O lançamento deste jogo marca a volta da desenvolvedora japonesa Atlus, conhecida por jogos aclamados pela mídia e público como Persona, Shin Megami Tensei, Catherine, Dragon ‘s Crown, à família de consoles Xbox. Mesmo fazendo parte da lendária SEGA, empresa que possui uma estreita relação com o Xbox desde o Xbox Clássico, não vimos nenhum jogo da desenvolvedora disponível na plataforma desde a primeira versão de Persona 4 Arena ainda no Xbox 360.
Assim como Persona, Soul Hackers é uma sub-série da franquia Shin Megami Tensei, a qual criou uma narrativa que combina o espiritual com o tecnológico, tendo o lançamento do título original sendo lançado no SEGA SATURN. Agora, graças ao aumento de popularidade da marca no Japão graças ao bem sucedido lançamento dos Xbox Series X/S e ao poder de articulação incrível de Phil Spencer (CEO da divisão de games da Microsoft) temos hoje a possibilidade de jogar Soul Hackers 2 em um console Xbox.
Desenvolvimento: ATLUS
Distribuição: SEGA
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 20.5 horas (campanha)/42.5 horas (100%)
Senta que lá vem história
Os avanços tecnológicos cada vez mais rápidos fizeram com que o volume de informações produzidas pelo homem fosse exponencialmente aumentado. Proveniente desse mar de dados surgiu Aion, uma entidade onipresente e onipotente que previu que o mundo estaria em vias de extinção caso certos acontecimentos do mundo dos homens se tornassem reais. Com o intuito de impedir que o futuro tome esse curso, a entidade criou quatro seres derivados de si próprio para que providências fossem tomadas. O primeiro deles é Flamma, criado para que sua vontade pudesse ser expressada em palavras, sendo utilizada para instruir aquelas que atuariam no mundo dos vivos: Figue e Ringo.
A nível de construção, as duas se assemelham a construtos sencientes, que possuem habilidades e conhecimento o suficiente para interagirem com os humanos sem causar estranheza, chamando atenção desnecessária daqueles que almejam o fim de tudo. Figue possui uma personalidade mais centrada e calma, pensando sempre de forma racional e com foco no seu objetivo. Ringo é o extremo oposto: ela é sempre irônica e questionadora, chegando até a indagar Fimma o motivo pelo qual teve de ser confinada em um invólucro físico assim que acabara de “nascer”.
Após as instruções passadas por Flamma, a dupla parte para o mundo dos vivos com o intuito de impedir que dois humanos específicos sejam mortos, o cientista Ichiro Onda e o devil summoner, Arrow. O que ambas não esperavam é que a situação era muito pior do que o imaginado e que o inimigo já estivesse dois passos à frente, mesmo Aion sendo uma fonte infindável de conhecimento. O que os vilões ganharão com o fim da raça humana? Por que é tão importante para Aion proteger o mundo humano? Respostas a estas perguntas e a muitos outros mistérios estarão esperando por você ao longo das mais de vinte horas da campanha principal do game!
Para ganhar, use os “capirotos”
Como de praxe na série Shin Megami Tensei, você deve colecionar e evoluir demônios com os quais faz pactos. Graças a fatos que não vou contar aqui para não “spoilar” nada para vocês, Ringo consegue a habilidade de realizar essas alianças com as entidades que encontra ao percorrer as dungeons do jogo. Os requisitos para tal variam muito do tipo de criatura até mesmo o momento que você as encontra. Encontrou uma criatura com a qual não possui os requisitos para o contrato? Não se desespere, pois a chance de encontrá-la mais para a frente é grande e muitas vezes as condições para o pacto mudam, sempre variando entre dar um item específico do seu inventário, ceder uma parte do seu hp ou até mesmo o bom e velho dinheiro (não me pergunte como os demônios gastam o dinheiro, porque também não sei).
Uma vez o contrato selado o personagem pode equipar a criatura em um dos seus slots de equipamento, o que dará a possibilidade de utilizar os poderes provenientes desta em batalha. Ao ganhar experiência em batalha, elas podem subir o nível de seu poder e ganhar novos ataques até certo nível, mas não é possível customizar totalmente o moveset. Uma criatura que possui movimentos de fogo não conseguirá aprender um ataque do tipo gelo, por exemplo. O ideal é sempre conseguir o maior número de criaturas possível, pois será necessário intercala-las para derrotar inimigos específicos, uma vez que é apresentado um sistema de franqueza e resistência.
Mas você os personagens canalizam essa energia demoníaca? Com danças e cantos em latim? Nada disso, meu caro, mas a força conferida pelas entidades é canalizada fazendo uso de instrumentos chamados COMPS. Suas formas são muito variadas e não existe forma de customizá-lo, mas ele pode ganhar upgrades ao longo da sua aventura após desbloquear uma certa localidade no mapa. Escolha com sabedoria no que irá investir os aprimoramentos, pois é necessário adquirir uma certa quantidade de itens para fazê-los. Além dos COMPS, você tem à sua disposição acessórios que aumentam atributos de defesa e outros que potencializam a força de certos golpes elementais.
Um mundo quase aberto
Soul Hackers 2 conta com dois tipos de cenários: os estabelecimentos e as dungeons. Os primeiros será onde os personagem fazem toda a parte de preparação para a batalha, pegam informações da missão principal e/ou side quests, além da compra de itens e realização de upgrades. As dungeons são os famosos labirintos onde ocorrem os combates e onde muitos de recursos necessários para obter completar as missões são adquiridos. Aqui você encontra toda sorte de inimigos, os quais vão aumentando de nível e inteligência artificial conforme chega mais próximo a saída ou da entrada do próximo andar.
Inimigos de cor vermelha são normais, podendo ser derrotados com certa facilidade. De cor roxa são absurdamente mais fortes que você, e o ideal é evitá-los pois a morte é quase certa, independente do nível de dificuldade selecionado para a campanha. Os de amarelos/dourados são raros e conferem itens que podem ser vendidos por grandes quantias nas lojas de conveniência. Corra e os derrote o mais rápido que puder, pois pode ocorrer dos inimigos sumirem no meio da batalha caso ela se prolongue por muitos turnos.
Outros monstros que você pode encontrar pelo caminho são os alvos específicos de uma missão de caça, e esses adversários aparecem em sua forma real, diferentemente dos outros citados acima e os chefes de fase/andar. Nem preciso te falar que você deve enfrentá-los somente de HP e MP cheios, né?
Caso surja algum problema e você queria abandonar a dungeon e voltar mais preparado, existem portais pelo labirinto que o levam de volta ao início. Vergonha é morrer por burrice, então se prepare o melhor que puder. Um fato muito importante, que não citei ainda mas que você já deve saber, é que o jogo funciona com um sistema de batalhas por turno, logo não deixe os integrantes da sua party focados apenas em ataque ou defesa, pois, assim como na vida real, o bom balanço é o que faz você vá mais longe. Obs.: Não seja mão-de-vaca, e compre poções para o HP, para o MP e itens que te permitam fugir das batalhas, já que você vai precisar bastante!
Uma experiência amigável aos novatos
Soul Hackers 2 é o primeiro jogo da franquia Shin Megami Tensei que me propus a jogar de forma mais séria. Confesso que o que me gerou interesse foram os visuais caprichados e exuberante desde os primeiros trailers, mas após passar mais tempo com Ringo e sua trupe de heróis nada convencional eu passei a entender um pouco o que cativa tantos jogadores ao longo do globo a colocar a Atlus no mesmo patamar de empresas lendárias como Square e Capcom. Mesmo após uma dezena de horas jogadas, novas mecânicas são ensinadas e você fica feliz de ver tanta coisa nova e que ir logo para as dungeons testar o que aprender. Unido a uma jogabilidade prazerosa, temos uma narrativa comum que leva os protagonistas a salvar o mundo mas recheada de momentos incríveis e com um subtexto que trata temas que você não esperava ver em um mundo tão fictício.
Apesar da falta de localização para o nosso idioma, é difícil torcer o nariz para um conjunto que alinha de forma tão harmoniosa a jogabilidade com uma boa história. Pode ser a visão de um novato falando alto, mas sugiro a quem puder dar uma chance ao jogo, e mesmo aqueles que ainda estão na geração passada conseguem rodá-lo bem nos Xbox One base, então podem ir sem medo. Que essa volta da Atlus ao Xbox seja para ficar, e que mais e mais jogos únicos de desenvolvedores japoneses estejam disponíveis para a galera da “caixa”.
Cópia de Xbox Series X/S cedida pelos produtores