Capa

Review Nickelodeon All-Star Brawl (Xbox Series S) – Quando carisma não segura um jogo

Entra ano, sai ano e a gente vê algumas tentativas de explorar as mecânicas inauguradas no jogo de luta de plataforma definitivo – Super Smash Bros – em um novo projeto. Dentre tantas ideias, é fato que emular, em sua plenitude, a vibe dessa franquia é algo muito difícil. Até porque se trata de um jogo que brinca com a história da própria indústria de games, na medida em que muitas publishers, como a Konami, Capcom, Square-Enix, Microsoft e SEGA são lá representadas. Portanto, salvo a questão técnica, essas tentativas precisam apresentar um leque de personagens que ao menos se aproximem, ao título da Nintendo, em carisma. 

Nesse sentido, a proposta de um party game que se propõe a fazer um crossover dos personagens de uma das maiores empresas de entretenimento infanto-juvenil da atualidade é, no mínimo, interessante. Desenvolvido pelo estúdio Ludosity, Fair Play Labs e lançado no último dia 05 de outubro, para consoles e PC, essa é a proposta de Nickelodeon All-Star Brawl, título que traz alguns dos mais carismáticos personagens da Nickelodeon num divertido jogo de luta.

Desenvolvimento: Ludosity, Fair Play Labs

Distribuição: GameMill Entertainment

Jogadores: 1-4 (local e online)

Gênero: Luta

Classificação: 10 anos

Português: Não

Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One e Xbox Series X/S

Duração: 52 minutos (campanha)/11.5 horas (100%)

Personagens atemporais

Temos vinte personagens a nossa disposiçao.

Os personagens da Nickelodeon – estúdio fundado em 1977 – são atemporais. Digo isso porque eles atravessaram gerações e se mantêm marcantes para vários públicos de diferentes faixas etárias. Nickelodeon All-Star Brawl se utiliza muito bem disso. Dessa forma, o rol de personagens à nossa disposição brinca com as noções de nostalgia e atualidade, permitindo que crianças, adolescentes e adultos se sintam representados. Para os mais novos, temos os personagens de The Loud House; para a galera da geração X tem a trupe do Bob Esponja; e para os mais velhos temos as Tartarugas Ninjas. E esses são só alguns exemplos, na medida em que temos, ao todo, vinte personagens à nossa disposição. 

Os jogos de luta são notoriamente conhecidos por não apresentarem uma história bem elaborada. A gameplay, muitas vezes, fala por si só. Nos últimos anos, porém, isso tem mudado, e até mesmo o jogo da Nintendo, em que o título claramente se inspirou, apresenta uma história como pano de fundo que justifica, minimamente, as motivações para que seus personagens se estapeiem. E isso nós não vemos em Nickelodeon All-Star Brawl. Não há um modo história. A única justificativa plausível que explique o motivo para vermos o Patrick enchendo de sopapo o Leonardo, das Tartarugas Ninja, por exemplo, é por ser divertido! 

Pouco conteúdo

O game possui poucos modos de jogo.

Apesar do leque bem criativo de personagens à disposição ser um ponto muito positivo e que ajuda a dar uma maior identidade e charme ao título, tudo se perde ao percebermos que os modos de jogo como um todo são muito comedidos, para não dizer escassos. Temos apenas o Battle, o Arcade e o Online. 

No modo Battle temos as batalhas simples e rápidas, divididas em até três modalidades: Stock, Timed e Sports. A primeira funciona como as partidas tradicionais do Super Smash Bros, em que temos uma espécie de contador de vidas e perde quem conseguir ser atirado para fora da arena até que esse contador se esgote. Em Timed, duelamos com um contador de tempos. Vence quem ao final da contagem tiver menos derrotas. Já no Sports, o jogo vira uma espécie de minigame genérico esportivo, todos envolvendo brincadeiras com bola. Convém mencionar que todas essas modalidades (quantidade de vidas, tempo de jogo e esportes) podem ser configuradas.

O modo Arcade, na ausência de uma história, funciona como uma campanha, porém, ele é muito curto e nada elucidativo. Se você espera alguma justificativa diferente do que mencionei mais acima, para  explicar as motivações das batalhas, esqueça! O máximo que temos é uma pequena provocação antes das batalhas com textos pré-programados e que não sofrem alteração de personagem para personagem. Isso quer dizer que o texto de introdução às batalhas de Helga, Lucy Loud e companhia serão os mesmos, não importando o adversário. Chegue até o final desse modo e veja apenas um resumão dos seus números em combate. 

O visual é bem legal.

Já no Online, podemos criar ou entrar em salas montadas por outros adversários, jogar uma partida rápida ou competitiva. Ao menos no Xbox as salas têm ficado vazias e é muito difícil encontrar algum adversário para disputar. E isso é preocupante porque, diante da falta de modos de jogo, é o online que, em tese, mantém o interesse dos jogadores por mais tempo. Ao menos, no pouco que pude testar, as lutas rodaram sem muito problemas, apresentando pouco lag ou travamentos.

Toda essa limitação, infelizmente, acaba tornando a experiência com Nickelodeon All-Star Brawl enjoativa com o tempo.O único incentivo a mais que temos é desbloquear algumas imagens de personagens na galeria, algo que conseguimos disputando partidas. Tirando isso, não há mais muito o que se fazer.

Limitações técnicas

Os cenários são variados.

Tecnicamente o título dá uma boa escorregada em alguns pontos. Visualmente, porém, é inegável que ele é muito bonito. Temos, de fato, a impressão de estarmos jogando uma animação da Nickelodeon. A escolha de cenários retrata a identidade visual e temática de cada personagem e possui uma variedade bem legal. Porém, as arenas possuem um espaço muito limitado, o que dificulta algumas estratégias de defesa e ataque durante as lutas – principalmente para os novatos.

Além do visual bem legal, o jogo roda a 60 fps sem quedas. No entanto, há um problema chato que tira bastante de sua beleza: há muito screen tearing (rasgos na tela). Isso acontece quando o frame seguinte se sobrepuja ao anterior, desalinhando a imagem apresentada na tela. Durante as lutas isso incomoda demais, principalmente em cenários muito coloridos. Mas, nada que uma atualização não resolva.

As melodias, assim como o resto do jogo, respeitam a identidade de cada personagem e não comprometem nossa experiência. Porém, Nickelodeon All-Star Brawl peca demais em relação aos efeitos sonoros. Salvo o animado narrador que dá o ar de sua graça em alguns momentos antes, durante e depois das batalhas, nenhum personagem possui voice action. Eles simplesmente não emitem som algum. Temos apenas o efeito sonoro do impacto dos golpes nos adversários e nada mais.

Dancinha da vitória.

Os controles são bem simples e precisos, como o gênero exige. Basicamente temos três botões de ataque e um de pulo, todos customizáveis. Mas, talvez por abraçar essa ideia da simplicidade, não temos uma grande variedade de golpes, se aproveitando de combinações do direcional analógico com os botões de ataque. E não que isso comprometa a jogabilidade do game, mas senti muita falta de um super especial. Uma pena!

Uma experiência limitada

Nickelodeon All-Star Brawl é sim bonito e divertido. Isso é inegável! Temos um bom leque de personagens e todos são carismáticos, agradando a diferentes tipos de públicos. Mas, o jogo carece de mais, seja de personagens ou objetivos. Objetivos esses que consigam segurar o nosso interesse pelo título por mais tempo. As limitações técnicas e a falta de modos disponíveis dão a impressão de estarmos jogando algo ainda em construção, tirando demais o brilho da nossa experiência com o game.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Nickelodeon All-Star Brawl

6.5

Nota Final

6.5/10

Prós

  • Personagens da Nickelodeon
  • Belo visual
  • Controles simples

Contras

  • Pouco conteúdo
  • Problemas técnicos
  • Sem legendas em PT-BR
  • Sem voice action