The Casting of Frank Stone é mais um filme interativo desenvolvido pela Supermassive Games, dessa vez servindo como uma espécie de prequela para os eventos da narrativa de Dead by Daylight, que foca em partidas online, sem história. Produzido em parceria com a Behaviour Interactive, o título combina elementos do jogo de terror assimétrico com a fórmula testada e aprovada de Until Dawn e The Quarry com sucesso e novidades surpreendentes – embora o estado técnico, infelizmente, deixe muito a desejar.
Desenvolvimento: Supermassive Games
Distribuição: Behaviour Interactive
Jogadores: 1-5 (local)
Gênero: Terror
Classificação: 16 anos (violência extrema, medo, linguagem imprópria)
Português: Interface, dublagem e legendas
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S
Duração: 8 horas (campanha)
Um pesadelo cinematográfico

A narrativa de The Casting of Frank Stone se desenrola em três linhas temporais, todas conectadas por uma siderúrgica de uma cidade pequena, que serve como um ponto principal dos eventos da trama. Na década de 60, um policial mata um assassino em série justamente nesse local, onde o criminoso realizava seus ataques e armazenava os restos mortais de suas vítimas.
Em 1980, uma equipe de jovens cineastas invade esse local por puro fascínio pelo mito que se formou em torno de Frank Stone para gravar um filme de terror – que nunca foi lançado e acabou se tornando uma lenda urbana – muito graças aos vários rumores e teorias sobre o que de fato aconteceu durante as filmagens. Já em 2024, pessoas que possuem fragmentos do rolo desse filme incompleto se reúnem em uma mansão após receber uma proposta misteriosa de uma devota da Entidade – o fenômeno sobrenatural responsável pelas torturas retratadas ao longo das partidas online do jogo principal da franquia.

Apesar da temática, The Casting of Frank Stone não é necessariamente um jogo de terror dos mais pesados. Não há grandes sustos nem muitos momentos de pânico, uma vez que boa parte da campanha é destinada ao desenvolvimento dos antagonistas e dos cinco personagens jogáveis. Mesmo com cenas cheias de gore e monstros horripilantes, o título acaba indo para o lado de uma ficção científica, se misturando com um ocultismo hiper-tecnológico da Entidade com pitadas de magia – que certamente irão agradar os fãs de Fatal Frame.
Filmando e escolhendo

Sim, Fatal Frame! Por passar boa parte do tempo mostrando o pesadelo de uma equipe de cineastas, os desenvolvedores decidiram incorporar algumas mecânicas consagradas pela franquia da Koei Tecmo, que é centrada em fotografar inimigos para fazê-los sumir.
Essa é uma adição incrível que contribui demais para a qualidade do jogo, que mantém as melhorias na gameplay introduzidas nos últimos títulos da antologia Dark Pictures. The Casting of Frank Stone foca na exploração dos cenários juntamente, claro, com os testes de perícia de Dead by Daylight surgindo no lugar dos tradicionais eventos de ação rápida, além dos reparos nos geradores, que são necessários em momentos-chave da trama.

Ao contrário dos títulos da franquia Dark Pictures, os diálogos de The Casting of Frank Stone não permitem que o jogador permaneça em silêncio, o que limita um pouco as escolhas disponíveis. De qualquer forma, as decisões tomadas mudam poucos detalhes do roteiro, visto que a história segue uma linha linear e culmina num desfecho excessivamente determinante para todos que podem sobreviver aos planos nefastos de Augustine, a grande vilã da trama.
Além disso, alguns personagens surgem em múltiplas épocas, e isso reduz um pouco o impacto da ideia de que qualquer um dos cinco protagonistas pode morrer por uma escolha errada. Por exemplo, se um personagem aparece em 2024, é óbvio que ele não pode realmente morrer nos acontecimentos de 1980, prejudicando um pouco a imprevisibilidade característica da fórmula da Supermassive.
Os bugs de sempre

Mesmo com suas falhas, The Casting of Frank Stone é um jogo cativante. Entretanto, seu estado técnico é lamentável. O título foi disponibilizado pela Supermassive com vários bugs gráficos, além de problemas de carregamento e quedas abruptas no desempenho que prejudicam a gameplay – que, pela natureza de um jogo de terror, já não é das mais ágeis, o que atrapalha bastante principalmente nos momentos em que é preciso brincar de Fatal Frame ao filmar um adversário para sobreviver.
Os visuais são excelentes, e as animações faciais dos personagens são ótimas, evitando o desconforto do “vale da estranheza” presente em alguns títulos anteriores do estúdio. The Casting of Frank Stone conta com uma dublagem em português, com boas vozes e interpretações carismáticas, mas com um tom inconsistente em cada cena e época da trama.

A tradução em si é esquisita, repleta de frases sem sentido e de textos incorretos, o que denota que não houve uma revisão cuidadosa por parte dos responsáveis – o que também se aplica para a dublagem, pois há algumas falas em inglês, no idioma original, que surgem de repente no decorrer dos diálogos.
Os títulos da Supermassive costumam ser verdadeiramente sensacionais e excelentes alternativas dentro desse âmbito de jogos cinematográficos com foco em escolhas. Contudo, é desanimador que as críticas aos seus produtos permaneçam as mesmas, porque o estúdio nunca melhora em seus pontos fracos.
É legal, mas com ressalvas
The Casting of Frank Stone apresenta uma aventura envolvente, repleta de personagens interessantes e carismáticos. No entanto, a experiência pode ser pouco acessível para quem não joga Dead by Daylight, pois os pontos principais se conectam com a lore do título assimétrico de uma forma que não fica tão bem esclarecida para quem nunca ouviu falar do game da Behaviour. Ainda assim, as características gerais do game fazem dele uma parada obrigatória para todos os fascinados pelo estilo próprio de terror da Supermassive.
Cópia de PC adquirida pelo autor
Revisão: Ailton Bueno