Shadow Warrior é um franquia antiga muito semelhante a Duke Nukem, possuindo muita violência e piadas de gosto duvidoso. Minha relação com o game do Deadpool japonês, Lo Wang, começou com a versão gratuita disponível na Steam. E, vergonhosamente, afirmo que foram as piadas que me deixaram vidrado na franquia, me fazendo procurar os remakes feitos pela independente Flying Wild Hog.
Então, Shadow Warrior 3 é anunciado, e a violência desenfreada com o humor peculiar encheram meus olhos de lágrimas e os ouvidos de sangue. O game é divertidíssimo do começo ao fim, mas peca em aspectos técnicos e no pós-game.
Desenvolvimento: Flying Wild Hog
Distribuição: Devolver Digital
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação
Classificação: 18 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, Xbox One
Uma missão de vida ou morte
Shadow Warrior 3 e seu protagonista, Lo Wang, já são conhecidos pela forma hilária de lidar com os yokais (demônios, em tradução livre). Porém, no terceiro título, é possível dizer que eles já não ligam para mais nada. Aqui, vemos uma narrativa despretensiosa e um problema colossal, mas que poderia ser resolvido facilmente se não tivesse tanto humor.
Inicialmente, um Lo Wang em crise e, apenas de cueca, narra os últimos acontecimentos com seu teatrinho de bonecos. Um dragão oriental – que é do tamanho da Jörmundgander de God of War – desperta, trazendo terror e centenas de yokais à vida. Em sua tentativa de acabar com ele, Lo Wang acaba perdendo sua “manha” e cai a dezenas de quilômetros, continuando vivo.
Você pode pensar que o problema colossal citado era o dragão, mas, não! O real problema aqui a ser solucionado é recuperar o jeito do Lo Wang: o de matar demônios com estilo. Toda a narrativa demonstra isso e, em um momento, ele questiona: “Por que derrotar essa ameaça quando outra vai surgir logo depois? Aliás, por que eu, quando se tem várias equipes de super heróis por aí?”
O ponto mais alto de toda experiência, para mim, é o humor. Em um momento, estamos dilacerando demônios enquanto Lo Wang canta Ragatanga. Em outro, utilizamos o gancho e ele canta uma música em referência ao Homem-Aranha, mas isso só é possível graças a ótima localização feita. Por isso, é notório que esse ninja assassino é o Dante dos shooters frenéticos. E isso fica mais evidente nos tópicos seguintes.
Frenesi e seus benefícios
Da mesma forma que muitas balas e cabeças voam em Shadow Warrior 3, o tempo também segue essa lógica. A experiência é bem curtinha e ligeira. Tudo ocorre de forma natural, alternando entre momentos apenas de parkour e outros com muito gore demoníaco.
Para tal atividade educacional, Lo Wang possui uma série de ferramentas e suas passivas. A insubstituível Rabo de Dragão (katana) corta os inimigos como se fossem papel e faz com que eles “dropem” munição. Em contrapartida, as 6 armas de fogo existentes causam destruição massiva e, com isso, recuperam vida sempre que algo é eliminado. Por fim, há também um gancho que agiliza a chegada até nossos amigos demoníacos, deixando as coisas mais interessantes – se é que você me entende.
Depois dessa apresentação do arsenal pesado, é óbvio que violência é exagerada, até mesmo quando temos títulos como Doom Eternal em mente. Você irá abrir yokais, pegar seus cérebros e usar de granada. Ou, também, removerá a furadeira de uma toupeira encapetada para furar outros inimigos. Cada adversário irá lhe dar uma arma ou habilidade diferente, porém, por tempo limitado. Tudo isso acontece de forma artística ao executar cada ser do inferno apertando L1 e R1 ao mesmo tempo.
Se isso não for o suficiente para causar uma superpopulação no inferno, há também armadilhas mortíferas nas áreas que podem fazer milk shake de yokai. Ainda que tenha muitas piadas e tudo pode ser visto como pura violência, existem desafios que devem ser feitos para que Lo Wang consiga virar o jogo e sair dessa crise.
Recuperando a manha
Levando em consideração que Lo Wang está na pior e sua jornada é bem curta, há uma série de desafios que auxiliam ambos. Conseguir completar essas proezas não é nem um pouco difícil, e cada uma delas garante um ponto de qualidade ou de habilidade. A primeira é utilizada para potencializar as armas, enquanto o outro serve para melhorar o ninja palhaço.
No entanto, isso não estende muito a experiência e nem amplia a dificuldade. Shadow Warrior 3 é extremamente fácil até no modo mais difícil e, após ser finalizado, não há nada para se fazer. A falta de um modo de desafio ou, por exemplo, um modo horda com placares como DOOM Eternal trouxe, adicionaria umas horinhas extras e mais diversão para os fãs do subgênero.
Voltando às origens orientais
Shadow Warrior 3 consegue retornar, e até ser melhor que o título clássico quando se trata de gameplay. No entanto, ao voltar às suas raízes orientais, o massacre de Lo Wang no PS4 é um tanto conturbado. Mesmo com um framerate estável nos 30 fps, as transições das cinemáticas para a jogabilidade são grotescas. Isso fica ainda pior ao perceber muitos elementos visuais pobres. Mas, não se engane, há sim monumentos e locais lindos em Shadow Warrior 3, porém eles só são raros na antiga geração de consoles.
Diferentemente das questões visuais, os assets sonoros são um acerto cômico. Com trilhas sonoras doidas, toda a matança se transforma em uma confusão sangrenta e frenética. Além das músicas, o design de áudio também tem seu brilho, principalmente nas armas e execuções de demônios. Já os sons de desmembramento chamam ainda mais a atenção, intensificando demasiadamente o gore presente.
Violência e diversão sem muita preocupação
Shadow Warrior 3 consegue facilmente se destacar entre todos os outros títulos exatamente pela sua falta de preocupação. Ele é rápido, divertido e, portanto, você irá perder umas boas horas nele. O grande problema desses pontos positivos é que nada vai muito além disso. Milhares de demônios serão mortos, Lo Wang estará de volta e você dará muitas risadas. Ponto final. Por conta de seu desempenho triste e a inexistência de um pós-game, Shadow Warrior 3 parece não se preocupar com nada mesmo, e nem com os jogadores. Então, o que vale é esperar por novas atualizações com adições, já que o preço do game não está um dos mais doces.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong