The Devil in Me, o quarto título anual da The Dark Pictures Anthology, traz ótimas novidades para a consagrada receita de terror interativo da Supermassive Games. Publicado pela Bandai Namco, o encerramento da primeira temporada da franquia chega alguns meses após o lançamento de The Quarry. Porém, assim como seu antecessor, o novo game da empresa sofre com vários problemas técnicos que prejudicam uma ótima experiência.
Desenvolvimento: Supermassive Games
Distribuição: Bandai Namco Entertainment
Jogadores: 1-5 (local e online)
Gênero: Terror
Classificação: 18 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X/S
Duração: 7 horas (campanha)/13 horas (100%)
Um slasher comum
Com jump scares constantes, a trama apresentada por The Devil in Me é previsível. A narrativa coloca um time de reportagem que cobre histórias de assassinos famosos para produzir um programa de TV dentro de um hotel situado em uma ilha secreta que replica o famigerado Murder Castle, de H. H. Holmes, famoso serial killer estadunidense. A empreitada jornalística obviamente termina mal quando os cinco funcionários da Lonnit Entertainment passam a ser caçados pelo responsável pelo ambiente, ao estilo de Jogos Mortais.
Com suporte para a jogatina cooperativa com até cinco pessoas distintas, os jogadores precisam decidir os rumos da história através de escolhas, que podem resultar na sobrevivência ou na morte de cada membro da equipe de filmagem. O número de opções disponíveis garantem um alto valor de replay, já que cada playthrough pode acabar de uma maneira completamente diferente. Ao contrário de The Quarry, The Devil In Me não recebeu uma dublagem em português, contando apenas com legendas no idioma nacional. A legibilidade dos textos não é boa, já que a fonte escolhida não é ideal para um jogo apresentado como um filme.
Infelizmente, o estado técnico do jogo não faz jus às performances do grande elenco, capitaneado pelas vozes, aparências e movimentos corporais de atores como Paul Kaye, de “Game of Thrones”, e Jessie Buckley, conhecida por participar da série “Chernobyl”. A experiência cinemática proposta é prejudicada por animações robóticas e problemas na sincronização do áudio com a imagem.
A imersão é quebrada em diversos momentos da campanha, dado que o jogo exibe telas de carregamento no meio das cenas, provocando notáveis falhas de continuidade. Apesar dos defeitos visuais, a composição e iluminação impressionam. O excelente trabalho executado pelo pessoal da Supermassive proporciona uma cinematografia sensacional e atmosférica.
Gameplay com novos elementos
Com uma ênfase maior na jogabilidade, The Devil In Me se distingue dos outros games da Supermassive ao combinar o filminho de sempre com elementos clássicos do survival horror, como o gerenciamento de recursos e a solução de quebra-cabeças. Os protagonistas agora correm, se escondem e escalam determinados locais, mas a movimentação travada e o sistema de câmera ruim dificultam estas tarefas. Eles também conseguem utilizar seus equipamentos para sobreviver às situações extremas em que foram colocados.
Explorar todos os cantos é importante para encontrar itens chave, além de premonições do que pode acontecer e dicas que revelam segredos sobre o hotel. No entanto, nem todos os elementos do mapa possuem marcas que sinalizam a possibilidade de interação, gerando frustração em certos instantes da trama.
O título mantém os tradicionais eventos de ação rápida. É preciso prestar atenção em todos os atos da história para evitar errar os QTEs, que podem ser personalizados através do enxuto menu de acessibilidade. Visando combater trapaças, a Supermassive designou uma funcionalidade de salvamentos estrita, que salva e substitui todo o progresso de forma automática, mas sem indicar tal ação durante a jogatina.
Versão de PC decepciona
Um drama interativo que conta com uma infinidade de bugs visuais passa longe de ser algo agradável de ser assistido. Mesmo na melhor opção possível, as texturas de todos os ambientes são exibidas em uma resolução visivelmente baixíssima. O filtro de anti serrilhamentos utilizado arruína a qualidade da imagem e provoca ghosting em diversas cenas. A performance da versão para computadores poderia ser muito superior, pois a Supermassive não implementou suporte para nenhuma tecnologia de upscaling.
O jeito mais aconselhável de prestigiar The Devil in Me é com a taxa de quadros limitada na casa dos 30 fps, visto que as animações ficam pouco naturais quando mostradas em uma framerate superior. O título foi notavelmente designado com o joystick em mente, e por causa disso, os controles para o mouse e teclado não funcionam adequadamente.
É legal, apesar dos bugs
Sem se estender e com muitos sustinhos, The Devil In Me põe ideias interessantíssimas na mesa. A mistura da tradicional fórmula da Supermassive com características fundamentais do terror de sobrevivência funcionou muito bem e colocou a desenvolvedora em um ótimo caminho, mas tudo é prejudicado pelo péssimo estado técnico no qual o jogo foi disponibilizado por seus produtores. O estúdio precisa começar a oferecer produtos polidos e plenamente funcionais para seus consumidores.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno