Qual o resultado da mistura do Japão com a França? Bem, podemos com certeza dizer que, neste caso, foi um jogo que homenageia os RPGs táticos da época do Super Nintendo. A desenvolvedora franco-japonesa colocou seus esforços e, ao fim da equação, nos trouxe Rise Eterna.
O game independente é um TRPG que tem lugar num universo de alta fantasia. Seguindo os moldes de Game of Thrones e de Senhor dos Anéis, ele é repleto de intrigas familiares entre nobres, de brigas pelo poder e de países em guerra, e tudo isso serve como background para encher os campos de batalha com as mais variadas tropas de heróis. Rise Eterna é uma alternativa para aqueles que não podem jogar Fire Emblem, ou para os fãs do gênero que, infelizmente não tem tantos títulos à disposição. Nesta análise tentaremos descobrir se Rise Eterna é digno de ser considerado um bom emulador de Fire Emblem e de outros bons jogos do gênero.
Desenvolvimento: Makee
Distribuição: Forever Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, RPG, Estratégia
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataforma: PS4, Switch, PC, Xbox One
Duração: 8 horas (campanha e 100%)
Uma estratégia básica e mal sucedida
Nos dias de hoje, mais do que nunca, um jogo (seja ele de ação, aventura ou RPG) precisa de uma história cativante para que possamos viver e percorrer durante a jornada proposta. O começo de Rise Eterna pode despertar nossa curiosidade durante as primeiras horas, porém, quando avançamos nele, mal nos lembramos dos eventos que presenciamos ou dos lugares que percorremos, isso porque o indie sofre bastante com a narrativa e com a má construção de personagens.
Infelizmente, tudo é bastante raso, desde a história, personagens e até mesmo o mundo apresentado sofre com uma superficialidade, fazendo com que não nos importemos o suficiente. A profundidade, quesito que o game deixa a desejar, é algo muito necessário nos jogos hoje em dia, sobretudo nos RPGs (gênero no qual encaixamos Rise Eterna).
A história não apresenta nada de especial, não temos clichês bem usados e nem bons personagens. Isso é triste. O game começa como várias outras histórias de aventura: uma pequena vila devastada e uma heroína, neste caso chamada Lua, que sobrevive à carnificina e é ajudada por um ex membro de um grupo de bandidos. Eles embarcam na aventura e, de fato, não temos muito brilho por aqui.
Os diálogos em Rise Eterna também são bem sofríveis e rasos. Algumas vezes até custei acreditar que estava jogando um RPG tático que se inspirava em Fire Emblem ou Final Fantasy Tactics, isso porque os diálogos fracos, nem de longe, se comparam ao dos clássicos e estragam bastante a imersão.
As batalhas e o decorrer.
A maior parte da jogatina consiste em ir de batalha em batalha tentando, por vezes, recrutar um dos 14 personagens disponíveis para integrar nosso exército. Desses quatorze personagens, também não conseguimos tirar nada muito brilhante. Cada um, em teoria, é diferente do outro e é claro que existem algumas peculiaridades nas árvores de habilidades destes, porém, é algo que quase não notamos durante a gameplay. A ideia de recrutar guerreiros, cada um com sua habilidade especial, é ótima, mas mal executada.
O resto da jogabilidade é bastante clássica e também não vemos nada que se destaque na hora do combate. Ela é realmente muito parecida à de Fire Emblem ou à de Advanced Wars, e isso não seria problema se fosse bem feita (como as dos jogos já citados). Wargroove é um exemplo incrível de como fazer uma boa gameplay no formato dos clássicos e, infelizmente, Rise Eterna é o oposto disso.
A dificuldade existe, mas não chega a ser um grande fator, já que não é preciso ter os dotes estratégicos de um Napoleão, um Saladino ou de um Ricardo Coração de Leão para dominar completamente os campos de batalha e vencer tudo. O sistema é bastante simples, o que torna o jogo acessível e também facilita bastante nossa visão do campo de batalha, de onde capturar materiais e de como se livrar de possíveis armadilhas. Nisso, Rise Eterna vence uma batalha, deixando-omais aberto e compreensível ao grande público, no entanto, essa é uma das poucas de suas qualidades.
Junto da jogabilidade simples e acessível temos bons resultados artísticos, uma boa variedade de como equipar ou não nossos heróis e sistemas de personalização e criação de materiais bem interessantes. Infelizmente, tudo isso esbarra em todos os problemas já citados, sem falar da música pobre e repetitiva.
Levante ou Declínio de Eterna?
Podemos colocar Rise Eterna como uma fraca homenagem a títulos incríveis de RPG tático como: Final Fantasy Tatics, Fire Emblem, Tactic Ogre, e tantas outras obras que são aplaudidas e bem faladas até hoje. Nada chama atenção o bastante em Rise Eterna para o chamarmos um bom jogo. Dito isso, o que ficou na minha experiência pessoal foi uma sensação de estar jogando um título que tinha várias boas ideias, mas que não conseguiu concluir nenhuma delas.
Ao fim, Rise Eterna é bem pra baixo e não deve agradar muitas pessoas, salvo pelos fãs de TRPG. Ele tropeça tanto que é impossível “levantá-lo”. Esperemos que, com os erros, a desenvolvedora Makee possa aprender e nos trazer outros títulos mais polidos que consigam concretizar as boas ideias, diferente de Rise Eterna.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão por Jason Ming Hong