Capa de The Quarry

Review The Quarry (PC) – Um filme slasher jogável

A Supermassive Games encontrou uma verdadeira mina de ouro com sua combinação de terror com filmes interativos, que foi apresentada para o mundo em Until Dawn. Depois do inesperado sucesso do jogo lançado em 2015, o estúdio britânico decidiu investir pesado em sua inovadora fórmula de gameplay, culminando nos títulos anuais da The Dark Pictures Anthology, e em The Quarry, o mais recente projeto da produtora realizado em parceria com a 2K Games.

Curiosamente, todos esses novos produtos da Supermassive possuem os mesmos pontos positivos e negativos, sem melhorias perceptíveis entre um lançamento e outro. Contar com um elenco espetacular, uma narrativa aterrorizante e um complexo sistema de escolhas, mas com muitos problemas técnicos irritantes e uma falta geral de polimentos aparenta ter virado uma regra para os jogos do estúdio, e The Quarry, infelizmente, não é nenhuma exceção.

Desenvolvimento: Supermassive Games 

Distribuição: 2K Games 

Jogadores: 1-8 (local)

Gênero: Terror, Aventura

Classificação: 18 anos

Português: Interface, legendas e dublagem 

Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S

Duração: 9 horas (campanha)/11 horas (100%)

Uma noite alucinante

Acampamento de The Quarry

Escrito e dirigido por Will Byles, que anteriormente foi responsável por Until Dawn, The Quarryapresenta uma narrativa que gasta bastante tempo desenvolvendo os dramas adolescentes dos personagens principais, mas, claro, com muitos momentos completamente tensos e aterrorizantes no meio do caminho. O título da Supermassive não tenta esconder suas inspirações e homenagens a clássicos do cinema slasher, bebendo diretamente da fonte de filmes como Acampamento Sinistro e Sexta-feira 13.

O jogo é situado no último dia de um acampamento de verão, quando todos os funcionários estão se preparando para ir embora e voltar para a vida normal, até que um deles decide fazer de tudo para colecionar mais um momento entre amigos em Hackett’s Quarry. A noite de lua cheia, com muita diversão e bebedeira entre os monitores do acampamento, não acaba bem quando os inspetores se desentendem e, ao mesmo tempo, passam a ser caçados pelos moradores da região e pelas coisas sinistras que habitam a floresta que rodeia o local.

Contando com um impressionante sistema de escolhas que abre espaço para um mar de possibilidades (são 186 finais diferentes), o papel do jogador é tentar fazer com que todos os nove personagens jogáveis sobrevivam a essa caçada, ou talvez transformar a noite numa verdadeira madrugada dos mortos.

Interagindo com o pesadelo 

Ditando os rumos da história em The Quarry

The Quarry é apresentado para seus jogadores como um grande filme, fazendo uso até do formato de tela 21:9 para dar um verdadeiro ar de cinema para a experiência. Passamos grande parte do tempo assistindo aos eventos se desenrolando, tendo que interagir em determinadas situações com escolhas que ditam os rumos da narrativa. A jogatina requer extrema atenção em absolutamente todos os momentos, pois existem constantes eventos de ação rápida que afetam a história.

Entre uma cena e outra, podemos explorar os cenários e conhecer mais sobre o universo do título. A exploração funciona com uma câmera em terceira pessoa e, durante ocasiões determinadas, em ângulos fixos – que realça muito bem a atmosfera incrível da floresta e do acampamento. A movimentação, que é semelhante aos antigos controles tanque, não é muito boa e responsiva, o controle de câmera é ruim, e o mapa possui muitas barreiras invisíveis que atrapalham a exploração.

Selecionando personagens no modo cooperativo local de The Quarry

A Supermassive decidiu permitir que a narrativa de The Quarry seja experienciada por diferentes modos de jogo. Além do modo normal, temos mais duas opções diferentes para a jogatina. No modo cooperativo local, até oito jogadores podem assumir o papel de cada um dos personagens principais do jogo. E através do modo filme, é possível se transformar em um diretor de cinema, selecionar como cada personagem deve se comportar em determinada situação e assistir os eventos acontecerem, sem a necessidade de interagir. Também é permitido selecionar cenários pré determinados, onde todos os personagens ficam vivos ou morrem. São duas boas opções que agregam muito valor ao jogo, mas para a primeira partida, o recomendável é seguir pelo modo padrão.

Para futuras jogatinas, uma das grandes novidades de The Quarry em relação aos outros produtos da desenvolvedora é uma nova função em que é possível dar uma rebobinada na fita e evitar a morte de um personagem – mas é preciso utilizar a mecânica com sabedoria, já que ela está disponível para uso apenas três vezes por partida salva. Liberada desde o princípio para quem possui a edição deluxe do título, essa funcionalidade acaba com a tensão e o risco que é proporcionado pelo sistema de escolhas do jogo. Ter a opção de reverter pequenas escolhas seria muito mais interessante do que possuir o poder de desfazer o que deveria ser permanente.

Elenco de estrelas

Ted Raimi em The Quarry

O jogo de terror da Supermassive possui um elenco impressionante. Grandes nomes do terror como Ted Raimi (Evil Dead), David Arquette (Pânico) e ícones de séries adolescentes como Brenda Song (Zack & Cody) e Ariel Winter (Família Moderna) estão marcando presença em The Quarry e emprestando suas vozes e aparências para os personagens do título. O trabalho de animação, de capturas de movimentos e de expressões faciais realizado pela desenvolvedora britânica é admirável. A equipe conseguiu transpor com sucesso a boa e expressiva atuação do elenco para o 3D, mesmo com alguns modelos passando uma sensação de pertencerem ao vale da estranheza.

É possível prestigiar o produto em inglês, com a interpretação original do elenco, ou com a dublagem, pois a 2K Games produziu uma localização completa para o português brasileiro (e mais outros 6 idiomas). Os responsáveis pelo áudio dublado realizaram um ótimo trabalho e selecionaram boas vozes, que condizem totalmente com cada personagem do jogo. No entanto, nem todos os diálogos são completamente sincronizados com os movimentos faciais dos atores. Algumas falas se encerram antes do final da animação, criando momentos estranhos e que deveriam ter sido corrigidos pelos produtores antes do lançamento do título.

Experiência personalizável

Opções de acessibilidade de The Quarry

A Supermassive incluiu muitas opções de acessibilidade em The Quarry, que podem ser ajustadas durante qualquer momento do título. Os desenvolvedores permitem automatizar a execução dos eventos de ação rápida, aumentar o tempo disponível para realizar escolhas e até mirar automaticamente. A edição mais cara do produto disponibiliza uma lista de filtros visuais, que alteram a cinematografia do jogo de acordo com a opção selecionada, sendo possível optar entre prestigiar a narrativa com uma imagem mais vibrante ou em preto e branco.

As opções de legenda permitem que o tamanho da fonte seja alterado, e que personagens sejam especificados com uma cor para cada. Os desenvolvedores até adicionaram uma fonte de legendas dedicada para quem possui dislexia. Um esforço espetacular por parte da Supermassive, que precisa virar um padrão para a indústria de jogos.

Terror nos bastidores 

Opções gráficas de The Quarry

A performance em geral do produto é muito ruim na versão para o PC, sendo necessário travar o framerate em 30 para evitar quedas bruscas durante momentos cruciais. O tempo de carregamento entre cenas é absurdamente demorado, mesmo com os arquivos instalados em um SSD. A navegação dos menus durante a jogatina é inexplicavelmente demorada, tomando sempre bons minutos para abrir a lista de configurações. Os desenvolvedores não implementaram o suporte para tecnologias importantes como o DLSS e o FSR, e o menu para alterar as opções visuais não possui configurações suficientes para personalizar os gráficos. The Quarry, obrigatoriamente, é um título com uma imagem granulada e embaçada.

Durante cada cena, existem problemas graves relacionados à sincronização do áudio. O som é quase sempre executado segundos antes do vídeo – um defeito gravíssimo, que só pode ser corrigido através do uso de ferramentas criadas pela comunidade. Muitos pequenos objetos possuem bugs perceptíveis em suas animações, e há falhas de renderização relacionadas aos reflexos e a distância dos materiais no cenário. Estas gafes, que deveriam ter sido corrigidas durante o processo de verificação de qualidade, prejudicam completamente a imersão desse filme interativo.

Vale a pena

Mesmo possuindo um ritmo lento, chato, inconsistente e pouco dinâmico, The Quarry é um excelente filme interativo de terror, que só fica interessante após o fim do longo período em que a narrativa gasta a toa desenvolvendo as relações pessoais entre os protagonistas – o que geralmente acontece em poucos minutos em um filme slasher qualquer acabou durando uma eternidade no jogo.

O elenco entregou uma performance sensacional, a atmosfera do acampamento e da floresta é incrível, os momentos de tensão são alucinantes e eletrizantes e o sistema de escolhas funciona muito bem. Só faltou uma atenção adicional aos aspectos técnicos por parte da Supermassive Games, que, infelizmente, acabaram afetando a experiência geral de forma negativa.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

The Quarry

8

Nota Final

8.0/10

Prós

  • Sistema de escolhas impressionante
  • Ótimo elenco
  • Atmosfera incrível

Contras

  • Carregamento demorado
  • Animações com problemas
  • Áudio sem sincronia