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Review Control (PC) – O triunfo da Remedy

A Remedy arriscou num jogo mais voltado pra ação sem perder a pitada sobrenatural e suspense, já que em desenvolvimento foi cedido liberdade total para explorar a criatividade dos desenvolvedores. Foi aí que tivemos Control, um título de tiro e ação em 3ª pessoa de uma história com vários elementos sobrenaturais que remetem à essência do próprio Alan Wake.

Desenvolvimento: Remedy Entertainment
Edição: 505 Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Tiro, Suspense
Classificação indicativa:
 16 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS4 e Xbox One
Duração: 11 horas (campanha) / 24 horas (100%)

Falando no próprio Alan Wake, posso dizer que é um dos meus títulos favoritos de todos os tempos. Sou um fã confesso de jogos dessa linha, principalmente quando há ação envolvida e possibilidade de se defender.

Por isso não sou tão chegado em Outlast ou Amnésia, os quais não te permitem atacar as ameaças e o jogo se resume praticamente em fugir e esconder. Bom, Control parece que pega tudo aquilo que mais gosto e coloca num mesmo pacote, e o resultado é simplesmente fantástico.

Bem-vinda, Jesse Faden

Em Control você é, involuntariamente, a mais nova diretora da Federal Bureau of Control (FBC), Jesse Faden, que está em busca de respostas para mistérios de sua infância, principalmente o sumiço do irmão que foi levado pela própria FBC no passado. A protagonista, ao chegar na empresa, percebe que algo estranho está ocorrendo e se depara com algo chamado “Ruído”, que aparentemente causou uma espécie de possessão nos funcionários, fazendo com que muitos entrassem em estado de transe.

O jogo realmente começa quando Jesse encontra uma estranha arma em cima da mesa do falecido diretor da instituição. Porém, o armamento não é nada comum e parecer ter vida própria, além de que depois disso Faden começa a ouvir uma voz em sua mente. Ao longo do jogo esta voz vai apresentando habilidades que farão parte do escopo central de poderes de Jesse, todos envolvendo telecinésia.

Uma direção de arte incrível

Se você achava Quantum Break bonito, precisa ver Control. O jogo é maravilhosamente lindo, e você se impressiona a cada cena e efeito visual que aparece na tela. Como tive acesso à versão de PC, consegui extrair bastante daquilo que seus gráficos tem a oferecer – e o jogo é exigente, viu. Muitos modelos também possuem rostos mapeados de atores reais, então você consegue imaginar o nível de detalhamento que cada personagem tem.

As atuações também são espetaculares, você acredita em todas as falas e confia que são pessoas reais dialogando. Como é sabido pela maioria, dublar jogos não exige apenas uma boa fala, mas também uma capacidade de entrar no personagem e viver aquele momento. Infelizmente Control não disponibiliza dublagem em português do Brasil e isso é um pouco triste, porém mesmo assim é gostoso de se ouvir o trabalho feito em inglês.

Os cenários também são bem interativos, então é comum você jogar algo numa parede e ela simplesmente rachar, ou então atirar em uma estante com papéis e um monte de papéis saírem voando, como também se você atingir um local cheio de gavetas todas irão se abrir. Realmente houve um cuidado em tratar dos mínimos detalhes, o que particularmente aprecio muito.

Terror sobrenatural

Existem várias formas de se fazer um jogo de terror, utilizando, por exemplo, uma abordagem mais psicológica, uma mais terror trash (como os jogos Dead By Daylight e 13th the Friday), outra lotada de jumpscare, como a mencionada franquia Outlast, e finalmente aquele terror voltado para o sobrenatural como os jogos Call of Cthulhu e Sinking City, ambos recentes, que são baseados no universo de HP Lovecraft – e também o próprio Alan Wake.

Particularmente gosto muito mais dessa última abordagem por geralmente priorizar as mecânicas de solução de puzzles e mistérios, diversas vezes sendo acompanhado de ação e combate contra ameaças visíveis. Sempre fujo de jumpscare por ser o tipo de terror mais baixo e estúpido de todos, na minha opinião. Control tem bastante daquilo que procuro, já que faz com que o jogador receba pedaços de história pouco a pouco, estimulando e muito a curiosidade, além de te colocar em combates de vez em quando.

Tudo por aqui é feito através de missões demarcadas no mapa, e você consegue rastrear onde está localizado seu próximo objetivo. Apesar desta simples explicação, o caminho pode ser longo e um pouco complicado até lá – até mesmo tecnicamente falando. Porém, a bota notícia é que, quando você “purifica” um local eliminando todo o Ruído de lá, o jogo libera o deslocamento/viagem rápida, o que ajuda de uma forma que você nem imagina – explico mais pra frente sobre o uso do mapa.

Apesar de ter bastante ação em Control, o gameplay não tira nada do aspecto sobrenatural que ele busca transmitir em todo o tempo. É muito prazeroso atirar em inimigos e sentir o impacto da bala ou de seus golpes de telecinésia os atingirem todas as vezes, mas resolver quebra-cabeças aqui e ali também é tão divertido quanto.

Confesso que não joguei tanto Quantum Break, também da Remedy, mas dizem que ele demonstrou boas formas de se fazer ação e apresentava elementos interessantes de combate. Bom, só consigo dizer que, pela minha experiência com o sr. Wake, Control é uma clara evolução de sua exploração e principalmente das lutas contra seres sobrenaturais, o qual já era acima da média se tratando de competência – te garanto.

Os upgrades

Em vários locais nos cenários coletamos materiais para trabalhar em upgrades e mods. O jogo oferece uma árvore de habilidades que aprimora atributos, como dano de curto alcance, mais saúde, dano por arremesso, entre outros notáveis durante a jogabilidade. Por outro lado, existe também uma forma de aprimorar sua arma de fogo com as ditas modificações, as quais não são autoexplicativas ou claras o suficiente para que você entenda o efeito dela em seu equipamento.

São descrições como “construir mod de arma oculta” que me deixa na dúvida se eu deveria ou não fazer este aprimoramento, e se isso me ajudaria de alguma forma em qualquer momento do jogo. A única forma de descobrir o efeito real é depois de “comprar” este mod, aí sim o jogo apresenta o que foi adquirido. Ao menos alguns resultados são interessantes e satisfatórios o suficiente, como transformar seu revolver numa mini escopeta de mão.

Irritações sem tirar o brilho

Um dos pontos cruciais em Control é o mapa, e ironicamente ele é bastante confuso e mal estruturado, você nunca sabe o que faz parte do andar de cima, de baixo ou qualquer coisa do gênero. Fora que ele não fica aberto em miniatura num canto e não é redimensionável, mas apenas permanece em overlay cobrindo toda a tela de forma levemente transparente.

É muito comum sair correndo em direção à uma missão e acabar perdido nos corredores do andar errado. A FBC como um todo é um lugar gigante, e um mapa melhor apresentado com certeza seria de grande ajuda.

Também não é possível salvar a qualquer momento, então você será enviado ao último checkpoint caso resolva interromper o jogo. Seria fácil demais poder fazer isso, não é? Mas não me importo, me dê opções!

Como falei, os mods precisavam de textos melhores. Pode ser uma escolha de design para tornar cada compra uma “surpresa”, mas foi algo que não me agradou e senti que podia ter sido melhor pensado por eu ter que gastar meus materiais coletados com isso sem saber o resultado.

O melhor dos mundos

Control é um jogo de qualidade altíssima, uma mescla do melhor de Alan Wake e o combate apresentado em Quantum Break, apesar de poucos deslizes que quebram um pouco o ritmo e nos deixam confusos.

Gostaria muito que existissem mais títulos impecáveis assim com essa abordagem sobrenatural, porém com este combate acima da média como a Remedy já se provou mais do que capaz de fazer. O irmão mais novo de Alan Wake é simplesmente um dos melhores jogos do gênero, recomendadíssimo!

Este review foi feito com uma cópia de PC cedida pelos produtores

Control

9.5

Nota final

9.5/10

Prós

  • Ambientação fantástica
  • Ação incrível
  • História misteriosa
  • Habilidades divertidas

Contras

  • Mapa confuso demais
  • Mods "surpresas"
  • Fácil de se perder