L.A. Noire e The Wolf Among Us são dois excelentes jogos sobre detetives e suas aventuras investigativas. Ambos se destacam não só pela história e a procura por respostas, mas também por conseguirem posicionar o jogador em atmosferas únicas como a década de 50 e uma cidade repleta de contos de fadas. The Flower Collectors é uma tomada interessante no tema, isso porque o game inteiro se passa em um único local: sua vizinhança.
Desenvolvimento: Mi’pu’mi Games GmbH
Distribuição: Mi’pu’mi Games GmbH
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PC e Switch
Conhecendo o bairro
The Flower Collectors acontece na Espanha dos anos 70, logo após a morte do ditador Francisco Franco. Jogamos com Jorge, um ex-policial bastante conservador que passa a maior parte do tempo bisbilhotando a privacidade dos seus vizinhos pela sacada de sua casa. Certo dia, um assassinato ocorre na porta de sua residência, fazendo com que Jorge use de suas habilidades policiais para investigar o bairro e descobrir quem foi o assassino, e quem era a vítima.
Mas não se trata de uma jornada solitária. Melinda, uma jornalista militante, nos auxilia para resolver esse caso interrogando as pessoas e coletando informações para debater com Jorge. É uma dinâmica muito interessante e bem explorada através das mecânicas e pelo decorrer da história.
Traçando a rota
Por conta da sua deficiência física, Jorge age como uma camêra para Melinda, observando e a direcionando para onde ir, com quem falar, quando se esconder e o que procurar. E, seguindo nossos comandos, a jornalista coleta os dados, questiona o pessoal e nos entrega para debatermos sobre os suspeitos e o ocorrido. Por conta de sua simplicidade, The Flowers Collectors é quase que um point-and-click, mas que balanceia isso com seu foco narrativo.
Certos pontos do jogo requerem que façamos escolhas de diálogo, alguns de menor importância, e outras com consequências enormes. Em dados momentos, por exemplo, eu poderia contar a um detetive sobre os dados que coletei durante a investigação ou guardar para mim mesmo. Cabe ao jogador decidir como a sua investigação ocorrerá.
Para isso, Melinda e Jorge precisam trabalhar juntos e, consequentemente, precisam se entender. A diferença de caráter dos dois, principalmente ao se lembrarem do momento histórico e do papel de ambos, cria uma empatia grande por eles. É como ver seu “tiozão” que recebe notícias pelo WhatsApp discutir com o pessoal mais jovem da família. É algo bem intrigante, mas infelizmente possui seus defeitos técnicos.
Algo não se encaixa aqui…
The Flower Collectors é um game indie lançado para o Switch (versão que joguei) e PC. Eu entendo bem que não devo esperar qualidade técnica no nível de um produto de grande orçamento, mas o mínimo esperado é algo que não pareça estar “bugado” e que tenha alguma fluidez. Graficamente, o jogo tem uma arte realmente muito bonita. As noites chuvosas são bem impressionantes. O design dos personagens chama bastante atenção por serem animais falantes, como em Bojack Horseman.
O problema são as animações. Expressões faciais que não mudam, personagens fazendo ações em looping, a ausência de muitas animações para realizar coisas simples como se virar, abrir uma porta e pegar um objeto. São coisas assim que tiram o foco e a seriedade da narrativa, ainda mais quando é algo constante, o que torna mais difícil de ser ignorado. Isso torna a experiência algo frustrante e até bizarro.
Caso encerrado
É uma pena que The Flower Collectors sofra com problemas técnicos na sua apresentação, mas sua ótima e profunda narrativa, visual charmoso e personagens intrigantes compensam os incômodos no caminho. Vale a pena vivenciar a investigação de Jorge e Melinda.
Cópia do Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong