“Quer sair dessa fossa? Comece a se conectar com as coisas estranhas à sua volta”, disse Alex, uma simpática turista que se torna amiga de Luisa, a protagonista de Dungeons of Hinterbeg. Conexão com o estranho é o que propõe o primeiro jogo da Microbird Games, em uma aventura mágica nos alpes da Áustria que mescla simulador social aos moldes de Persona com combate e desafios em masmorras, semelhantes a The Legend of Zelda: Breath of the Wild. É um conjunto ousado de inspirações, mas veremos aqui se deu certo.
Desenvolvimento: Microbird Games
Distribuição: Curve Games
Jogadores: 1
Gênero: Aventura, RPG, Ação
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataforma: Xbox Series X|S, PC
Duração: 13 horas (campanha)/35 horas (100%)A magia está no ar
Hinterberg é um vilarejo turístico montanhoso localizado no interior da Áustria. Aqui, em sua versão digital, apareceram misteriosamente vinte e cinco portais que levam cada um a uma masmorra específica, separadas em quatro áreas dotadas de magia. Depois de investigarem e chegarem a conclusão de que é seguro, as autoridades locais liberaram o uso da magia e a entrada das masmorras para entretenimento, multiplicando o turismo local em 10 vezes.
Com o objetivo de fugir de sua maçante vida de trabalho e estudos, a protagonista Luisa com decidiu fazer uma viagem de férias para vivenciar as novas aventuras que apareceram em Hinterberg.
Misteriosos terremotos e outros incidentes começam a atingir a cidade, e com a ajuda de algumas pessoas, a heroína percebe que precisa se conectar com a magia, e assim, consigo mesma, para impedir que outros males aconteçam. Ela também descobre que há uma conspiração envolvendo a magia.
Dungeons of Hinterberg possui uma aura etérea. À primeira vista, é um pouco estranha, mas depois de concluir algumas masmorras e conversar com as pessoas, é possível perceber que essa aura tem o objetivo de desconectar o jogador e os personagens de suas realidades, fazendo parte da proposta de ambientação.
A aventura passa uma mensagem que vai além de uma viagem de férias, com o objetivo de fazer nós percebermos e nos conectarmos com a magia existente ao redor, que está na natureza, em uma reunião em volta da fogueira, em uma conversa a dois na cafeteria ou em um tempo isolado no cume de uma montanha apenas para contemplar a própria existência. O jogo faz isso durante os profundos diálogos ou pensamentos da própria Luisa.
Fogo na arena
Dungeons of Hinterberg se passa em ciclos de manhã, meio-dia, tarde, noite e madrugada. Durante a manhã, Luisa decide e viaja para onde quer ir, chegando meio-dia em uma das quatro áreas. Depois, ela pode explorar e escolher passar a tarde em uma aventura nas masmorras, ou descansar e relaxar em um local pitoresco.
De noite, na cidade, é quando os laços sociais com vários personagens são fortalecidos. A protagonista escolhe com quem conversar e isso dá alguns benefícios para as aventuras. Por fim, a madrugada é seu momento de descanso. Os laços sociais e as masmorras são igualmente importantes para o avanço da história.
Os combates, que são semelhantes a The Legend of Zelda: Breath of the Wild, ocorrem em arenas predeterminadas, e muitas vezes os inimigos, que são uma gosma humanóide com máscaras de criaturas mitológicas locais, já estão à mostra para indicar a luta. Luisa utiliza espadas, magias e golpes especiais, os Condutos de Ataque. Todos os equipamentos podem ser comprados e melhorados na cidade. A magia é útil nos combates e nos quebra-cabeças das masmorras.
A dificuldade é balanceada e não é frustrante, os saves automáticos são constantes e é possível retornar às fases já concluídas para conseguir mais dinheiro. O combate com bosses, por fim, é bem divertido, pois mistura um quebra-cabeça próprio com a luta.
Isso é coisa de cinema
A Microbird Games fez um trabalho impecável na ambientação. O vilarejo é inspirado em versões reais de cidades turísticas da Áustria, e, devido a isso, é um local que faz sentido. Inclusive, eles afirmaram em entrevistas que visitaram várias cidadezinhas semelhantes para construir sua Hinterberg.
A escolha artística de cores parece meio duvidosa e cansa os olhos com o tempo, devido ao excesso de tons fortes, principalmente nas masmorras, mas isso tem o objetivo de transferir a aura mágica e etérea da obra para o jogador, bem como as músicas, que utilizam de sintetizadores e sons constantes e fluídos. Isso acontece de uma forma genuína, a ambientação do título é fantástica e faz parecer que a magia está entre nós.
Os personagens e criaturas são bem carismáticos e transparecem suas personalidades, com sorrisos sinceros que também nos fazem dar sorrisos sinceros. Em vários momentos, me coloquei no lugar de Luisa e também percebi a inveja que uma colega teve por ela, por exemplo.
Festa de interior
O vilarejo de Hinterberg foi muito impactado quando a magia apareceu. Ela foi capaz de tocar nas pessoas e fazê-las perceber a importância de se relacionar consigo mesmas, e isso é uma verdade que ultrapassa a tela e vem para o jogador, tamanha a capacidade de ambientação da obra. Recomendo Dungeons of Hinterberg para quem quer se conectar novamente consigo, mas também para quem gosta de aventuras de ação e de formar vínculos sociais.
Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores
Revisão: Julio Pinheiro