Com todo o design feito de desenhos e uma história cativante que lembra um conto de fadas, The Cruel King and the Great Hero é um JRPG que rapidamente me chamou a atenção, mas que a perdeu da mesma forma por causa de mecânicas maçantes.
Desenvolvimento: Nippon Ichi Software
Distribuição: NIS America
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataformas: PS4, Switch
Duração: 60 horas (100%)
Cativante, mas sem surpresas
Partindo do princípio de que The Cruel King and the Great Hero é basicamente um conto de fadas japonês, a história é simples e fofa. Uma narração de eventos e conversas importantes entoa bem esse detalhe, o que torna a experiência leve. Porém, essa afinidade com o público mais jovem não impede a aceitação dos mais velhos – só não surpreenderá de forma igual.
As coisas não fogem muito do padrão. Existem os monstros e os humanos, e eles não se dão bem. Entretanto, há uma pequena criança, chamada Yuu, que é criada pelo Rei Dragão. O laço entre os dois é fraternal e comovente, mas tem como base uma série de mentiras.
Yuu tem crescido rápido, assim como sua vontade de explorar e ajudar os outros. É em uma de suas aventuras pelos bosques da floresta que tudo se inicia. No final da expedição, o Rei Dragão conta a história de um grande herói e sua luta contra um Rei Demônio. Ainda que possua um amor pelos monstros e não tenha contato com humanos, Yuu anseia em ajudar qualquer um e se tornar um grande herói.
Para qualquer um que cresceu vendo muitos filmes infantis ou desenhos da Discovery Kids, já dá para especular para onde essa jornada vai levar. Contudo, a narrativa é muito bonita, e é fácil criar um apreço pela relação de pai e filha existente. O grande obstáculo para isso é a falta de legendas em português, então, a jogatina familiar terá de ser com tradução.
Atos que moldam uma heroína
Para Yuu se tornar uma grande heroína, ela precisa realizar atos de uma. E, é neste momento, que os Atos de gentileza entram, em que ajudamos seres necessitados. Porém, como Yuu ainda está aprendendo, é necessário começar por coisas mais simples, mas que dificultam conforme ela avança.
Pegar caixas de correio perdidas pela estrada, alimentar dragões e curar vila de raposas são exemplos de Atos de gentileza. No geral, eles são repetitivos, sempre sendo necessário ir a algum lugar e pegar itens, seja ao derrotar inimigos ou, simplesmente procurar por um baú.
Como são missões secundárias, esses atos sempre trazem itens e shells (conchas, em tradução livre), sendo este o dinheiro de The Cruel King and the Great Hero. O problema dessas aventuras de bondade é realmente sua repetição. Chegar até os locais e voltar pode levar um bom tempo, fora que todo o combate e suas mecânicas não ajudam nem um pouco. Por isso, depois de ter completado uma dezena desses atos, fiquei mais seletivo ao que arriscava fazer e ignorava muitos deles.
Briga de criança
Já é notório que The Cruel King and the Great Hero é um jogo especialmente feito para o público infantil, e isso fica mais evidente quando falamos do combate. Seguindo a lógica de um JRPG, as lutas são aleatórias e tudo é feito por turnos. No entanto, não há uma necessidade abrupta de criar estratégias e nem nada complexo.
Tendo em vista estes fatos, não há nada muito novo sob a luz do Sol. Yuu e aliados dividem toda experiência recebida, o que facilita na hora de evoluir. Conforme os níveis sobem, há status que ampliam de forma congruente, sendo eles: vida, defesa e velocidade. Este último aumenta as chances de esquiva e quem irá atacar primeiro. Aliás, cada personagem detém equipamentos e habilidades próprias que podem também aumentar essas características.
Além do combate ser por turnos e não ser permitido acelerar a luta, The Cruel King and the Great Hero coloca uma mecânica totalmente terrível. Yuu não pode correr, o que é estranho para uma criança tão ansiosa e animada. Só que esse simples ato pode diminuir a entrada em lutas desnecessárias. Portanto, Yuu irá se movimentar igual uma lesma durante grande parte da aventura, e essa nem é a pior parte.
The Cruel King and the Great Hero só habilita a possibilidade de Yuu correr quando ela está a níveis superiores dos monstros daquela área. Pensando por esse lado, faz muito sentido, pois eles teriam medo dela. Mas, isso não diminui os encontros, e eles ainda são aleatórios demais, sendo possível ter 4 ou 5 lutas em uma área pequena. Vale mencionar que não há um indicativo de níveis dos inimigos e das áreas, o que é questionável, já que há momentos em que existem múltiplos caminhos a serem seguidos.
Conto de fadas interativo
The Cruel King and the Great Hero é um game que é mais divertido para crianças, pois não vejo um grande aproveitamento para os mais velhos. Por conta da arte e toda a narrativa simples e bondosa, você pode sentar com seu filho(a) e aproveitar. Ou então utilizar como conto de ninar, porque as coisas podem ficar muito tediosas e acabar fazendo com que ambos durmam. Portanto, não consigo pensar em motivo melhor para usufruir deste conto de fadas interativo.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong