The Plucky Squire capa

Review The Plucky Squire (PC) – Como um jogo de videogame deveria ser

Um estúdio pequeno entrar de cabeça na produção de um jogo de plataforma que brinca constantemente com as perspectivas 2D e 3D com uma linguagem infantil em meio ao mercado atual de games que preza pelo “jogar seguro” ao invés de se desafiar criativamente é de uma coragem admirável. E quem mais poderia fazer esse papel senão os indies? Nesse ano, fomos agraciados por The Plucky Squire: O Escudeiro Valente, como carinhosamente foi localizado para nosso idioma.  

Desenvolvimento: All Possible Futures
Distribuição: Devolver Digital
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Ação, Plataforma
Classificação: Livre
Português: Dublagem, interface e legendas
Plataformas: PC, Switch, PS5, Xbox Series X|S
Duração: 8 horas (campanha)/9.5 horas (100%)

Era uma vez um escudeiro valente chamado Pontinho

Observando sua própria história contada em páginas

The Plucky Squire começa como uma narração de um livro. De imediato, sentimos familiaridade com quem está narrando, pois o narrador escolhido para a versão em nosso idioma foi o Mauro Ramos, dublador muito famoso por dar voz aos personagens Pumba, Shrek, entre outros.  

Aqui, controlamos um bravo guerreiro chamado Pontinho, que vive em um reino chamado Mana. Ele protege esse reino contra as formas malignas de um vilão chamado Enfezaldo e ao final de cada dia, escreve suas aventuras em um livro lido pelos moradores locais. Contudo, seu mundo vira de cabeça para baixo quando ele descobre que toda sua história também é um livro onde ele sempre vence as forças do mal. Como única forma de mudar o rumo da história, o vilão acaba usando magia contra ele, expulsando-o para fora das páginas.

O 2D e 3D ao mesmo tempo

Pontinho tem uma missão complicada, que é voltar para dentro do seu livro, salvar seu reino e também salvar a carreira do escritor da história, que se chama Sam. Se a narrativa for controlada pelo Enfezaldo, Sam não se tornará famoso ao ficar adulto, e o reino de Mana cairá em desgraça. 

Simplicidade misturada com criatividade

Há carinho em cada fase

Com essa premissa, The Plucky Squire brinca com elementos de aventura e puzzles de maneiras criativas, já que a campanha mescla elementos em 2D quando Pontinho está dentro do livro e em 3D quando está fora. Mas se engana quem acha que as perspectivas dos mundos seguem uma única lógica, pois há ângulos de câmeras variados quando nosso guerreiro está se aventurando – principalmente nos minijogos, que transformam a gameplay  em um shooter, beat’em up, fliperamas, entre outros.

A gameplay base segue o padrão de jogos de plataforma, onde, além de correr, pular e rolar, pode usar sua espada contra os inimigos daquele mundo, tanto quando eles estão dentro do livro, quanto estão do lado de fora. Há possibilidade de upgrades e uso de insígnias para melhorar o combate. Para isso, basta encontrar a vendedora Martinha nas páginas do livro com o número certo de lâmpadas encontradas nos cenários.

Puzzles e referências 

Um cenário cheio de obras de arte

Na maior parte de sua campanha, Pontinho estará acompanhado de seus amigos Violeta e Batera. Será necessário usar ambos para solucionar os quebra-cabeças que aparecem quando se está dentro das páginas do livro – diferentemente do que acontece quando se está no mundo 3D, onde é uma aventura mais solitária. 

Outra situação é perceber como cada cenário traz referências sutis a outros jogos do gênero, além de referências mais explícitas à cultura pop. Por exemplo, você irá esbarrar até com o quadro de Monalisa ou o famoso O Grito nas páginas do livro. Tudo isso agrega um valor a mais ao jogo.

Não é imune a erros 

Alguns deslizes que incomodam um pouco

Pelo fato de ser o primeiro game da produtora All Possible Futures, O Escudeiro Valente peca em detalhes, como o excesso de dicas que interrompem o jogo quase todas as vezes que exploramos novos ambientes, sendo que geralmente já tem um personagem que pode nos orientar. Além de não ser útil, o ritmo do jogo é constantemente quebrado por essas interrupções. 

Outro problema foi o excesso de bugs que atrapalham a jogatina, como personagem preso em uma dimensão ou botões de alavancas que somem, criando a necessidade de rejogar trechos inteiros – isso aconteceu comigo cerca de cinco vezes. Mas algo estranho de fato é a dificuldade muito fácil, mesmo no modo normal, com a possibilidade de pular desafios dos minijogos. Estamos falando de um jogo direcionado para um público infantil, mas não é necessário subestimar esse público. 

Facilmente o melhor indie do ano

O Escudeiro Valente não é perfeito, mas chega perto disso. É o tipo de jogo que te fisga logo no começo e faz de tudo para te surpreender até o final, sempre apresentando uma novidade em cada  fase a ser explorada, nunca caindo em uma monotonia. Até os inimigos que precisamos derrotar no caminho são carismáticos, o que nos deixa com um sorriso sutil em quase toda a jogatina.  

O tempo de jogo também é um fator positivo, pois ele sabe a hora de parar, te deixando com um gostinho de quero mais para, quem sabe, uma continuação no futuro. The Plucky Squire é um belo exemplo de como os jogos precisam ser: criativos, artísticos e ousados.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

The Plucky Squire

9

NOTA FINAL

9.0/10

Prós

  • Jogabilidade
  • Personagens carismáticos
  • Fases criativas
  • Dublagem em português é um show à parte

Contras

  • Versão de PC com alguns bugs atrapalhando a jogatina
  • Dicas em excesso
  • Nível de dificuldade muito fácil