nada. Há também vários relatos de problemas de desempenho (especialmente no PC) e a nova direção de arte não agradou a todos.

Já que está aí, talvez seja aproveitável

Until Dawn de 2024 é, em essência, o mesmo jogo lançado há menos de uma década, mas agora disponível no PC e nativamente no PS5. É um bom título para quem ainda não jogou e gosta de narrativas interativas e histórias de terror, mas não há nenhuma novidade para quem já experimentou ou que sequer justifique sua existência como um remake.

Cópia de PS5 cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

Until Dawn

7

Nota final

7.0/10

Prós

  • História instiga seguir adiante
  • Decisões e seus impactos ficam bem registrados

Contras

  • Remake dificilmente se justifica
  • Nova direção de arte muda a atmosfera do original