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Review High On Life (Xbox Series X) – Um shooter nada convencional com muito, muito falatório

Hoje em dia temos na indústria dos jogos uma variedade de shooters que se destacam pelas suas especialidades. Call of Duty e Battlefield são os veteranos de guerra do gênero com campanhas boas e multiplayers viciantes. DOOM e Wolfenstein são shooters frenéticos, exigindo velocidade de reação e agressividade. Overwatch e Paladins juntaram o gênero com os MOBAs. E, por fim, temos os Battle Royales que dominam a cena com Fortnite e Warzone.

Indo na contramão de todos esses citados, há também o que gosto de chamar de shooters satíricos. Neles, o tiroteio frenético é um aspecto divertido, mas que divide o brilho com um humor ácido constante em que nada é levado a sério. High On Life é a definição desse estilo de shooter, mas consegue elevar o humor e o falatório à décima potência. Como foi feito pelo co-criador de Rick and Morty, o humor e as piadas são a maior parte do entretenimento e também o que o faz diferenciado. No entanto, é difícil amar High On Life, uma vez que é complicado acompanhar o seu ponto mais forte.

Desenvolvimento: Squanch Games, Inc.

Distribuição: Squanch Games, Inc.

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação, Aventura, Tiro

Classificação: 16 anos

Português: Não

Plataformas: PC, Xbox One, Xbox Series X/S

Duração: 9 horas (campanha)/17 horas (100%)

Atirando como nunca

Primeira troca de tiros na vida inteira.

O princípio de High On Life é o mesmo de shooters frenéticos já citados: sair atirando contra muitos inimigos de forma rápida e sempre se movimentando. Usando DOOM Eternal como resumo prático, aqui nós temos tudo que é encontrado nele. Usamos uma armadura, no qual o visor do capacete mostra nosso escudo e vida. Há muitos momentos de plataforma nos quais é preciso saber usar o pulo e um ímpeto. Contudo, por mais que tudo isso seja quase semelhante, a maior diferença entre esses dois títulos são as armas e como elas são exemplos de peculiaridade.

Nossa arma inicial em High On Life é uma pistola com muita personalidade – todas têm e falo melhor sobre isso no próximo tópico. Porém, além de tiros únicos, ela também pode lançar granadas de meleca que arremessam inimigos para o alto ou até nos catapultam para locais longínquos. Diferente dela, há uma que atira seus próprios filhos, que são semelhantes a granadas, mas que comem o inimigo e podem entrar em locais pequenos para abrir passagens.

No geral, todas as armas possuem utilidades tanto para o combate quanto para os momentos de plataforma. Elas são únicas não apenas em High On Life, mas em qualquer jogo de tiro existente. As suas variações junto com mods encontrados em baús renovam a experiência, tanto que é possível até fazer combos com elas. Pense em uma arma bizarra e High On Life te surpreenderá com uma ainda mais estranha, principalmente quando elas possuem vida própria e não param de falar.

Tudo tem limite

Lizzie dando sermão no protagonista.

A história de High On Life não é mirabolante, mas, assim como sua jogabilidade, tem suas singularidades. Você controla um jovem que acaba de sair do ensino médio, mas que não tem uma perspectiva de futuro e vive seus dias preso no quarto jogando videogame. Quando seus pais saem para uma viagem, um cartel de drogas alienígenas chamado G3 invade a Terra e mata um caçador de recompensas, que deixa para trás sua arma falante.

No mesmo estilo do Skippy, a arma falante de Cyberpunk 2077, Kenny é a versão alienígena, mas que é dez vezes mais tagarela e engraçada. Ele é o verdadeiro protagonista. Do início ao fim, é Kenny quem irá xingar, interrogar e roubar a cena. 

Kenny falando nada com nada.

Sua raça alienígena, os Gatlians, também são usados pela G3 e estão espalhadas pelo universo. Assim como suas habilidades únicas já citadas, cada uma delas tem uma personalidade. Kenny é o mais boca suja e com baixa autoestima, porém, também temos Knifey, uma faca psicopata louca para matar. Embora muito diferentes, todas têm uma coisa em comum: falar, provocar e zoar mais do que é tolerável.

A maior crítica que High On Life vem recebendo talvez seja seu falatório em excesso, mas não citei ela aqui porque sua existência me incomoda, e sim muito pelo contrário. Como disse anteriormente, gosto muito de todas as referências, sátiras e piadas que existem no título. Porém, a enorme dificuldade em acompanhar tudo o que é dito e informado acaba ofuscando o brilho do jogo.

High On Life é muito engraçado, mas é ainda mais divertido durante os combates. Eles são frenéticos e exigem atenção demais nos inimigos, sendo difícil ler as legendas, que estão em inglês e que, para mim, eram pequenas. Portanto, a possibilidade de aumentar o seu tamanho seria simples e muito bem vindo. 

A única opção que sobra é apenas escutar o que as armas dizem. Se for bilíngue e entender bem inglês, mesmo com muito gaguejar, gírias e armas sendo disparadas, você conseguirá experienciar High On Life como é esperado. Caso contrário, sinto muito, mas você talvez perca grande parte de seu conteúdo. Depois de derrotar o terceiro chefe, as coisas já não eram mais tão emocionantes por conta desse empecilho.

Uma viagem colorida e psicodélica

Chegando em uma cidade alienígena bem colorida.

De tudo que já foi falado nessa análise, o maior indicativo de que High On Life é feito por um criador de Rick and Morty é o visual. O uso de cores chamativas em alto contraste somado às criaturas alienígenas encontradas e os planetas com suas próprias estranhezas, parecem ter saído diretamente da animação. Estes que são grandes e escondem muitos segredos, possuindo um level design único, como tudo que já foi citado.

O que não é muito singular em High On Life, mas que ocorre bastante são os inimigos presos em superfícies. De tempos em tempos, durante os combates, é normal encontrar algum inimigo atravessando paredes ou preso nelas. Porém, um ponto muito positivo que demonstra a potência do console são as viagens rápidas quase instantâneas e o framerate fixo do início ao fim.

Antes de finalizar, é bom dar um aviso: jogar High On Life é quase como estar sob efeito de uma substância psicoativa e sentir suas consequências. A junção de tudo com o visual torna a aventura em algo quase psicodélico. O que reforça essa ideia, fora as muitas loucuras que presenciamos, são os incessantes brilhos que ocorrem ao levar dano. Não é difícil sentir dores de cabeça depois de uma prolongada dose de High On Life ou sentir os olhos cansados e doloridos.

Decepcionante e incompleto

High On Life me deu uma experiência incompleta e decepcionante. As suas particularidades, dignas de alguém que criou Rick and Morty, são a melhor parte do jogo. No entanto, há a dificuldade em acompanhar aquilo que faz a animação ser o sucesso, que são os diálogos e humor. Isso, na minha opinião, tira muito do que há de bom em High On Life, e fez da experiência algo até cansativo. Se ao menos pudéssemos rever diálogos com mais calma, muito do problema seria resolvido.

Cópia de Xbox Series X/S cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

High On Life

7

Nota final

7.0/10

Prós

  • Variedade de armas e habilidades bizarras
  • Armas engraçadas e com personalidades únicas
  • Jogabilidade rápida e divertida
  • Planetas com level design único

Contras

  • Falta de legendas em Pt-Br
  • Inimigos presos em superfícies
  • Impossibilidade de ampliar legendas