Quantum Break é um jogo produzido pela Remedy Entertainment, a mesma desenvolvedora do aclamado Alan Wake e do mais recente Control. Na época de seu lançamento, em 2016, gerou bastante curiosidade e entusiasmo entre os jogadores do Xbox One e foi muito bem recebido pelo público e pela crítica.
Com uma proposta um pouco diferente do que estamos acostumados, Quantum Break nos traz o jogo e também uma “minissérie” contando um pouco mais de sua história, só que feito em Live Action – filmagens com atores reais.
A minissérie serve para expandir um pouco mais seu universo nos contando o que está acontecendo em paralelo com outros personagens da história. São episódios bem curtos, mas bem interessantes que te ajudam a entender melhor a motivação por trás de cada envolvido nos acontecimentos de Quantum Break.
Desenvolvedora: Remedy Entertainment
Distribuição: Microsoft Studios
Jogadores: 1
Gênero: Ação, Aventura, Tiro
Classificação indicativa: 16 anos
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataforma: Xbox One e PC
Duração: 10 horas (campanha)/ 18.5 horas (100%)
Rostos famosos
O elenco conta também com atores conhecidos, os quais são os mesmos para o jogo e a minissérie em live action. Nomes como Shaw Ashmore, intérprete do Homem de Gelo na primeira trilogia dos filmes dos X-Men, e também mais recentemente do Conrad no game The Dark Pictores: Man of Medan. Dominic Monaghan conhecido por seu papel como Meriadoc Brandybuck nos filmes do Senhor dos Anéis e Charlie Pace em Lost. Aidan Gillen, que ficou muito conhecido por ser o Petyr (Littlefinger) Baelish em Game of Thrones, e também Janson em Maze Runner. E Lance Reddick que atuou na série Fringie como Phillip Broyles e também nos filmes de John Wick como Charon, fazem parte do elenco principal de Quantum Break.
O maior assassino é o tempo
O jogo apresenta uma trama sobre viagem no tempo, o que já é uma grande sacada, pois o tema em si já atrai bastante a atenção, e também. nos coloca na pele de Jack Joyce e Paul Serene antigos amigos que se vêem em lados opostos de uma luta literalmente contra o tempo.
Jack Joyce volta à sua cidade natal a pedido do amigo Paul Serene, que queria lhe mostrar um grande projeto em que estava envolvido. O irmão de Jack, William, também estava envolvido neste projeto, mas era fortemente contra sua ativação “precocemente”.
William Joyce que se tornou um conceituado cientista na área da física quântica e estuda justamente os efeitos do tempo e como manipulá-lo, a famosa viagem no tempo.
Quando Jack e Paul se envolvem em um teste falho da máquina do tempo a história começa a ganhar forma. Jack e Paul ganham poderes de manipulação temporal onde cada um passar a ter um objetivo diferente a partir de então.
Uma ruptura do tempo é criada no dia em que a falha acontece e todo o mundo é posto em perigo devido ao acidente. Passamos a ter duas visões da história: a de Jack, o “herói”, e Paul, o “vilão”, mas com um foco bem maior na perspectiva de Jack.
Vamos acompanhando a história de ambos durante 5 atos do jogo, onde no final de cada um temos uma bifurcação. Esta que serve para que tomemos uma decisão que irá impactar a história de uma forma diferente.
Além da bifurcação temos também um episódio da minissérie, contando um pouco mais dos acontecimentos do game. A sua escolha no final do ato também interfere no que acontecerá nesta mesma minissérie.
Porém isso não muda tão drasticamente, quanto gostaríamos, o rumo da história, sendo mudanças mais sutis. Mesmo assim Quantum Break conta com um enredo muito envolvente e interessante que nos pega de jeito. Quanto mais jogamos, mais queremos jogar! Almejamos saber e entender tudo que cerca Jack e Paul, o que nos faz abraçar ambos os personagens.
Ele nos mostra pontos de vistas de leigos a explicação de teorias um pouco mais complexas sobre viagem no tempo envolvendo, no caso, a máquina do tempo como meio para isso.
Para os entusiastas do tema, como eu, sabem que existem vários meios de viagens no tempo e suas teorias respectivas. Mas a Remedy tomou o cuidado de consultar cientistas da área para teorizar melhor a idéia da máquina do tempo e a explicação que usam no jogo de como ela funciona e para a criação da ruptura, assim como seus efeitos .
O tempo não para
Quantum Break segue a receita do enorme sucesso que ganhou muito espaço na geração passada, uma ótima mistura de ação-aventura, shooter em terceira pessoa, puzzle e plataforma.
O jogo tem um bom ritmo de ação e exploração, que começa um pouco mais lento e vai aumentando conforme avançamos no jogo, nos apresentando algumas variações de inimigos e armas.
Infelizmente as armas não contam com grandes mudanças de umas para as outras, alterando pouco a forma como jogamos com elas. Não é como se tivéssemos 5 ou 6 tipos diferentes de metralhadoras e cada uma com suas características únicas, como vemos em alguns outros jogos. Podemos muito bem ficar com uma arma em toda a jornada e nem sentiremos a falta ou a diferença se tivéssemos jogado com outras variações desta mesma arma.
Quantum Break é linear, mas possui cenários exploráveis e de tamanhos variados. A exploração fica mais a cargo de encontrarmos os colecionáveis do game, pois precisamos fuçar cada canto do jogo para encontrá-los e, diga-se de passagem, são muitos!
Possuímos poderes bem interessantes para usarmos contra nossos inimigos e resolver os puzzles encontrados durante o caminho.
Por exemplo, é possível de se usar um escudo temporal que protege dos tiros dos inimigos se estivermos expostos. Existe uma espécie de dash (corrida), que pode nos afastar ou aproximar dos inimigos deixando uma pequena área a nosso redor em slow motion (câmera lenta). No jogo esse poder conta como esquiva, mas confesso que achei ele ótimo para matar os inimigos também.
Conseguimos criar uma espécie de vácuo onde os inimigos ficam congelados por alguns instantes ou, se carregada a habilidade, os explodimos para longe. Fora o fato de conseguirmos congelar o tempo e finalizar os inimigos com um golpe corpo a corpo com direito à câmera lenta e tudo!
O que é uma coisa bem legal, já que o uso do slow motion no jogo ficou muito bem empregado, pois tem tudo a ver com as mudanças temporais que estão acontecendo devido à ruptura, e terem aproveitado isso para a luta contra os inimigos foi sensacional.
Quantum Break conta com sistema de cover (cobertura) automático ao estarmos em um ambiente de batalha e nos aproximarmos de objetos que podem ser usados para proteção. Às vezes isso nem sempre funciona bem, sendo que o personagem não entende que ele deveria estar escondido e permanece exposto. Assim também como ao sair do cover para mirarmos nos inimigos ficamos completamente expostos, um sistema de meio cover não existe, infelizmente. Isso nos força a ficar bem atentos aos inimigos e métodos para fugir ou avançar em um ambiente de batalha.
Por último, possuímos um tipo de “sensor aranha”, usado mais para encontrar brechas no tempo, que nos permite realizar puzzles, encontrar inimigos e os colecionáveis do game. Os puzzles são bem simples em suma maioria e intuitivos, sendo bem improvável ficarmos presos em um lugar por não saber o que fazer. Podemos adiantar ou retroceder o tempo a nosso favor a fim de chegarmos a algum lugar aparentemente inacessível, ou construir e desconstruir distorções temporais que afetam o ambiente de alguma forma, nos impedindo de prosseguir.
Aproveitando para falar dos files (arquivos/documentos), sabemos que hoje em dia são parte consideravelmente importante dependendo do jogo, pois eles nos dão dicas de como resolver puzzles, nos fornecem senhas importantes e complementam a história. Quantum Break está recheado de files a serem descobertos que nos contam bem mais sobre o que está acontecendo e de várias perspectivas diferentes, envolvendo vários personagens, sendo os principais ou não. O único, porém é que os files são cansativos e extensos, e nem sempre agregam algo realmente “útil” à história. Às vezes são conversas aleatórias sem grande importância pro enredo. Em compensação temos algumas boas explicações sobre as teorias, pesquisa e funcionamento sobre a máquina do tempo, mas que demandam um bom tempo de leitura, oras muito cansativo nos fazendo desistir na metade…
A jogabilidade é bem fluida e funciona bem em 90% do tempo, não nos fazendo ter muitas dores de cabeça. Uma coisa bem legal que pode ser vista na movimentação do personagem é que ele, comumente, não consegue realizar grandes saltos ou peripécias extraordinárias sem o uso de seus poderes para auxiliá-lo. Por fim, é bem improvável que você se frustrará com a jogabilidade deste game.
Você consegue ver o tempo?
Com certeza o que mais chama a atenção nos gráficos é a parte da iluminação. Passamos por cenários onde a iluminação deixa tudo mais bonito, mais vivo, mais convincente. Estão de parabéns nesse quesito!
Na verdade, a parte gráfica como um todo está mesmo bem bonita, o cuidado e realismo feito na captura de movimentos e a expressão facial dos personagens mesmo quando não é uma cutscene, está fantástico.
Os cenários também são bem construídos e possuem bons detalhes. A única coisa que me incomoda são as folhas e plantas. Elas parecem mais folhas verdes de papel coladas umas nas outras. Infelizmente faltou um pouco de realismo nelas, mas nada que atrapalhe a nos maravilharmos com os cenários durante nossa jogatina.
Destaque especial para as partes onde encontramos as rupturas no tempo, pois o efeito que ela causa no ambiente é muito interessante, com os objetos indo e vindo, partículas de construções destruídas flutuando ou congeladas no meio do cenário. Eles capricharam bem nesta parte, realmente te passa a sensação de que o tempo está “quebrado”.
E até mesmo a minissérie merece ser mencionada pela sua qualidade de produção. São episódios curtos com cerca de 20 minutos de duração, mas que tiveram um bom trabalho e cuidado. Não são cenas mal feitas ou de qualidade duvidosa, mesmo as cenas de luta ou fuga ficaram bem legais de se ver.
Tempo perdido
A trilha sonora neste game é bem mais “suave” do que o esperado. Na verdade, ela chega a passar até meio despercebida em alguns momentos, sem aquela música icônica que nos pega de jeito em determinadas partes. Ela não é necessariamente ruim, longe disso, mas nos causa pouco impacto. E os entusiastas de música sabem bem como uma trilha sonora pode nos ajudar a imergir mais no game e nos deixar mais tensos, tristes ou animados com as situações. Diferente da minissérie que abusa das trilhas e que são muito boas por sinal.
Por outro lado, os efeitos sonoros cumprem bem seu papel, sem efeitos exagerados ou a falta dele. O fato de termos várias partes com o tempo congelado ou em câmera super lenta, torna os efeitos sonoros muito importantes e bem empregados, nos passando uma sensação de realismo daquele momento.
O tempo é implacável
Quantum Break tem uma ótima localização também, contando inclusive com uma bela dublagem. Temos nomes bem conhecidos como Marcelo Campos, Silvio Giraldi, Wellington Lima, César Marchetti e outros.
Um trabalho muito bom e bem feito. As legendas e traduções também estão boas, bem colocadas e sem exageros em gírias e coisas do tipo, como palavras abreviadas – os famosos “tá”, “tô”e afins. Que se não fazem realmente parte do contexto da história do game e da personalidade dos personagens se tornam bem incômodas.
Felizmente, para a nossa alegria, a Microsoft costuma mesmo fazer um bom trabalho em localização, tanto em textos quanto na dublagem.
Esta review foi feita com uma cópia de Xbox One adquirida pela autora
Revisão: Jason Ming