Capa Still Wakes the Deep

Review Still Wakes The Deep (Xbox Series S) – O perigo das profundezas

Durante um dia de trabalho comum na plataforma de petróleo Beira D, localizada ao norte da Escócia em alto-mar, um estranho acidente ocorre, colocando toda a tripulação em risco. Com o pânico instaurado, Still Wakes the Deep propõe uma aventura que mistura terror biológico e psicológico com ação de sobrevivência. Mas será que o jogo cumpre o que promete? Acompanhe aqui conosco.

Desenvolvimento:  The Chinese Room
Distribuição: Secret Mode
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Terror, Simulação
Classificação: 18 Anos
Português: Legendas e interface
Plataforma: Xbox Series X|S, PC, PS5
Duração5 horas (campanha)/10 horas (100%)

Risco biológico

Névoa na plataforma de petróleo Beira D
Caz enfrenta alguns problemas com sua esposa

Cameron ‘Caz’ McLeary é um eletricista esquentado que aceitou um emprego na plataforma de petróleo Beira D para fugir da polícia, que o procurava após algumas brigas. Foi indicado pelo seu amigo Roy, e apesar da insistência de sua esposa, ele vai. Depois de alguns dias, é chamado pelo diretor da plataforma, Rennick, até sua sala para demiti-lo, pois descobriu que ele estava sendo procurado pela polícia.

No caminho para ir embora, um acidente na plataforma acontece e o eletricista cai no mar. Ao acordar após ser resgatado, Caz se depara com uma massa biológica que consome e controla os humanos para crescer e multiplicar.

Rennick, o diretor da plataforma
O diretor da plataforma é uma pessoa desprezível

A construção da narrativa é agradavelmente linear e a história é contada conforme os objetivos vão sendo atingidos, mas sempre acontece alguma coisa errada de forma que novos objetivos aparecem e novas tarefas precisam ser feitas. Apesar disso, por ser uma obra curta, não há tempo o suficiente para que surja uma sensação de repetição.

É interessante que cada objetivo cumprido gera uma reação que afeta toda a plataforma. Ao retornar pela segunda vez aos quartos, por exemplo, o ambiente está completamente diferente, e na terceira vez, está mais diferente ainda. Isso dá a sensação de novidade e não torna o jogo cansativo.

A infecção biológica
Massas biológicas tomam várias partes de Beira D

Durante a aventura, Caz é posto à prova e mostra seu ímpeto em sobreviver. O arrependimento por ter fugido sem se despedir e a saudade de sua esposa e filhas são tópicos importantes para ele, principalmente nos diálogos e monólogos. São nas conversas com seus amigos que o herói recebe seus objetivos e notícias de outros sobreviventes e setores que exigem alguma manutenção.

Por ser o mais corajoso, ele precisa executar os serviços nos lugares mais perigosos, como religar os geradores na sala que foi tomada pela criatura ou liberar as pernas da plataforma no lugar mais profundo.

A história do título é sensacional, acaba quando deve e da forma que precisa, mas não do jeito que o jogador quer e está acostumado. Caz se mostra forte sem que a obra o torne um herói com poderes obtidos pela infecção ou algo assim, trazendo um personagem muito humano, que fala coisas e toma decisões próximas da realidade, fazendo o jogador ter muita empatia por ele e pela situação.

Submergir

Innes sendo morto pela criatura
Caz vê seus amigos sendo mortos

Still Wakes the Deep se inspira em títulos famosos de terror com um perseguidor, mas faz de uma maneira diferente. Dentro de seu escopo, os momentos em que são necessários se esgueirar e esconder para não ser morto são poucos e pontuais. Talvez seria interessante adicionar um momento de fuga a mais no começo e outro no final para ficar perfeito, mas, mesmo assim, já está muito bom.

A sensação de terror não vem somente do risco biológico, uma vez que a obra abusa perfeitamente de dois outros aspectos: a talassofobia, medo de profundezas aquáticas, e acrofobia, medo de altura, de forma tão genial que até quem não possui estas condições é afetado de alguma maneira. 

Pessoa infectada pela massa biológica
A IA das criaturas é péssima, é muito fácil despistá-las

O jogo não possui inventário ou qualquer outro menu além das configurações, Caz somente se esconde e arremessa objetos para distrair as criaturas e possui o básico de movimentação, necessário para passar os desafios de plataforma, que são frequentes. Isso afasta a obra de simuladores de caminhada, mas não chega a ser um filme interativo pois é possível explorar e fazer descobertas sobre a tripulação e a plataforma Beira D.

Clima de catástrofe

Caz procura por seus amigos apesar do caos
Caz procura por seus amigos apesar do caos

A obra é primorosa em relação às imagens e efeitos sonoros. O design das criaturas e da massa biológica que aos poucos vai dominando a plataforma causa terror e uma certa agonia devido ao sangue, pústulas, tentáculos e outras partes humanas expostas em posições e situações bizarras. 

O clima de medo, as conversas com sotaque único, a escuridão e os efeitos sonoros somam-se e geram uma ambientação única, dando a sensação de que fazemos parte da aventura e precisamos sobreviver junto a Caz.

Emergindo das profundezas

Still Wakes the Deep foi uma aventura única que vivi. Mais complexo que um simulador de caminhada ou um filme interativo, é uma história que encontrou nos games a melhor forma de ser contada. Seu encerramento é fantástico por ser atípico, e pelo curto tamanho da obra, recomendo a todos que possuem acesso ao Xbox Game Pass – com exceção para as pessoas com talassofobia e acrofobia.

Adquirida através do Game Pass.

Revisão: Julio Pinheiro

Still Wakes the Deep

8

Nota final

8.0/10

Prós

  • Ambientação
  • Curto e linear
  • Design das criaturas

Contras

  • Poucos encontros com monstros
  • Péssima IA das criaturas