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Review Back 4 Blood (PS4) – Pintando a cidade de vermelho

É difícil olhar para o passado e não lembrar dos horrores saudáveis que experienciei em grupo com Left 4 Dead 2. Desde então, jogos de zumbis foram lançados tendo suas próprias abordagens em mundos abertos, narrativas mais densas e mecânicas de crafting.

Como a Valve não sabe contar até 3, alguns jogos arriscaram renascer a essência, como no caso de Zombie Army, contudo, não conseguiram o mesmo feito. Com essa situação de quase morte, a Turtle Rock Studios, que são os desenvolvedores de Left 4 Dead, voltam para tentar reviver essa essência com Back 4 Blood

Desenvolvimento: Turtle Rock Studios

Distribuição: Warner Bros. Interactive 

Jogadores: 1 (local) e 1-8 (online)

Gênero: Tiro

Classificação: 18 anos

Português: Dublagem, legendas e interface

Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S

Duração: 9 horas (campanha)/21 horas (100%)

Limpando as ruas em grupo

O grupo dos Sentinelas em um refúgio.

Semelhantemente a Left 4 Dead, controlamos um quarteto que sobrevive em um mundo dominado pelos contagiados. Porém, eles não são pessoas comuns lançadas em um apocalipse recente. Eles são denominados Sentinelas, exatamente por serem pessoas especializadas em lidar com os contagiados e, por isso, saem às ruas para fazer missões.

A história da campanha é, sendo bem eufemista, quase morta. Ela é dividida em 4 atos compostos por fases, que são separadas por refúgios. Para conseguir chegar até eles, hordas de contagiados e suas mutações devem ser enfrentadas. O objetivo é apenas esse: chegar ao próximo refúgio. Nem mesmo as cinemáticas dizem muito, mas apenas mostram os Sentinelas eliminando mais contagiados de formas diversas.

No total há 8 deles, mas 4 são desbloqueados no decorrer da campanha. Os 4 iniciais são o líder Walker, a divertida Holly, o novato Evangelo e a cuidadosa Mãe. Cada um conta com uma backstory que explica suas características, porém, infelizmente, podem apenas ser encontrados no site do game ou ao prestar atenção em falas e conversas durante a ação. No geral, elas são bem inusitadas, tipo um personagem dizendo que tem pesadelos com dentistas ou outro se questionando sobre como seria o nascimento de um contagiado, trazendo à tona uma discussão nojenta. Por sorte, Back 4 Blood contém uma dublagem boa, mesmo em momentos de muita bala e sangue. Por outro lado, algumas traduções deixam a desejar, como a troca de game over por erro de conexão, o que causou certa polêmica na comunidade.

Multiplayer e suas novidades

Evangelo e suas diferenças.

A campanha de Back 4 Blood pode ser jogada no modo solo ou online. Obviamente que jogar com 3 amigos é a opção mais divertida, mas, caso seja um lobo solitário, bots serão sua companhia e, infelizmente, a experiência não será a mesma. Digo isso pois a IA é lastimável e irritante, fazendo com que fatores importantes para a jogabilidade sejam perdidos. Além de ficar apontando para tudo que vê no cenário, ela também irá matar todos contagiados da Terra para só depois reviver alguém que precisa, portanto, tente não ser esse alguém.

Outro fator que reforça o porque Back 4 Blood deve ser jogado online é a estratégia em grupo. Igualmente a Counter Strike, no início de cada refúgio é possível fazer compras utilizando do cobre, uma das moedas do jogo. Armas, munições, caixas médicas e uma variedade de bombas podem ser compradas, contudo, também podem ser encontradas no mapa. Entretanto, todos os Sentinelas possuem um limite do quanto podem levar, sendo preciso pensar no que será adquirido. 

A loja encontrada em cada refúgio.

Os Sentinelas e suas especialidades também são um ponto estratégico. Cada um deles detém consigo armas secundárias próprias, habilidades passivas únicas, e dão ao grupo um bônus durante a campanha. Por exemplo, Evangelo é escorregadio, por isso pode escapar de agarrões a cada 60 segundos, tem um facão como secundária e atribui 5% de velocidade de movimento para o time.

Por fim, há também um modo PvP 4×4 chamado de Enxame, no qual Sentinelas e Contagiados se enfrentam. Ambos possuem armas e habilidades distintas, por outro lado, enquanto uns precisam sobreviver o máximo de tempo possível, outros só tem que matar o mais rápido possível. Honestamente, esse modo não me interessou tanto, e o divertido dele é apenas a possibilidade de controlar os monstros disponíveis. No tempo que tentei o Enxame, tudo era bem balanceado, mas isso dependia de como os jogadores utilizavam suas cartas, sendo a maior novidade em Back 4 Blood.

Cartas, para que te quero?

O gerenciador de baralhos.

A maior diferença entre Left 4 Dead e Back 4 Blood são as cartas, portanto, isso merecia um tópico único. Antes de cada fase iniciar, o diretor mostra uma carta que pode influenciar a briga pela sobrevivência dos Sentinelas. Elas podem adicionar contagiados protegidos com capacetes, passáros que alertam sua posição, neblina no cenário, entre outras adversidades. Mas, assim como ele, você também tem direito a essa ferramenta para reverter as situações. Portanto, é possível criar decks com um total de 15 cartas que podem ser utilizadas em todos os modos.

Para desbloquear novas cartas só há uma maneira: jogando muito. É isso mesmo, você não está se tornando um contagiado louco, pois até o momento não há microtransações em Back 4 Blood – o que pra mim já é um grande ponto positivo. A cada final de fase, Pontos de Fornecimento são adquiridos, e eles podem aumentar ao jogar em dificuldades maiores. Porém, só é possível garantir esses pontos no online, sendo umas das maiores reclamações na comunidade.

No Forte Hope, que serve de hub para Back 4 Blood, podemos treinar a mira e conseguir novas cartas. Para isso, os pontos mencionados devem ser gastos nas Linhas de Fornecimento, que também trazem skins para armas e personagens, tintas e novos ícones de jogador. De forma resumida, estes seriam os passes normalmente vistos em jogos gratuitos como Fortnite, por exemplo.

Esse sistema de cartas consegue melhorar um pouco um dos maiores problemas de Left 4 Dead para mim: a repetitividade. As cartas do diretor trazem novos desafios e até missões secundárias que tornam o fator replay ainda maior. Conforme os atos vão progredindo, o diretor coloca mais cartas na “mesa”, fazendo com que tudo seja sempre diferente. Uma ideia interessante, seria a adição de cartas misteriosas, que surpreenderia o grupo com desafios desconhecidos – apenas uma ideia mesmo.

Bonito e horrendo

Antes de mais nada, eu não consigo definir a beleza de Back 4 Blood como algo positivo ou negativo. Os cenários são bonitos, variados e interessantes, e alguns trazem uma sensação à la Resident Evil, com muitos contagiados em espaços minúsculos, o que é bem divertido para um fã da franquia. O PS4 consegue aguentar bem toda a bagunça, mesmo com dezenas de monstros na tela. O único problema foram as telas de loading, principalmente para entrar na partida. Mas, entre uma fase e outra, enquanto meu amigo, que tinha um Series X, já havia comprado o que queria e ia começar a fase, eu ainda esperava na tela de carregamento.

Por outro lado, a aparência dos contagiados, principalmente dos mutantes, e o gore bem detalhado de suas mutilações são muito nojentos. Os contagiados são mortos-vivos dominados por um parasita mortal semelhante a uma minhoca. Ela deforma o corpo do hospedeiro, criando monstros horrendos como o Fedido, o qual explode ao se aproximar. Porém, o prêmio de nojento do ano vai para o Delator, que tem seu pescoço estendido com minhocas gigantes expostas. Esse ser asqueroso chama mais contagiados, igual a terrível Bruxa em Left 4 Dead.

Para todos, mas, principalmente, para os fãs

Fãs de Left 4 Dead: vocês acharam que tinham sido deixados para morrer sem vislumbrar a essência dessa duologia. No entanto, Turtle Rock Studios volta com Back 4 Blood, trazendo consigo a experiência com muitas cartas, desafios, visuais atuais e muito, mas muito sangue mesmo. Mas, com tantos fatores positivos e divertidos, jogar sozinho é quase uma punição. Vale mencionar que há crossplay, então, se tiver a oportunidade de jogar em grupo, é a melhor alternativa existente.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Back 4 Blood

8.5

Nota final

8.5/10

Prós

  • Personagens divertidos
  • Multiplayer fascinante e estratégico
  • Fator replay alto
  • Visuais bonitos e asquerosos

Contras

  • IA desastrosa
  • Experiência offline triste