Review Eldest Souls Capa

Review Eldest Souls (PS4) – Chefe em todos os lugares

Os famigerados “chefões” compõem uma parte essencial em qualquer jogo que estejam presentes, pois eles normalmente ampliam o desafio e a dificuldade da experiência. Porém, não são o único desafio existente, e um ótimo exemplo são os Souls-like, em que permanecer vivo já é um grande desafio. Agora, e se um jogo fosse composto apenas por chefes, sem inimigos normais, mini chefes ou armadilhas dificultando a passagem? 

Inicialmente como um modo adicional liberado ao finalizar um game, o subgênero Boss Rush é uma ótima maneira de se desafiar, ou, para alguns, de se enfurecer, em que um chefe deve ser enfrentado um atrás do outro, sem tempo de descanso. Eldest Souls é uma ótima fusão do Souls-like com o Boss Rush, combinando o que há de melhor entre os dois subgêneros.

Desenvolvimento: Fallen Flag Studio

Distribuição: United Label

Jogadores: 1 (local) 

Gênero: Ação

Classificação: 12 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PS4, Xbox One, Switch e PC 

Duração: 3 horas (campanha)

Um mundo desprovido de esperança

Os Deus Antigos começaram a dominar a humanidade.

Logo no início, uma cinemática narra que não existia nada na Terra além de poeira. Com o passar do tempo, esses resquícios existentes de terra formaram a Lua e ela se tornou o centro de iluminação do planeta. Depois de muitos séculos, ela se despedaçou e seus estilhaços caíram na Terra criando os deuses e a humanidade. Obviamente que, depois de muitos anos de paz, um deus chamado Eksyll desejou dominar tudo, fazendo com que os outros de sua espécie acabassem com a paz existente. 

Os homens se tornaram escravos durante séculos até se revoltarem e conquistarem os deuses. Séculos de falsa paz se passaram com Eksyll corrompendo tudo na Terra de forma silenciosa, fazendo com que os antigos deuses obedecessem e a humanidade fosse se esvaindo aos poucos. A Lua, triste com essa situação, lançou um terceiro estilhaço com um metal de Obsidiana, sendo a última esperança da humanidade. Agora, um guerreiro de uma ilha distante empunha a espada feita com esse metal e trilha um caminho amaldiçoado para derrotar os Deuses Antigos.

O herói solitário carrega a única arma que pode matar os deuses.

Seguindo como exemplo muito do que é visto em jogos do estilo Souls-like, principalmente os da FromSoftware, Eldest Souls não apresenta tudo de sua narrativa de forma linear. Como de costume, é necessário prestar atenção em diálogos com NPCs, ler informações em itens e torcer para encontrar mais textos pelo mundo, assim, complementando pouco a pouco o que se sabe sobre a história. 

Outro ponto marcante de Eldest Souls é a sua forte inspiração em Berserk, pois controlamos um guerreiro solitário que empunha uma espada pesada e está amaldiçoado a cumprir uma missão suicida para recuperar a esperança do mundo. Porém, não há informações sobre o seu passado, permitindo que seu estilo de luta seja completamente moldado no decorrer da aventura.

Moldando a última esperança

Um dos deuses que enfrentamos pelo caminho.

Eldest Souls deixa à mercê do jogador escolher o seu estilo de luta e as modificações que serão aplicadas a ele. No menu há três árvores de habilidades distintas que focam em diferentes maneiras de combater os deuses. O estilo Corte Colérico é focado em ataques pesados fazendo com que a barra de fúria seja preenchida rapidamente e que cada um deles recupere vida. Por outro lado, Trespasse dos Ventos é focado em dashes contínuos e ataques rápidos. E por fim, o Contra-ataque exige técnica e paciência para desferir golpes precisos em momentos oportunos. 

Para possuir um equilíbrio, só é possível utilizar os pontos em uma árvore de habilidades, contudo, é possível removê-los a qualquer momento e arriscar um outro estilo de combate. O que torna tudo ainda mais complexo são os estilhaços de chefes que são conquistados ao derrotar cada Deus Antigo. Esses pedaços “dropados” podem ser instituídos em espaços específicos para dar habilidades ativas ou passivas. Na Partícula Ativa, uma habilidade é liberada ao apertar o R1, já nas Infusões elas habilitam poderes passivos ao dar um dash ou utilizar o ataque carregado, fora outras que são destinadas à árvore de habilidades.

A liberdade em criar um estilo de luta adequado para o herói.

No fim das contas, Eldest Souls dá muita liberdade liberdade para que o estilo de combate seja único, sendo possível modificar de diversas formas a maneira como cada inimigo será enfrentado. Ao terminar a campanha e fazer quest secundárias específicas, um New Game+ é desbloqueado junto com um modo arena, permitindo que novas modificações sejam criadas e aumentando o tempo de vida do game, visto que ele pode ser bem curto, dependendo de suas habilidades.

Explorando um mundo corrompido

Um dos pontos mais chamativos de Eldest Souls é o seu estilo de arte em pixel art. Como tem sido observado ultimamente, jogos indies tem se apropriado cada vez mais desse estilo simplificado e fazendo mundos deslumbrantes com pouco, e não é diferente aqui. É notória a atenção que foi dada aos detalhes encontrados no mundo de Eldest Souls, em cada um de seus chefes, templos antigos, cidades esquecidas e florestas sem fim. Existem locais, como o Vale Perdido, onde é impossível não parar por um tempo e admirar a forma como a grama se move com a ventania.

Assim como a arte visual, as trilhas sonoras encontradas são um primor, por mais que o silêncio permeia em muitos momentos, é nas batalhas de cada Deus Antigo que somos apresentados a músicas incríveis. Como um fã de Dark Souls, é difícil não apreciá-las, mesmo quando elas parecem impossíveis, e muito disso ocorre pela composição harmônica que uma trilha sonora possui com o chefe que enfrentamos. Eldest Souls consegue fazer com que cada batalha seja, não só única – até porque ela é -, mas épica do início ao fim, desde o momento em que um deus se apresenta até a sua queda, ampliando igualmente a sensação de vitória.

Majestoso e viciante

Eldest Souls consegue misturar dois estilos de jogos que exigem muita atenção e habilidade, transformando-o em algo único e bem elaborado. Após finalizá-lo, é difícil não sentir vontade de revisitar uma das batalhas, sendo assim, é garantido que pelo menos uma delas será sua favorita, talvez pelo chefe ou pela trilha sonora que a compõe.

Felizmente, o combate consegue fazer com que o jogador se sinta dono de seu estilo, não o prendendo a mínimas escolhas e ampliando o tempo de vida do game, permitindo que ele se aventure por tudo novamente. Sei que é muito cedo, e talvez eu esteja sendo um pouco afobado, mas Eldest Souls me prendeu incessantemente, logo, é um dos melhores jogos indies do ano.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Eldest Souls

10

Nota final

10.0/10

Prós

  • Criação do estilo de combate
  • Lutas épicas
  • História
  • Modos de jogo
  • Trilha sonora e pixel art