Parte de um projeto multimídia que abrange light novels, mangás, animes e agora games, SYNDUALITY Echo of Ada é um jogo online de extração que coloca seus jogadores para explorar um mundo pós-apocalíptico em busca de recursos naturais. O título proporciona uma experiência sólida, mas sofre com problemas técnicos e comete o mesmo erro de Unknown 9: Awakening ao apresentar uma trama que assume que o jogador já tenha conhecimento prévio sobre seu universo.
Desenvolvimento: Game Studio Inc.
Distribuição: Bandai Namco Entertainment
Jogadores: 1 (online)
Gênero: Tiro
Classificação: 16 anos (temas sensíveis, violência, linguagem imprópria)
Português: Não
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S
Duração: Sem registros
Um novo jogo de extração
O grande objetivo de SYNDUALITY Echo of Ada é explorar mapas, coletar itens e escapar com eles em um tempo limitado. As partidas se passam em um grande ambiente online com a presença de outros jogadores que compartilham o mesmo objetivo. É permitido tanto a cooperação quanto a competição, mas isso só pode ser descoberto no momento em que se encontra outro jogador no mapa. Aqueles que cooperam e trabalham honestamente fazem parte de uma associação, mas há outra facção que reúne os que preferem eliminar outros jogadores para roubar seus itens – e, claro, a escolha de qual abordagem seguir fica a critério de cada um.
Na gameplay, é necessário controlar um Drifter, uma espécie de mecha que precisa cumprir os objetivos relacionados à trama em mapas imprevisíveis, com condições climáticas dinâmicas que afetam o desenrolar das partidas. Ao mesmo tempo, é preciso comandar o Magus, uma inteligência artificial personalizável que auxilia o Drifter a identificar ameaças e localizar objetos. O shooter combina elementos de multiplayer e single player, dado que o progresso é feito individualmente e a interação é focada apenas em encontrar outros jogadores de forma circunstancial. Um problema, porém, é a ausência de crossplay, limitando significativamente a quantidade de encontros nos mapas pelo fato da base de todas as plataformas não ser unificada.
Lagado e caro
Os motivos de tudo estar ocorrendo não são tão bem explicados pelo lado narrativo do jogo, que é carregado por sua jogabilidade, um de seus pontos fortes. Os controles são ágeis e responsáveis, resultando em uma experiência satisfatória – mas somente quando o título não está sendo afetado por problemas de lag.
A estrutura online é o principal problema de SYNDUALITY Echo of Ada, pois não existem servidores brasileiros. Portanto, toda a jogatina é prejudicada por travamentos e atrasos, além de momentos nos quais os inimigos simplesmente congelam no meio da partida. É uma pena que os produtores tenham vacilado justamente no único aspecto no qual não se pode errar em um multiplayer, uma vez que isso atrapalha qualquer diversão que o título poderia proporcionar. Faltou cuidado nisso por esse ser um jogo premium – e, ainda assim, esse é um outro lado que o game decepciona.
O valor do jogo é um tanto alto para o que se propõe: a edição básica custa R$ 160 na Steam e, além disso, os produtores implementaram uma loja interna com moedas caras, que liberam a compra de passes com itens cosméticos para Magus e armas para o Drifter – esses itens alteram a gameplay, podendo potencialmente tornar o lado competitivo em uma experiência pay to win, comprometendo o balanceamento do shooter. O passe premium, que é limitado em dois meses, custa cerca de R$ 50, sendo praticamente uma monetização típica de jogos mobile aplicada para um lançamento AAA para PCs e consoles, mas sem muito sucesso, porque tudo isso seria muito mais aceitável se o jogo fosse gratuito desde o início.
Problemas de desempenho existem
SYNDUALITY Echo of Ada tem uma boa apresentação, unindo uma ambientação extremamente detalhada com uma direção artística que segue o estilo dos animes em 3D (como Ghost in the Shell: SAC_2045, por exemplo). No entanto, apesar de terem bons modelos, os personagens possuem animações ruins, sem sincronia com os diálogos da dublagem – que, por sinal, é repetitiva e limitada, com algumas partes geradas através de inteligência artificial. O uso de IA é desnecessário, porque as vozes dos Magus, que narram todos os eventos das partidas, têm uma excelente performance dos envolvidos, sendo uma pena que esse aspecto não seja uniforme em todo o jogo.
A Bandai Namco não preparou uma localização em português para o shooter, e algumas linhas de texto da interface sequer foram totalmente traduzidas para o inglês, prejudicando a compreensão total da experiência até para quem tem o domínio de uma língua estrangeira. A versão de PC exige muito do hardware, já que os mapas são enormes. Entretanto, os desenvolvedores não incluíram nenhuma funcionalidade de upscaling como o FSR para tentar melhorar o desempenho e também não permitem alterar os gráficos durante a jogabilidade, o que é bastante irritante para ajustar um detalhe ou outro no decorrer de uma partida.
Potencial perdido
SYNDUALITY Echo of Ada desperdiça boas ideias e uma jogabilidade decente com um pacote em um estado insatisfatório, marcado por um uso desnecessário de IA generativa e uma monetização excessiva. Havia potencial aqui, especialmente pela falta de alternativas populares no gênero de extração, mas a chance da Bandai Namco e do pessoal da Game Studio foi, infelizmente, perdida.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno