Após o dragão ser destruído em Chronos: Before the Ashes, uma nova ameaça interdimensional assola a humanidade: The Root (a raíz, em tradução livre). Com isso, um grupo tem a missão de eliminar a criatura e livrar o mundo, além de procurar, Ford, o fundador da base Ward 13. Atualizado para a nova geração – sem uma versão oficial para Xbox Series X/S, Remnant: From the Ashes agora roda em 60 fps e 1080p no Xbox Series S, enquanto no Series X a resolução chega até 4k e 60 fps. No multiplayer, foi adicionado o crossplay entre as versões de Xbox e Windows 10.
Desenvolvimento: Gunfire Games
Distribuição: Perfect World Entertainment Inc.
Jogadores: 1 (local) e 1-3 (online)
Gênero: Ação, Aventura, RPG, Tiro, Multiplayer
Classificação: 16 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, PC
Duração: 13.5 horas (campanha)/30 horas (100%)
Mundo hostil, resistência humana
Como uma continuação direta de Chronos: Before the Ashes, Remnant: From the Ashes nos apresenta um mundo pós-apocalíptico e alguns poucos cenários que serão familiares para os que tiveram contato com seu antecessor. Felizmente, jogar Chronos não é necessário para entender Remnant: From the Ashes, já que as histórias não são exatamente complementares entre si.
Nossa missão é viajar para uma ilha onde, aparentemente, é o centro de todo o mal que está sendo causado e invadindo a Terra. Temos ainda cenários sujo e acinzentados, mas também uma base onde pessoas se abrigam e formam um grupo para lutar contra as forças malignas. A Ward 13 será seu hub, local que permite compra de itens, upgrades e viagens rápidas para as dungeons nas quais enfrentaremos milhares de demônios bizarros.
Aqui, podemos escolher entre três classes:
- Hunter: com foco em ataques à longa distância, o Hunter (caçador) porta um rifle de caça que acerta os inimigos de longe, mirando em seu ponto fraco ao mesmo tempo que busca cobertura. Além da arma principal, a classe também possui uma espada e uma pistola, que consegue carregar um bom número de balas. Em termos de Traits, o Hunter possui uma maior eficácia em furtividade, permitindo que inimigos não estejam tão alertas à sua presença.
- Ex-Cultist: a classe que tem equilíbrio entre batalhas de médio e curto alcance. O Ex-Cultists (ex-cultista) é especialista em modificações de armas e cura (de si mesmo e da equipe). Esse personagem possui uma pistola, fora sua escopeta que possui poucas balas (apenas 2) mas causa um grande estrago nos monstros. Esta escolha também acompanha um bônus nos efeitos das modificações utilizadas.
- Scrapper: basicamente, o guerreiro dentre todas as classes disponíveis. O Scrapper possui um alto foco em combates de curto alcance, tanto que possui um poderoso martelo. Além disso, a classe também carrega uma escopeta e uma pistola. Como vantagem principal, o Scrapper possui um Trait de alto dano ao utilizar ataques com seu martelo e outras armas de curto alcance.
Apesar da escolha de classe proporcionar um conjunto específico de armas e equipamentos, ela não impede com que você construa seu personagem da maneira que achar melhor. Isso serve tanto no quesito equipamentos quanto nos Traits, que são traços de habilidades que adquirimos ao longo da jornada. Basicamente, a divisão entre essas três classes traz um foco diferente para cada uma na questão de combate de curto, médio e longo alcance com suas respectivas vantagens, mas nada arbitrário que faça com que nos sintamos barrados pela escolha inicial.
Morrer e tentar de novo
Remnant: From the Ashes é um Souls-like que eu nunca soube que precisava. Sua jogabilidade é basicamente uma mistura entre a batalha de Dark Souls com a agilidade de Gears of War. Podemos correr, rolar no chão, correr e deslizar, recarregar a munição enquanto desviamos de ataques, etc. O único ponto do qual senti falta, voltando novamente à Gears, é um sistema de cobertura. Apesar de podermos ficar agachados atrás de obstáculos para evitar tiros de inimigos, não há uma forma de fixar o personagem contra a parede – o que é engraçado considerando que os próprios monstros fazem isso. Parece bobo a ausência desse recurso, mas não é: às vezes é possível levar uma rajada de tiros de criaturas enormes portando uma metralhadora semi automática, porque o obstáculo é um pouco mais baixo do que a altura do personagem agachado.
Temos o local inicial do jogo, a Ward 13, como o principal hub, conforme mencionado anteriormente. Nele, podemos conversar com personagens, adquirir itens diversos consumíveis e materiais para crafting (adquiridos também nas dungeons), realizar upgrades nos equipamentos, comprar e instalar modificações em nossa armas e encontrar NPCs que entregarão nossa próxima missão. Existem também lugares desbloqueáveis, a partir do momento que encontramos itens chaves que servem para liberar novas alas da Ward 13, como um cartão de acesso às fechaduras eletrônicas. Fora isso, o cristal no centro do gigantesco lugar serve como o ponto de partida para os mapas do modo principal, que aqui são chamados de dungeons.
Apesar das dungeons possuírem uma estrutura fixa, no sentido de que os lugares foram todos desenhados e definidos pelos desenvolvedores, os inimigos são gerados proceduralmente. Isso quer dizer que você nunca encontrará demônios ou até mesmo grupos deles em um mesmo ponto do mapa, no qual você encontrou antes de morrer. Ou seja, caso seja restaurado a um checkpoint, o jogador pode ou não encontrar inimigos naquele local específico, como também pode acabar dando de cara com uma criatura relativamente forte que dará bastante trabalho.
Já as lutas contra chefes são bem únicas e incríveis, fora seu design monstruosamente impressionante. O encontro com eles se parece bastante com Dark Souls, pois existem barreiras brancas esfumaçadas que separam, geralmente, uma área pacífica com um checkpoint e o ambiente que contém o chefe do local. Uma vez ali dentro, não é possível retornar ao cristal de checkpoint. Normalmente, esses momentos não são “você diretamente contra um chefe”, mas sim contra ele em si e seu grupo de criaturas mais fracas, que servem para atacar e emboscar enquanto a atenção está focada no combate maior. Estes minions servem como distração e, principalmente, para causar ataques de fúria no jogador. É comum estarmos atirando freneticamente no chefe quando este abaixa sua guarda, porém, sem o menor sinal, pode ter certeza de que alguma criatura explosiva aparecerá atrás do personagem para acertá-lo e tirar quase toda sua vida.
Jogar sozinho é uma missão bastante complicada que vai requerer várias tentativas e erros, além de persistência e paciência até aprender os padrões dos inimigos. Porém, é jogando em grupo que tudo se transforma. A jogabilidade no multiplayer consegue amaciar um pouco a dificuldade, mas não pense que isso faz com que as coisas se tornem as mil maravilhas. No single player, assim que morremos, somos enviados ao último checkpoint. Porém, no multiplayer para até 3 pessoas, ao cairmos temos a chance de sermos reanimados. Porém, na segunda queda, precisamos ser ressuscitados no próximo cristal, mostrando que mesmo em co-op, o desafio exige cautela da equipe como um todo. De qualquer forma, a experiência de se jogar com amigos, e até mesmo com completos desconhecidos na internet, torna Remnant: From the Ashes em algo bem melhor.
Modos Survival e Adventure como pontos extras
O modo Survival pode ser acessado no cristal de checkpoint da Ward 13. Nele, existem uma espécie de sistema baseado em Rogue-like. Podemos comprar itens antes de entrar em uma partida de sobrevivência. No hub existem pontos de venda de várias categorias de itens, como armas de fogo e de curto alcance, equipamentos como armaduras para proteger o personagem, itens consumíveis que curam sangramento e afins, pergaminhos que aumentam atributos específicos, etc.
Uma vez dentro do mundo para o qual viajamos, este gerado proceduralmente de acordo com os ambientes e inimigos existentes na campanha principal, precisamos sobreviver o máximo possível e ser rápidos ao eliminar inimigos e coletar itens. Isso se faz necessário pois há um relógio no canto superior esquerdo da tela que, a cada vez que finaliza sua contagem, cria um novo round com inimigos bem mais fortes do que o último. Portanto, existe um ciclo de jogabilidade no modo Survival que exige sempre que eliminemos inimigos, procuremos por itens melhores para ficarmos melhores equipados e, consequentemente, receber novas Traits à medida que subimos de nível.
Diferentemente do modo História, as Traits aqui não podem ser melhoradas. Em vez disso, elas surgem conforme adquirimos experiência. Sozinho, o modo sobrevivência é bem desafiador. Porém, em conjunto com alguém, tudo se torna levemente mais fácil (mas nem tanto assim), já que, ao cairmos, podemos ser levantados pelo parceiro de partida assim como ocorre na campanha. Caso o personagem já tenha sido reanimado uma vez, na segunda ele morre, sendo necessário encontrar um cristal de checkpoint para revivê-lo.
Já o modo Adventure é algo mais simples, que permite a seleção de um mundo que você preferir, com o objetivo de reviver batalhas contra chefes específicos e visitar cenários que mais lhe apetecerem. Esse modo também é útil apenas para subir de nível ou conseguir novos itens e materiais, para, assim, continuar avançando sem maiores problemas na campanha. É basicamente o grinding possível de ser feito quando bem entendermos.
O que a nova geração trouxe de diferente
Apesar de belíssimos gráficos e fps bastante estáveis, as telas de carregamento decepcionam por não usar todo o poder dos SSD. Loadings ainda levam um tempo considerável, principalmente em viagens rápidas entre cristais. Já os visuais são incríveis na maior parte do tempo, trazendo cenários de cair o queixo, como também efeitos de luz e sombra bem impressionantes. Apenas quando a câmera foca muito perto de certas texturas que as coisas ficam um pouco decepcionantes, mostrando que o game ainda é um produto da geração passada. Sobre a resolução, esta alcança até 1080p no Xbox Series S (plataforma em que joguei), não apresentando borrões nem nada do tipo – ao menos, não tão visíveis durante a ação -, o que é um tanto quanto comum em títulos que utilizam resolução dinâmica para manter a performance estável. Porém, nas capturas de tela é possível notar algumas quedas abaixo de 1080p.
Porém, a maior diferença mesmo fica a cargo do framerate. Jogar algo como tiro em terceira pessoa é um salto muito grande quando falamos de 60 fps. 30 fps, que é o padrão da maioria dos títulos da geração passada, comprometem um pouco a experiência na hora de mirar em algum inimigo e movimentar a câmera. Isso é mais percebido em games de corrida, em que o input delay é consideravelmente maior quando não a performance não está em 30 fps, mas eu diria que jogos de tiro ficam em segundo lugar em termos de gêneros mais afetados por isso. Definitivamente, uma vez tendo contato com Remnant: From the Ashes em 60 quadros por segundo, fica difícil voltar à versão original que roda na metade disso.
Uma mistura para se apaixonar
Esse é um daqueles jogos que claramente se inspira em outros, mas consegue trazer o melhor de todos eles e fazer tudo com maestria. Como não sou alguém tão ligado à história, a falta de uma narrativa profunda e um enredo detalhado com vários personagens carismáticos e afins não me incomoda. Porém, é a jogabilidade que sempre me cativa em games. Remnant: From the Ashes traz um ciclo de gameplay bastante característico dos Souls-like, com checkpoints para revivermos, inimigos com uma inteligência artificial relativamente alta e lutas incríveis contra chefes.
Elementos vistos nos tiro em terceira pessoa são bastante presentes por aqui, e nada mais bacana do que sentir que estou experienciando um Dark Souls misturado com Gears of War, com bastante agilidade e possibilidade de personalização e modificações no combate. Definitivamente, Remnant: From the Ashes é uma obra prima que todos os fãs das duas franquias já citadas precisam experimentar.
Cópia de Xbox Series X/S cedida pelos produtores