Com a boa aceitação da remasterização da primeira trilogia da série Tomb Raider, a Aspyr, empresa responsável por um trabalho primoroso nas aventuras de Lara Croft, revive outro pacote de jogos adormecidos no mundo dos games: Legacy of Kain: Soul Reaver 1-2 Remastered. Esse lançamento inclui os dois jogos da série, que foram sucesso no final dos anos 1990 e início dos anos 2000.
Desenvolvimento: Aspyr, Crystal Dynamics
Distribuição: Aspyr
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 16 anos (violência)
Português: Não
Plataforma: Switch, PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração:12 (campanha)/22 horas (100%)
Um vampiro em busca de vingança
Antes de falar sobre os jogos, é importante mencionar que a série Legacy of Kain começou com um título chamado Blood Omen, que apresentava uma perspectiva em câmera isométrica, uma proposta de gameplay diferente dos dois jogos remasterizados. É uma situação similar à percepção da série Red Dead, que não começou com Redemption, embora muitos acreditem que sim.
Legacy of Kain: Soul Reaver chegou para PC, PS1 e Dreamcast em 1999, contando a história de Raziel, um vampiro executado por seu tenente, Kain, por demonstrar uma evolução superior ao desenvolver asas. Com suas asas destruídas, Raziel é jogado no lago das almas (daí o título do jogo) e, posteriormente, é revivido por um deus para buscar vingança. Já Legacy of Kain: Soul Reaver 2, lançado em 2001 para PC e PS2, é uma continuação direta, com Raziel ainda em sua jornada de vingança.
À frente de seu tempo no lançamento, datado nos dias atuais
Essa é a sensação que a remasterização transmite. Apesar dos gráficos aprimorados, os problemas de gameplay ficam evidentes, especialmente porque a Aspyr optou por não modernizar os controles — possivelmente devido às críticas que recebeu com a trilogia remasterizada de Tomb Raider.
No lançamento original, Legacy of Kain: Soul Reaver apresentou um jogo em terceira pessoa, com câmera livre na maior parte do tempo, combates envolventes e mecânicas interessantes em meio a um clima sombrio e fascinante. O jogador podia saltar, planar com as asas quebradas, atacar inimigos com garras, usar tochas ou objetos pontiagudos e resolver enigmas alternando entre os mundos real e espiritual.
O primeiro jogo se mostra cansativo e confuso devido à mudança dos mundos e seus mapas pouco intuitivos. No mundo real não podemos nadar, mas isso é permitido no mundo espiritual – porém, não podemos pegar armas tampouco abrir portas nesse outro estágio. Em sua continuação, o excesso de combates repetitivos tirou um pouco o brilho da experiência – mas considero que o segundo tenha envelhecido melhor que seu antecessor.
Acertaram aqui, erram ali
Além de trazer uma remasterização que remodela personagens e cenários respeitando o material original, Legacy of Kain: Soul Reaver 1-2 Remastered, também traz como bônus a possibilidade de alternar para os gráficos originais ao apertar o botão R3, além de um modo foto com câmera livre, que ajuda bastante em várias situações.
Dessas novidades, nada é novo vindo da Aspyr. Contudo, ela traz o Lost Levels como conteúdo adicional, que se trata de cenários que não foram aproveitados nos games, além de fanarts, vídeos promocionais e textos no estilo da Wikipédia sobre aquele universo, para não ficar perdido.
Pegando o gancho dos textos, é com um sentimento de tristeza que preciso avisar que nada na coletânea está em nosso idioma. Não temos interface, legendas tão pouco dublagem – que, aliás, existia no primeiro jogo em sua versão para PC, mas que está ausente aqui.
Outro caso desse remaster é como ele não tentou melhorar suas mecânicas. A câmera pode apresentar problemas ao travar um inimigo e até a própria ação não funcionar de imediato, o que acarreta em golpes que poderiam ser evitados. Outra situação é sempre ter que segurar um botão para se alimentar das almas – ok, o jogo original era assim, mas aqui poderiam agilizar o processo com uma opção automática.
Faltou remasterizar com mais alma
Legacy of Kain: Soul Reaver 1-2 Remastered é mais um ótimo trabalho de empresas que estão dispostas a reviver títulos clássicos, deixando-os mais palatáveis, graficamente falando, para os dias atuais. Entretanto, o título se preocupa apenas com o cosmético e deixa a gameplay sem ajustes. As fases inacabadas são um bom extra, mas não trazem um grande valor, já que nem foram remasterizadas. E a falta de uma localização é um verdadeiro descaso com os fãs brasileiros. Contudo, ainda é uma remasterização competente.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Julio Pinheiro
Legacy of Kain: Soul Reaver 1-2 Remastered
Prós
- Belos visuais reimaginados
- Bom modo foto
- Excelente desempenho no console
- Conteúdo extra
Contras
- Sem localização em português
- Não há opção de modernização de controles
- Bugs dos jogos originais permanecem
