Yakuza 6: The Song of Life é o título de despedida do nosso amado protagonista Kazuma Kiryu. O personagem, agora aposentado, precisa cuidar de sua filha de consideração, Haruka, que agora atua com uma Idol (basicamente, uma cantora pop japonesa) e começou a sofrer perseguições por causa de sua relação com Kiryu e, indiretamente, com a Yakuza.
O protagonista, por sua vez, acaba sendo preso e ficando na cadeia por um longo período, até que finalmente regressa ao orfanato construído por si, mas agora Haruka está desaparecida. Assim, Kiryu sai em busca de seu bem mais precioso: a família.
Desenvolvimento: Ryu Ga Gotoku Studio
Distribuição: SEGA
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Aventura, Ação
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, Xbox One
Duração: 18.5 horas (campanha)/51 horas (100%)
A maturidade vem à tona, e o tempo cobra
Yakuza 6 tem um ar bem mais sério do que os outros da série. O ano é 2014, e Kiryu já possui seus 48 anos e mostra sinais de idade. Aliás, não se preocupe se não tiver jogado nenhum outro Yakuza: há como ver a retrospectiva no menu principal. Mesmo assim, o carisma para com os personagens não será o mesmo. A jogabilidade também passa esse ar de maturidade no personagem, com movimentos mais pesados e um andar mais sóbrio. As mecânicas de Beat ’em Up – figurinha carimbada na série – são as mesmas já vistas anteriormente, e isso não é ruim.
O único fator decepcionante é que, desta vez, existe apenas um estilo de luta, ao contrário dos jogos anteriores em que haviam quatro. Apesar disso, continua sendo possível realizar upgrades em golpes comuns, atributos como saúde e eficácia dos ataques, ações desbloqueáveis do Heat Mode (um tipo de modo fúria com finalizações) e habilidades gerais – como a corrida. Todos estes atributos agora se encontram em um menu dedicado a cada categoria, em um formato bem mais organizado que aposenta a “roda” de habilidades.
Ainda nas batalhas, todas são, em sua maioria, bem numerosas e contam com grandes quantidades de inimigos. A parte mais marcante fica a cargo das lutas contra chefes, que são realmente desafiadoras. Entre um confronto e outro, também podemos explorar um pouco o cenário para adquirir itens de cura e afins, em vez de sermos obrigados a constantemente “cair no soco”.
Já em termos de exploração e level design, Kamurocho continua bem familiar para os fãs da série. A paisagem é muito daquilo que já conhecemos, porém claramente sob efeito da evolução natural de construções e tecnologia. Fora a cidade predominante da franquia, também podemos viajar para Onomichi, uma cidade mais interiorana onde Kiryu conhece importantes figuras que irão lhe ajudar em sua missão.
As divertidíssimas atividades paralelas
Entre as diversas atividades secundárias e pontos de interesse, em ambas as cidades, estão o famoso e adorado karaokê, jogos como Mahjong e dardos, clássicos da SEGA como Puyo-Puyo e Outrun, restaurantes, lanchonetes, academias de musculação, lojas de conveniência, lojas de presente, pesca e tudo aquilo que você esperaria ver em um Yakuza. Uma vez finalizada a história principal, é possível explorar as duas regiões de forma descompromissada e aproveitar todo o conteúdo paralelo.
Falando em tecnologia e evolução, agora Kiryu carrega por aí um smartphone consigo – com um logo bem grande da Sony, aliás. Seu “esperto fone” funciona basicamente como seu faz-tudo, e digo isso com alegria. Nele é possível salvar, pegar missões secundárias do app Troublr (uma espécie de grupo de vigilantes), realizar upgrades, fazer compras, checar conquistas internas do jogo, salvar o progresso, gerenciar itens e até tirar uma selfie bacana com a câmera frontal. Por fim, há um menu dedicado à criação de clãs em um Tower Defense reverso que é desbloqueado mais à frente, com direito a recrutamento de personagens diversos para incluir na hierarquia da equipe.
Alguém segura esses defeitos
Logo nos primeiros capítulos, Kiryu descobre que Haruka teve um bebê, dirigiu, bateu um carro, e agora está em coma. Com essa notícia repentina, Kiryu fica extremamente preocupado, ainda mais pelo fato de não fazer ideia de quem seja o pai. Por isso, ele sai em busca de pistas sobre quem é essa misteriosa figura.
De forma contextual, o jogador se verá carregando o pequeno Haruto em alguns momentos do jogo. O problema maior é o minigame em que isso implica, já que o bebê constantemente começa a chorar no meio da rua e você precisa acalmá-lo. É aí então que surge um rápido e irritante jogo de agradar o pequeno realizando movimentos com o analógico direito, ou então utilizando o A em conjunto com uma direção no analógico esquerdo e até mesmo o direcional para cima. Cada uma destas combinações ou comandos resultam em um tipo de carinho, como balançar o bebê, levantar para cima, entre outros.
Já o outro ponto fraco fica por conta dos gráficos e, principalmente, das animações. Apesar da Dragon Engine encher os olhos com vários detalhes visuais muito bem feitos desde os Yakuza Kiwami, os modelos 3D e rostos em geral não são tão bonitos assim. Sim, o jogo é originalmente de 2018, mas já haviam gráficos bem mais primorosos naquela época, mesmo em games de mundo aberto.
As animações fora das cutscenes são decepcionantes como sempre foram na franquia, e os personagens normalmente se mexem como robôs, muitas vezes apresentando bem menos beleza do que o próprio Yakuza Zero – lançado em 2015 para PS3 e PS4.
A parte boa, obrigado
Yakuza 6, sendo o último jogo de uma saga, traz várias melhorias extremamente bem-vindas, ao meu ver. A primeira é como o mundo parece bem mais conectado do que nunca, pois ao entrar em lojas e estabelecimentos não precisamos mais enfrentar telas de loading. Com isso, tudo flui maravilhosamente bem, e fico muito agradecido de não precisar mais passar raiva só de pensar no processo de ver um carregamento cada vez que entrar em um estabelecimento.
Outro fator parecido é o sair e entrar de lutas com gangues no meio da rua. Em jogos anteriores, uma animação repetitiva surgia ao iniciar cada confronto, além de que no término dele também ocorria um cálculo de pontos de experiência e tudo que foi recebido através disso.
Agora não: tudo é feito rapidamente, enquanto o jogador está, de fato, jogando e realizando seus movimentos. Isso dá um novo ar de forma geral, tirando aquela sensação de travamento, ausentando o sentimento de um game design perdido no início dos anos 2000, em que tudo precisava ser feito para mascarar um carregamento entre um ponto e outro.
As histórias secundárias também continuam bem divertidas e interessantes. Por isso, pode esperar mais de 100 horas de conteúdo se quiser terminar 100%. Felizmente, a história principal não demanda tanto tempo, sendo possível terminá-la em menos de 20 horas. Mesmo assim, como sempre aconteceu em jogos Yakuza, pode pegar a pipoca para ver cada custcene – uma mais longa do que a outra.
O final de uma história
Yakuza 6 é um feliz término da história de um dos melhores personagens do mundo dos games: Kazuma Kiryu. O sexto jogo da série é tão bom quanto todos os outros sempre provaram ser, exceto pelo fato de haver menos estilos de lutas disponíveis, o que limita bastante as coisas em um dos pontos-chaves da mecânica existente aqui.
Como de costume, também é necessário ter paciência para investir tempo assistindo as cenas e seus diálogos, já que facilmente é possível ficar sentado 20 minutos apenas vendo uma única cutscene. Porém, se você for do tipo que não gosta de enredos e construção de mundos ou de personagens, ainda é possível aproveitar Yakuza 6 por aquilo que ele tem a oferecer com muita qualidade: Beat ‘em Up e muitas atividades secundárias. E, falando nelas, se tem algo que Yakuza sempre demonstrou com bastante clareza é sua capacidade em criar conteúdos divertidos para gastar horas na frente da TV apenas se divertindo nos arcades da SEGA ou em atividades paralelas como um jogo de dardos e karaokê – todos recompensando sempre com experiência para distribuir nos atributos.
Cópia de Xbox One cedida pelos produtores