Control Xbox One

Review Control Ultimate Edition (Xbox One) – Coisas estranhas, bizarras e um bocado de Sci-fi

Control é o mais recente jogo da Remedy, empresa famosa por ter feito títulos como Alan Wake, Max Payne (os dois primeiros) e Quantum Break. A empresa adora mexer com coisas sobrenaturais e poderes bem malucos, com um fundinho baseado em ciência.

A versão Ultimate Edition traz dois DLCs (A Fundação e EMA) para serem explorados além do jogo principal- expandindo ainda mais o universo de Control. Para quem adquiriu/adquirir a versão Ultimate do jogo, também contará com um upgrade dele para a próxima geração.

Desenvolvimento: Remedy Entertainment 

Distribuição: 505 Games

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação, Tiro, Suspense

Classificação: 16 anos

Português: Interface e legendas

Plataforma: Xbox One, PC e PS4.

Duração: 13.5 horas (campanha)/ 39.5 horas (100%)

Ruídos para todos os lados!

Em Control tomamos o controle de Jesse Faden, que encontra uma instituição secreta do governo – O Departamento Federal de Controle, ou sua sigla em inglês FBC, Federal Bureau Control – a fim de obter respostas sobre seu irmão desaparecido há 17 anos. Essa instituição secreta do governo estuda casos nada convencionais sobre alguns eventos estranhos que acontecem pelo país. Casos que a ciência ainda não pode explicar.

O problema é que as coisas não saem exatamente como Jesse havia previsto, como quando, sem mais nem menos, ela encontra o antigo diretor da FBC morto e, misteriosamente, ao pegar a arma dele, acaba se tornando a nova diretora de forma involuntária. Descobrimos que a agência FBC foi atacada por algo que eles pesquisavam, os “Ruídos”, que infectam e possuem as pessoas, tornando-as inimigas.

As primeiras horas de jogo são uma confusão sem fim, sem você saber ou entender o que está acontecendo, leva um tempo até você conseguir o mínimo de respostas das centenas de perguntas que você se faz. O jogo é completamente louco e bizarro, você fica perdidinho em tudo no começo. Não dá pra dizer que no quesito criatividade o pessoal da Remedy pecou, sendo que, na verdade, até exagerou! Tudo vai sendo explicado bem aos poucos, conforme você vai encontrando e ajudando os poucos membros sobreviventes da FBC.

Jesse no Plano Astral

O que mais me incomoda em tudo isso é como todo mundo aceita numa boa a nova diretora, compartilha informações importantíssimas com ela, e contam tudo que ela quer saber desde que ela resolva o problema.  Ok, o jogo até explica o porquê dela ter sido a escolhida para o cargo e tudo mais conforme vamos avançando, mas, de início, ao meu ver pareceu extremamente forçada algumas interações que acontecem entre Jesse e os outros personagens.

O mais interessante do jogo não é nem descobrir o que Jesse está buscando – respostas sobre seu irmão Dylan -, e sim entender o que são os Ruídos e como que deu a bagunça que deu na FBC, o que diabos é realmente o Conselho, e o que aconteceu com Jesse e Dylan quando eles eram crianças. Afinal, ela ganhou poderes e ainda está ligada à uma entidade.

O tipo de interação e relação que a Jesse tem com esse ser ligado à ela me lembra um pouco a Jodie e o Aiden de Beyond Two Souls. Os DLCs focam em complementar a história sendo disponibilizados apenas quando finalizamos a campanha principal.

A fundação explora os eventos onde o plano astral – que, diga-se de passagem, é o lugar mais viajado do jogo, onde acontece tudo que você não faz ideia do que seja – começa a invadir a FBC, destruindo aos poucos o lugar de dentro pra fora. E cabe à incrível diretora Jesse resolver mais esse problema!

A expansão é um bom complemento da história, explicando um pouco mais sobre o bizarro plano astral. Já o DLC EMA (AWE) é uma expansão muito interessante, principalmente para os fãs de Alan Wake. Apesar de ser um DLC de Control ela é voltada totalmente ao jogo Alan Wake, até mesmo a imagem de capa dela já se remete muito a antiga obra da Remedy.

AWE tenta ligar os pontos entre os dois jogos de alguma forma, de uma maneira bem interessante, na verdade. No enredo, Alan consegue pedir ajuda à Jesse e ela começa a investigar uma das áreas da FBC para descobrir mais sobre o pedido de ajuda que recebeu.

A Remedy conseguiu inserir os elementos de Alan Wake de uma forma muito boa neste universo de Control, de uma forma que faz sentido! E não vou mentir, como fã de Alan Wake fiquei extremamente feliz com esse DLC, me deixando com a pulga atrás da orelha e especulando um pouco sobre o que poderia estar por vir em relação à empresa.

Na verdade, Control tem inúmeras referências a Alan Wake de uma forma ou de outra, principalmente em alguns colecionáveis, como alguns files que mencionam os acontecimentos de Bright Falls, os rádios, TVs e até um easter egg. Mas confesso que jamais imaginaria algo assim, como aconteceu com esse DLC. Mesmo sendo Control, a nostalgia de Alan Wake bate forte ao jogar a expansão e nos anima demais como fãs para futuras possibilidades, estou numa expectativa enorme!

Poderes incríveis e uma gameplay gostosinha

Jesse possui poderes quase que todos baseados em telecinese, e que são bem fáceis e práticos de usar. Todos eles funcionam muito bem e não te deixam na mão, desde que tenha energia suficiente para usá-los – claro.

Com certeza a melhor parte do jogo é sua gameplay Ela é tão gostosinha que você fica preso ao game mais por isso do que pelo resto em si. Praticamente tudo funciona muito bem. A movimentação do personagem é bem fluída e de fácil controle, a troca das armas é rápida e prática também, assim como o uso dos poderes.

A única coisa que peca na jogabilidade é o fato de não ter cover, o que é bem prejudicial em lugares com muitos inimigos. Na verdade acho que a Remedy tem um problema com o recurso, porque isso nunca está presente em seus jogos. Existe um movimento de se agachar, mas é completamente inútil uma vez que você tem que atirar contra os inimigos e a personagem se levanta novamente, ficando completamente exposta. 

Além das missões principais, encontramos várias sidequests para serem feitas pelo imenso mapa da FBC. Control é praticamente um jogo de mundo aberto dentro de uma instituição federal gigantesca! E, olha, ficou muito bom! Você tem liberdade de ir pra onde quiser no mapa, digo, ao conseguir as autorizações necessárias que algumas áreas exigem, mas em geral você é livre para ir onde conseguir. Aliás, a exploração é um dos pontos fortes do jogo, principalmente para encontrar todos os colecionáveis que, diga-se de passagem, são muitos! Eles são necessários para desbloquear algumas das missões secundárias também, que só se ativam ao coletar alguns dos files espalhados pelo imenso cenário.

Um recurso muito interessante para coletar estes files e colecionáveis do jogo é que, ao se aproximar de algum deles, é mostrado um indicador onde ele está exatamente e, o melhor de tudo, é que você nem precisa estar tão perto assim. Entrou na sala, olhou pros lados, o jogo já te indica a localização do item. Isso ajuda muito na coleta deles e facilita também. Acredito que isso se dá pelo fato de que os objetos pelos cenários em que podemos usar nossos poderes ganham uma silhueta diferenciada e podem acabar nos confundindo com os colecionáveis espalhados também.

A arma de serviço de Jesse possui vida própria, e literalmente. Ela muda de forma, conseguindo assumir várias estruturas diferentes com poderes de fogo distintos. O melhor jeito de garantir um bom poder de fogo na arma de serviço são os mods de armas. Eles aumentam atributos nas formas que a arma ganha, tendo até mods exclusivos de cada forma que melhoram qualidades específicas.

Menu mods de armas e pessoais.

Fora estes mods, temos os mods pessoais também, que melhoram os atributos de Jesse. Os mods são essenciais para a gameplay, pois nos ajudam muito durante o jogo, e são basicamente nossos upgrades.

Fora os mods para melhorar nossos atributos, ganhamos pontos de habilidade ao concluirmos missões no jogo, com isso melhoramos mais ainda os atributos e ganhamos alguns novos. Upgrades importantíssimos para a melhora dos poderes, que só recebem evolução por meio destes pontos.

Menu de habilidades

Fora de controle 

Até aí então: jogabilidade ótima. Agora vem a parte triste, que são os problemas que o jogo apresenta. O primeiro ponto é o loading (carregamento) que é demasiadamente longo, dá tempo de conferir todas as redes sociais antes dele terminar. O ponto positivo é que estes carregamentos só acontecem quando usamos os pontos de viagem rápida ou quando morremos, do contrário nada de telas demoradas para esperar. 

Mas com certeza a pior parte é que toda vez que abrimos o inventário e, principalmente, quando damos pause no jogo, ele dá uma “engasgada” antes de continuar.  Se isso acontecer durante uma parte de combate, pode resultar em alguns danos ou, ainda, na pior das hipóteses, em morte. Confesso que não sei se isso só acontece com quem joga em um console mais básico, ou se em consoles aprimorados e PC isso também acontece. Eu joguei em um Xbox One Fat e não tive sorte com isso, infelizmente. 

Outra infelicidade que me aconteceu foram alguns bugs, mas nada em um nível elevado, porém, todos resultaram na minha morte ou em ter que resetar o jogo no último checkpoint. A parte das colisões é algo que não faz tanto sentido, mas funcionam bem. Não existe  colisão com paredes, vidros e alguns objetos, no caso dos tiros. Mas, já os objetos que podem ser destruídos no cenários, estes ganham uma taxa de destruição enorme e dá pra ir arrancado lasca por lasca de uma mesa até não sobrar mais nada!

Já a colisão do personagem com o ambiente é diferente, os objetos parecem ser feitos de papel e, quando você encosta neles, muitos vão ao chão ou são empurrados para os lados. Usando os poderes podemos ver paredes serem destruídas parcialmente, o mesmo acontece ao colidir com ela ou ter uma parte arrancada para ser arremessada contra os inimigos. Ao cair de lugares altos o chão também sofre com as colisões ficando rachado ou com um pequeno buraco e isso é sensacional, mostrando os cuidados que tiveram com os detalhes.

Agora, algo que me incomodou muito foi a iluminação não muito boa que o jogo apresenta. Certas áreas são muito escuras e outras muito claras, ou você não enxerga um palmo na sua frente ou então fica cego com o clarão de luz das salas. Foi difícil entrar num acordo com o brilho para enxergar tudo razoavelmente bem.

Ruídos nos meus ouvidos

A localização de um game é muito importante para atrair um público maior e, quando bem feita, é magnífica de se ver – e ler também! Particularmente gosto muito dessa parte do jogo, tenho uma paixão incondicional por dublagem e por boas localizações. Infelizmente, Control não possui uma dublagem e não necessariamente tem uma localização ruim também, mas tem certas coisas que acabam por incomodar.

Existem muitas falas com palavras abreviadas como “cê, tamo, tou”, entre algumas outras menos frequentes. Esse “tou” é o mais frequente, e eu ainda não sei o que diabos é isso! Pois abreviar o “estou” para “tô” é bem mais normal, mas tou? Quê?!

Até porque os personagens envolvidos não são pessoas “comuns”, são agentes, soldados, cientistas e afins, então deveriam usar uma linguagem mais formal. Um bom exemplo de jogo com uma linguagem informal, desbocada e que deu muito certo foi a de Devil May Cry 5. Os personagens e o ambiente te proporcionam essa linguagem “mundana”, e tudo combina.

Fora isso, ainda não entendi porque um personagem russo, sueco – ou seja lá o que for- , ganhou “sotaque” de “caipira” na localização. Não combinou. Algo que me incomoda em muitos jogos, e não é uma exceção por aqui, é o fato das legendas serem pequenas mesmo quando com o tamanho grande está selecionado. Tá na hora de sair o tamanho extra grande aí, hein!

Outra coisa relacionada às legendas é às vezes aparecem no momento errado, faltando sincronia. Ou então aparecem antes ou depois que os personagens já estão falando. Às vezes as legendas se repetem ou aparecem muito rapidamente, e depois reaparecem de novo. Mudando o foco da localização para os gráficos, o jogo tem ótimos visuais, não só nas cutscenes, que são poucas até, mas também durante todo o gameplay. Objetos, cenários, personagens e tudo mais que vimos é bem bonito!

Tudo sob controle 

Para os fãs da Remedy, Control é um jogo essencial a ser jogado, principalmente para os fãs de Alan Wake, ainda mais se puderem jogar o DLC AWE. Com uma gameplay que te prende e uma história legal, Control merece uma chance. Só por ser da Remedy já é no mínimo interessante.  

Esta review foi feita com uma cópia de Xbox One cedida pelos produtores

Control Ultimate Edition

7.5

Nota Final

7.5/10

Prós

  • Ótima jogabilidade
  • Bons gráficos

Contras

  • Legendas pequenas
  • Loadings demorados
  • Iluminação Ruim
  • Travamentos ao “despausar” o jogo