Já faz algum tempo que transformar jogos de tiro em primeira pessoa em games de ritmo deixou de ser uma ideia inovadora, dada a quantidade de títulos que tentaram explorar esse conceito. ROBOBEAT é mais um desses, e apesar de não trazer grandes novidades, diverte bastante. Criado por um único desenvolvedor, o shooter foi lançado para PC na metade de 2024 e agora está chegando aos consoles enquanto também ganha novas atualizações.
Desenvolvimento: Simon Fredholm
Distribuição: Kwalee
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Tiro
Classificação: 14 anos (linguagem imprópria, violência)
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S, Switch
Duração: 9 horas (campanha)
Na batida
ROBOBEAT usa o estilo dos boomer shooters, que se popularizaram ao resgatar a estética dos jogos de tiros mais tradicionais que focam na movimentação e na velocidade, como Quake. Sem uma ênfase na narrativa, o título põe os jogadores no controle de Ace, um caçador de recompensas que precisa eliminar robôs. Ele coloca uma música para tocar e atira no ritmo das batidas, num roguelike com mapas gerados proceduralmente que seguem todas as convenções do gênero. Ou seja, o grande objetivo é quebrar o loop e vencer o chefe final enquanto se desbloqueia melhorias e equipamentos entre tentativas.
Quem dita o ritmo da campanha é o próprio jogador, seja coletando fitas que liberam músicas (cada uma com velocidades e batidas distintas) ou inserindo faixas personalizadas. É possível usar arquivos MP3, garantindo compatibilidade para praticamente toda música existente com o game – que oferece um editor robusto que permite adaptar as faixas para o ritmo da jogatina. No entanto, nem tudo é perfeito. O loop das músicas incluídas não funciona tão bem, tornando perceptível quando uma faixa se repete, prejudicando um pouco a imersão no game.
Um ponto positivo é a inclusão de uma dificuldade secundária que remove o requisito de atirar em ritmo. Contudo, essa funcionalidade quebra a proposta do jogo, porque os inimigos foram projetados para serem eliminados com um ritmo mais cadenciado. ROBOBEAT segue a estrutura tradicional de um roguelike, mas traz outra alteração bem-vinda: ao morrer, é possível reiniciar a jogatina diretamente dos biomas subsequentes, em vez de ter que começar tudo de novo. Por conta disso, o shooter é uma experiência tranquila para todos os públicos, mas sem deixar de ser alucinante e frenética.
Gráficos requerem cuidados
ROBOBEAT é um grande espetáculo audiovisual, com uma excelente direção artística que esbanja personalidade, especialmente no design das armas, que são hilárias – há até uma raquete com uma bolinha de ping-pong para eliminar os inimigos. Há muitos efeitos gráficos no game, então é necessário ter um pouco de cautela justamente pela intensidade desses efeitos.
Quase tudo pode ser configurado manualmente através dos menus, sendo possível alterar desde o campo de visão até a tremedeira da câmera, que é constante. Para se ter uma boa experiência confortável com ROBOBEAT e evitar desconfortos físicos ao jogar, é fundamental mexer nessas opções por um tempo, já que isso pode acontecer com um título que tem uma jogabilidade que exige movimentos extremamente rápidos como esse.
Um único problema, porém, reside na interface, que não parece ter sido designada com o uso do mouse e teclado em mente, apesar do título ter sido originalmente lançado para PC. Navegar por algumas telas, principalmente a que controla a música executada, é bem confuso, chegando até a quebrar o ritmo da gameplay por alguns instantes – algo que certamente não deveria ocorrer em um shooter como esse, que privilegia uma ação ininterrupta.
Divertido e alucinante
Com uma gameplay frenética e delirante, ROBOBEAT é um shooter competente em sua proposta. Com os devidos ajustes, o título não chega a ser uma experiência enjoativa mesmo após várias horas – mas ter algumas músicas salvas no computador é uma boa ideia, garantindo uma boa variedade sonora enquanto se tenta zerar a campanha.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno
ROBOBEAT
Prós
- Boa jogabilidade
- Ótima direção artística
Contras
- Loops malfeitos
- Interface ruim no PC
