The Dark Pictures Anthology: House of Ashes é a terceira parte da primeira temporada da antologia de filmes interativos criados pela Supermassive Games. O título apresenta uma trama repleta de ideias intrigantes e reviravoltas surpreendentes, mas uma miríade de problemas técnicos impede que o game seja verdadeiramente espetacular – algo que também ocorre nos outros jogos do mesmo estúdio.
Desenvolvimento: Supermassive Games
Distribuição: Bandai Namco Entertainment
Jogadores: 1-5 (local) e 2 (online)
Gênero: Terror
Classificação: 18 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PS4, PS5, PC, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração: 7 horas (campanha)/16 horas (100%)
Presos numa caverna
A narrativa se desenrola em 2003, pouco tempo após a invasão americana no Iraque que resultou na deposição do ditador Saddam Hussein. Uma equipe adentra uma nova zona de guerra em busca de armas químicas que permaneceram no país, precisando assegurar que ninguém possa voltar a utilizá-las. No entanto, depois que o chão de uma região cede em meio a tiros e bombas, os soldados de ambos países se veem presos dentro de um templo sumério repleto de criaturas vampirescas e contagiosas. Partindo disso, os militares precisam deixar suas diferenças de lado em prol de um único objetivo: a sobrevivência.
É necessário garantir que os personagens jogáveis consigam escapar da Casa das Cinzas, uma caverna enorme lotada de ameaças e armadilhas. A aventura pode ser jogada em modo single player ou em dois formatos cooperativos diferentes, pois é possível convidar um amigo online, que tem acesso a uma cópia secundária gratuita por meio do passe de amizade disponibilizado na Steam. A outra forma consiste em juntar cinco jogadores que podem assumir o papel de um personagem e passar o controle uns aos outros na hora de jogar com eles, sendo essa uma ótima opção para quem gosta de um coop local.
Interagindo com o pesadelo
Durante a campanha, é necessário realizar decisões que guiem os rumos da narrativa, definindo quem vive ou morre através de escolhas durante os diálogos e momentos de ação. É vital acertar os eventos de ação rápida enquanto se assiste às cenas – e também aprender que existem horas em que esses botões não podem ser pressionados, isso tudo para determinar um desfecho específico a um personagem da trama. Entretanto, um ponto negativo do título é essa neura da sobrevivência ser válida apenas para os personagens jogáveis. Certos membros da equipe morrem independentemente das seleções feitas, quebrando um pouco a própria interatividade de House of Ashes.
A gameplay pode ser personalizada nas configurações de acessibilidade do jogo. Podemos desativar o limite de tempo nas situações em que alguém precise utilizar uma arma, além de poder inserir breves avisos nos QTEs para evitar ser pego de surpresa no decorrer das cenas. Porém, não há uma forma de reverter alguma decisão, porque tudo é salvo automaticamente a todo instante. Para voltar atrás e escolher outro caminho, só começando um novo salvamento.
Além das cutscenes, existem pequenas seções de exploração nos cenários, nas quais é preciso investigar os itens presentes no mapa para descobrir a relação deles com a trama e até saber o que pode acontecer no futuro. Combinados, esses fatores resultam em uma campanha eletrizante, com uma boa história e um ritmo dinâmico – embora ela se escore demais em jump scares para criar sustos.
Os mesmos problemas de sempre
A narrativa é excelente, mas o estado técnico de House of Ashes é decepcionante. Os problemas mais visíveis residem diretamente nas cutscenes, que apresentam diversos bugs e erros de continuidade. A performance dos atores nem sempre é condizente com as respectivas cenas, e é possível ver o jogo alternando para uma cena de um rumo específico no meio de uma conversa. As cenas são frequentemente interrompidas por telas de carregamento, que podem durar um tempo considerável e prejudicar a proposta do game. Afinal, filmes reais não costumam ser paralisados momentaneamente por telas como essas.
A experiência fotorrealística proporcionada pelo jogo é bastante inconsistente consigo mesma. O título conta com a presença de estrelas como Ashley Tisdale (High School Musical) e Pip Torrens (Preachers) em seu elenco, mas os personagens aparecem com animações robóticas e uma movimentação travada, apesar de possuírem modelos extremamente detalhados. Existem outros bugs que atrapalham a jogatina, como uma distância de renderização baixa de elementos dos cenários, texturas em uma qualidade ruim e falhas visuais nos reflexos, até com o ray tracing ativado.
A câmera nos momentos de exploração é péssima, já que o personagem ocupa metade da tela nas fases mais apertadas, mal dando para ver o cenário. Isso é um sinal de que os produtores deveriam ter adotado uma câmera em ângulos fixos em vez de uma visão sob os ombros dos protagonistas, o que aprimoraria a cinematografia do título. Contudo, o restante da apresentação impressiona, com uma iluminação incrível e excelentes planos apresentados em ultra widescreen, além de legendas em português e uma trilha sonora sensacional que se encaixa perfeitamente com a trama.
Bom, mas com ressalvas
The Dark Pictures Anthology: House of Ashes tem uma história dinâmica, personagens cativantes e uma duração na medida certa. Mesmo com um estado técnico muito aquém do esperado, a empreitada da Supermassive não deixa de ser uma experiência agradável para os fãs de um bom filme de terror.
Cópia de PC adquirida pelo autor
Revisão: Ailton Bueno