Produzido pela MachineGames, Indiana Jones and the Great Circle é um jogo de ação e aventura baseado na famosa franquia cinematográfica criada por George Lucas. O título apresenta uma história original e oferece uma experiência bastante satisfatória, embora prejudicada por algumas escolhas questionáveis na jogabilidade e no âmbito técnico.
Desenvolvimento: MachineGames, Lucasfilm Games
Distribuição: Bethesda Softworks
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 16 anos (violência e drogas)
Português: Interface, dublagem e legendas
Plataformas: PC, Xbox Series X|S
Duração: 12 horas (campanha)/29 horas (100%)
Viajando o mundo
Ambientada em 1937, entre os eventos dos filmes “Os Caçadores da Arca Perdida” e “A Última Cruzada”, a campanha começa quando um homem gigante invade a universidade onde Indy leciona e rouba uma múmia de gato. Esse incidente leva o arqueólogo a uma jornada pelo mundo para descobrir a identidade do invasor e recuperar o artefato. E ao mesmo tempo em que entra em vários confrontos contra os nazistas, Indiana Jones decide desvendar outro mistério envolvendo diversos monumentos ao redor da Terra, enquanto ajuda uma jornalista investigativa a encontrar sua irmã, uma pesquisadora que tem uma relação direta com a trama.
A história é condizente com o tom da saga, parecendo uma versão seriada dos filmes, já que o game se estende por cerca de 20 horas, contando o conteúdo secundário. A narrativa é repleta de reviravoltas inesperadas e, claro, recheada de quebra-cabeças para serem resolvidos. Bem elaborados, os puzzles são, de longe, o aspecto mais marcante do jogo, que também incorpora elementos de stealth e de combate corpo a corpo em sua gameplay.
Apesar da campanha ser baseada na progressão da história, ela é surpreendentemente pouco linear – ou seja, dá para abordar as situações por conta própria e de formas variadas, sendo possível explorar as fases livremente por meio de mecânicas de plataforma que usam o icônico chicote de Indiana.
Combate é ruim
O combate, no entanto, decepciona. Embora os golpes tenham um bom impacto sonoro, eles não possuem uma resposta visual adequada. Os inimigos “clipam” e atravessam as mãos do protagonista, revelando detalhes indesejados dos modelos – um problema amplificado nas lutas contra os chefões, que quebram o ritmo da jogatina juntamente com a interface, que complica a alternância para os socos enquanto se segura outro objeto.
Indiana pode usar itens dos cenários contra seus adversários, mas essa mecânica sofre com uma reatividade baixa que prejudica seu potencial – por exemplo, ao atingir um oponente com uma tocha, ele não pega fogo, pois ela simplesmente cai no chão. Portanto, o ideal é evitar o combate direto e jogar de maneira furtiva. Em vários momentos, Indiana Jones precisa usar trajes especiais para passar despercebido nos ambientes e circular pelas fases sem atrair atenção, além de ter que esconder inimigos derrubados no melhor estilo Hitman.
A dificuldade pode ser personalizada, permitindo ajustar tanto o nível de desafio furtivo quanto a complexidade dos quebra-cabeças. Essa flexibilidade é extremamente bem-vinda e permite que a experiência seja adaptada para todos os tipos de jogadores.
Câmera em duas visões diferentes
A câmera de Indiana Jones and the Great Circle é um pouco confusa e desnecessariamente complexa, porque os desenvolvedores adotaram uma visão em primeira pessoa que não se alinha bem com uma proposta cinematográfica. Não à toa, o jogo intercala frequentemente com uma câmera em terceira pessoa durante as cutscenes e para mostrar as ações realizadas pelo protagonista ao longo da campanha, mantendo a linguagem visual dos filmes da saga.
Faltou um pulso firme e uma coesão maior no design dessa característica da jogabilidade, porque essa alternância constante não funciona, tira parte da imersão do título e causa problemas de performance. Sempre que as câmeras se alternam, há uma leve queda na taxa de quadros, e o desempenho no PC, no geral, é muito pesado. O motivo é o uso do ray tracing, com toda a iluminação global baseada nessa tecnologia.
As cenas são ultra detalhadas e fidedignas à realidade, mas, em compensação, o game é jogável em uma taxa de quadros decente apenas em hardwares potentes e, naturalmente, mais caros, limitando o público em potencial de Indiana Jones and the Great Circle. Não há sequer a possibilidade de desativar o ray tracing nem formas de amenizar seu impacto, visto que o jogo foi lançado sem suporte a geração de frames para placas da AMD e tecnologias de upscaling como o FSR.
Tem estilo visual
O problema é que a forma que os responsáveis implementaram o traçado de raios não traz um impacto prático significativo em comparação às técnicas tradicionais. Os reflexos, um dos principais pontos da tecnologia, são básicos e não refletem o mapa corretamente. Entretanto, com exceção desse aspecto, os visuais são ótimos, com ambientes ricos em detalhes e animações faciais espetaculares – uma cena do filme original foi até recriada aqui com uma fidelidade impressionante.
O protagonista é interpretado por Troy Baker, mas sua aparência é idêntica à de Harrison Ford, o principal intérprete de Indiana Jones – na versão brasileira, quem dá voz a ele é Marcelo Pissardini, o mesmo dublador do último filme. Por conta disso, Indiana Jones and the Great Circle tem uma relativa autenticidade, e não tem grandes bugs além de alguns NPCs que surgem do nada nos mapas.
Contudo, um pequeno detalhe é que certos personagens têm duas vozes diferentes na dublagem nacional, devido aos diálogos nos idiomas dos países onde a trama se desenrola. É uma inconsistência pequena, mas que felizmente não atrapalha tanto a história, pelo menos.
É legal
Mesmo sofrendo com algumas decisões criativas que não funcionaram, Indiana Jones and the Great Circle é uma boa aventura. O jogo é carregado por sua trama divertida e por seus puzzles que, acima de tudo, mostram que os desenvolvedores conseguiram capturar a essência da série com sucesso. É um game excelente principalmente para os fãs da franquia e órfãos de Tomb Raider e Uncharted, que há tempos não ganham um novo lançamento.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong