Neste mês de fevereiro, iremos receber a remasterização da primeira trilogia da série Tomb Raider, estrelada por uma das – se não a mais – famosa personagem feminina do mundo dos games: Lara Croft. Mas, caso você não se lembre, a série já ganhou um remake em 2007, lançado para diversas plataformas.
Desenvolvimento: Crystal Dynamics, Buzz Monkey Software, Nixxes Software (PC), Robosoft Technologies
Distribuição: Eidos Interactive, Feral Interactive
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 16 anos
Português: Não
Plataformas: PS2, Wii, PSP, Xbox 360, PS3, PC
Duração: 12.5 horas (campanha)/20.5 horas (100%)
Maior, melhor
Anniversary reconta os eventos do primeiro game, lançado para Playstation 1 e Windows em 1996. Na maior parte de sua campanha, o jogo adiciona falas, cenários e inimigos em comparação ao original, expandindo e melhorando a experiência do clássico dos anos 90.
O aniversário de Lara respeita bastante o material original, com as coisas em seus devidos lugares em questão de enredo. Na história, Lara aceita um trabalho de uma cliente chamada Jacqueline Natla, a qual é diretora geral da Natla Technologies, para achar um misterioso artefato escondido numa tumba peruana. Chegando ao local, ela e seu guia são atacados por lobos. Lara consegue derrotá-los, mas o guia não resiste aos ferimentos e morre. Agora sozinha, Lara precisa entrar na montanha para achar o artefato e conseguir sua recompensa.
Diferente e igual ao mesmo tempo
Por se tratar de um jogo que veio uma década após o original, sua produtora, a Crystal Dynamics, fez um trabalho competente. Isso é perceptível logo no início da campanha, em que uma parte que era apenas uma animação em CGI é jogável, se repetindo em outras partes de Anniversary.
Tomb Raider sempre foi um jogo de ação e aventura 3D, no qual a personagem pulava entre plataformas para resolver puzzles e usava suas armas duplas contra animais selvagens e outros humanos. Mas nessa reimaginação, muito foi aprimorada, como a inércia, que deixa a Lara mais pesada, com pulos mais realistas. Também é possível realizar novos saltos e acrobacias, mas nada muito exagerado.
Uma ótima evolução gráfica
Como estamos falando de um jogo com mais de 15 anos de idade, Anniversary pode parecer datado em um primeiro olhar. Porém, o título precisa ser enxergado com a mentalidade de quem viveu a época de glória da sexta geração de videogames – mais especificamente, a segunda metade dos anos 2000.
Aproveitando o mesmo motor gráfico do seu antecessor Legend, foi nesse remake que vislumbramos efeitos de cair o queixo, com a Lara de fato ficando molhada e suja. Se você estiver com a nossa protagonista toda suja e cair na água, ela volta molhada e limpa, ao invés de apenas algumas gotas de água caírem, como era na época do PlayStation 1. Para reforçar ainda mais esses efeitos em Lara, temos as cenas em tempo real, nas quais ela aparece conforme seu estado na gameplay: se ela estiver molhada, aparecerá molhada em cena, também valendo para quando ela estiver suja.
Melhorias além dos visuais
Também é importante frisar o quanto a Lara está com mais curvas, já que tudo fica mais belo, agora que há mais polígonos na tela. As densas partículas de ar em diferentes cenários enriquecem a experiência, já que o game original não conseguia nem renderizar um cenário muito amplo que só se formava conforme avançávamos nele – e enquanto isso, víamos uma parede preta.
Obviamente que as evoluções não pararam na parte visual, pois a jogabilidade foi melhorada. Agora, a Lara se segura automaticamente nas pontas das plataformas se por acaso cair – e isso era comum de acontecer quando cometíamos erros nos cálculos, nos fazendo morrer facilmente no jogo original. Outra adição é no combate, que agora temos o efeito câmera lenta, que lhe permite fazer um disparo mortal contra seu inimigo se atirar no momento certo.
Contudo, o que mais ajuda os jogadores nessa versão são os checkpoints espalhados pelos cenários, que permitem que você não se preocupe em salvar manualmente sempre que achar necessário. Entretanto, atenção: ainda é necessário salvar antes de desligar o console ou o PC, pois os dados não são gravados automaticamente. E aqui, encontramos uma Lara mais humana, com expressões assustadas ou tristes, diferentemente da Lara inabalável da era dos 32 bits.
Subestimado
É difícil achar uma explicação para um jogo tão bem produzido, lançado para tantas plataformas e mesmo assim em seu ano fiscal de lançamento vender “apenas” um pouco mais de um milhão de cópias – que, para o calibre da saga, são números fraquíssimos, se juntando aos jogos menos vendidos da franquia, como Chronicles e The Angel of Darkness.
Anniversary trouxe inovação juntamente com nostalgia, contudo, parece que os anos 2000 não estavam querendo isso, já que ele não foi o único remake lançado nessa década que fracassou em vendas. Talvez o jogo teria causado mais impacto se seu lançamento demorasse um pouco mais, pegando a sétima geração e utilizando o motor gráfico do seu sucessor Underworld, mas isso é algo que nunca saberemos.
Único dentro da sua proposta
Talvez você sinta falta de uma reimaginação dos cenários extras do primeiro game, que não estão presentes aqui, mas Anniversary não deixa de ser um game digno por tudo o que ele proporciona e até te ajuda em bugs, que fazem alguns inimigos ficarem presos em partes do cenário.
Independentemente de você jogar em um antigo PlayStation 2, PSP, Xbox 360 ou até mesmo no PC, posso garantir que a experiência sempre será ótima, já que esse game não teve nenhum port ruim. Todas as versões entregam um bom game, com muita exploração, puzzles e combates divertidos com a caçadora de tumbas mais famosa do mundo dos games.
Cópia de PC adquirida pelo autor
Revisão: Julio Pinheiro