Se passando num futuro muito distante, o indie com aspectos inegáveis da série Devil May Cry desponta no Switch para cativar os amantes de combate hack ‘n’ slash e, muito provavelmente, da própria série DMC. O mundo mudou bastante neste período de tempo, sendo que a civilização se dividiu entre pessoas que foram morar no espaço e aqueles que resolveram ficar na Terra. E assim é a história de Ultra Age.
Desenvolvimento: Visual DART
Distribuição: DANGEN Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PS4, PS5, Switch
Duração: 5.5 horas (campanha)/7.5 horas (100%)
Um futuro muito distante
Aqui, somos Age, um protagonista completamente genérico que parece ter saído de algum jogo com criador de personagens, já que seus visuais não remetem a nada único de verdade. O rapaz está preso na Terra juntamente a um robô chamado Helvis, que o ajudará em sua jornada de sabe-se lá o que – realmente, a história não me apeteceu. A sacada é que Age tem apenas sete dias para realizar sua missão, e mesmo assim isso não possui grande impacto na jogabilidade em si, visto que é possível até mesmo dobrar o tempo. Bom, a história não é tão importante em jogos assim, de qualquer forma, mas de fato aqui também ela não se esforça tanto.
O combate, o maior foco em Ultra Age, consegue fisgar os amantes do subgênero de cortar inimigos e trazer uma experiência bem prazerosa aos olhos, principalmente, por causa dos altos números de combos acompanhados de faíscas e um show de luzes pra todo lado, trazendo um aspecto bastante sci-fi ao game. Ao longo dos cenários existem cristais plantados no chão, os quais podem ser absorvidos por Age e utilizados para aprimorar suas armas em pontos de salvamento. O mesmo acontece com as Power Gear, que podem ser usadas para melhorar as quatro habilidades que Helvis possui: de cura, dobra do tempo, aumento de ataques críticos e etc.
A progressão nas fases também é bem simples, já que há uma seta no minimapa expansível apontando nosso destino em todo o tempo. Com isso, fica bem fácil de sempre se localizar. Os trechos de combate costumam trancar o personagem numa área confinada até que eliminemos todos os monstros e ameaças dali, para depois liberar a passagem a fim de que possamos continuar avançando. Não existem itens chave para serem usados para abrir portas nem nada do tipo, mas o objetivo principal mesmo fica a cargo de destruir hordas de inimigos e seguir em frente.
A melhor parte são as diversas armas disponíveis, como uma Katana, a espada básica e até uma gigante Claymore. Todas elas possuem cristais para continuar intactas, cujo valor de durabilidade pode ser visto no canto inferior da tela. Isso obriga, de forma positiva, a experimentarmos todas as espadas e ficar alternando entre elas. O mais divertido é que todas as espadas possuem combos e golpes únicos, o que traz uma imensa variedade ao combate.
Fora isso, podemos equipar módulos em Age como modificações em HP, ataque e afins, o que pode ser feito apenas nos pontos de salvamento. Também é possível aumentar o número de módulos que podemos equipar por vez. Porém, não há armas verdadeiramente de longa distância, mas apenas um chicote que nos aproxima do inimigo ao ser puxado.
A parte chata é que, caso você esteja morrendo muito em um combate específico, ou se tentar voltar para o ponto de salvamento, todos os inimigos são restaurados e é preciso eliminá-los novamente, o que pode se tornar um fardo. Alguns robôs e monstros são verdadeiras esponjas de golpes, e absorvem demais todos os ataques que recebem. Acredito que esses sejam considerados os subchefes do game, mas nada oficialmente é dito ou mostrado de forma visual na tela – nem mesmo uma cutscene.
Altos e baixos
Em termos de atuação, Ultra Age é muito bom, se você não escolher a dublagem em inglês. De longe, a versão em japonês é bem melhor, já que a dublagem oriental costuma entregar toda a emoção necessária, e muitas vezes até exagerando bastante, o que é bem-vindo para um trabalho bem feito de atuação. As músicas são muito bacanas também, e trazem faixas mais agitadas com uma pegada de rock em batalhas, além de um som mais tranquilo entre um trecho de exploração e outro. O sound design dos golpes são muito convincentes e bem construídos, sendo outro elemento de se admirar em Ultra Age.
Os cenários também precisavam de alguma variação maior, já que alternam em sua maioria entre ambientes de selva e locais tecnológicos. O level design não exige exploração profunda por parte do jogador, mas ao menos existem alguns cristais e Power Gears aqui e ali, caso você seja curioso o suficiente para ir por um caminho mais escondido no mapa. Fora isso, mais cristais para as espadas também são outras recompensas para os mais exploradores.
Jogabilidade intensa, já o resto é papo
Apesar de ser um produto com várias qualidades, é impossível não comparar Ultra Age com sua clara inspiração em DMC. Se colocarmos ambos lado-a-lado, o indie da Visual DART perde feio no quesito história. Porém, se levarmos apenas a jogabilidade em consideração, o mundo interligado de Ultra Age e o combate frenético me conquistou muito mais do que na série de Dante, mesmo sem uma possibilidade de atacar inimigos à distância com pistolas como acontece na série diabólica. Mesmo assim, é inegável a repetição exacerbada e a falta de variedade nos inimigos, que consistem normalmente em uma espécie de lobos mutantes ou robôs bípedes. A opção de escolher dificuldade também faz falta de forma geral. Por fim, o indie de ação intensa é recomendado para quem curte uma jogabilidade bem feita, porém, todo o resto deixa a desejar.
Cópia de Switch cedida pelos produtores