Monster Hunter Wilds finalmente está entre nós! A aguardada sequência de Monster Hunter World é o principal lançamento da Capcom para 2025, trazendo uma experiência ainda mais refinada com um escopo enorme, em um mapa aberto e com uma campanha cinematográfica. O jogo é excelente e carismático, com uma gameplay sensacional – mas com alguns problemas técnicos, que, pelo menos, não chegam a afetar tanto a qualidade da aventura proporcionada pelo RPG de ação.
Desenvolvimento: Capcom
Distribuição: Capcom
Jogadores: 1 (local) e 1-4 (online)
Gênero: Ação, RPG
Classificação: 12 anos (violência, linguagem imprópria, compras online, interação de usuários)
Português: Interface, dublagem e legendas
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S
Duração: 25 horas (campanha)/53 horas (100%)
Explorando o desconhecido

Em Monster Hunter Wilds, controlamos um personagem que lidera uma equipe da Guilda dos Caçadores, uma associação responsável por regular a caça de monstros para evitar a extinção das espécies existentes. A aventura começa quando a equipe encontra um garoto perdido que afirma vir de uma região inexplorada e isolada. Ele está fugindo depois que seu povo foi atacado por um monstro até então considerado extinto, e, partindo disso, é necessário protegê-lo e ajudá-lo a retornar para casa enquanto se enfrenta as ameaças que surgem pelo caminho.
Com ótimas cenas, dublagem cativante e uma trilha sonora épica, a campanha é até divertida, mas ela, ironicamente, acaba tirando o foco do que deveria ser o principal objetivo de Monster Hunter: caçar monstros. Wilds passa muito tempo desenvolvendo sua narrativa por meio de cutscenes, diálogos interativos e missões de exploração. Entretanto, isso ocorre em detrimento das caças, pois sempre há intervalos consideravelmente longos entre batalhas.

Além disso, a jornada é excessivamente linear. Durante as missões, não dá para explorar livremente os belíssimos cenários, nem controlar o Seikret, a montaria do jogo, em vários momentos da história. O final da trama é um pouco abrupto, mas isso foi feito para dar espaço ao endgame, que é onde Monster Hunter Wilds começa realmente a ficar mais interessante. Depois do fim da história principal, há mais possibilidades para forjar armas e enfrentar monstros mais desafiadores, fazendo com que a campanha funcione quase como um tutorial de 25 horas para o conteúdo pós-jogo.
Jogabilidade espetacular

Monster Hunter Wilds acerta demais em sua gameplay, refinando as mecânicas vistas em World e trazendo boas novidades para a fórmula da franquia. As missões são, em sua maioria, focadas em derrotar monstros colossais, seja sozinho ou em equipe, com até quatro jogadores. Dessa forma, é possível conquistar itens melhores, pois os equipamentos e armaduras são forjados a partir das partes dos bichos derrotados. Há, no total, 14 tipos de armas diferentes, divididas entre estilos de ataque corpo a corpo e de longa distância, como arcos.
A jogabilidade é ágil e faz com que o RPG seja uma experiência que nunca se torna repetitiva, apesar do loop de gameplay permanecer essencialmente o mesmo desde os primeiros momentos da aventura. É incrível como os monstros são reativos à ambientação que, nesse jogo, é completamente aberta. O mapa é vasto e sofre várias mudanças climáticas ao longo das batalhas, gerando confrontos eletrizantes e frenéticos.

Monster Hunter, de modo geral, não se preocupa em oferecer uma experiência necessariamente difícil ou fácil. A franquia é, na verdade, um grande teste de paciência, exigindo estratégia para identificar os padrões de ataque de cada monstro enquanto se gerencia mantimentos para as caçadas – que costumam durar entre 15 até 30 minutos, com um limite máximo de 50 minutos. No título anterior, as caçadas eram muito longas, mas isso foi melhor balanceado em Wilds, garantindo um desafio satisfatório sem que as missões sejam frustrantes.
Como novidade, Monster Hunter Wilds traz um modo de foco que permite mirar com precisão nos pontos de ataque, ajudando nas caçadas. Agora é possível alternar entre armas principais e secundárias durante as missões, e há bots nos sinalizadores SOS, que acionam outros jogadores para ajudar nas tarefas enquanto os companheiros da Guilda cumprem seu papel. No entanto, faltaram algumas melhorias adicionais, como um indicador claro da quantidade de vida dos inimigos – mas, pelo menos, o Amigato, que acompanha o protagonista no decorrer de toda a campanha, avisa quando a batalha está próxima do fim.
Monetização sem necessidade

Há dois pequenos pontos negativos no game: às vezes, a interface, que é bastante poluída, atrapalha as batalhas ao exibir prompts de surpresa, precisando interagir com eles para continuar jogando. E mais uma vez, a Capcom exagerou nas microtransações. Embora a monetização não afete a progressão nem torne a experiência pay to win, há vários itens cosméticos à venda que deveriam estar incluídos no jogo base – isso sem falar da necessidade de se pagar para editar o próprio personagem depois de certo ponto.
Monster Hunter Wilds possui um criador de personagens robusto e repleto de opções, abrindo espaço para muitas possibilidades de personalização tanto do protagonista quanto dos carismáticos Amigatos. Porém, essa função só pode ser acessada gratuitamente duas vezes: no início do jogo mediante um vale de edição liberado na Steam pelos desenvolvedores. Depois disso, é necessário pagar, o que é inexplicável considerando que esse título sequer é um MMO que dependa de servidores para funcionar, pois os dados são salvos localmente.
Versão de PC é pesada

Os desenvolvedores fizeram um trabalho satisfatório na versão de PC, ainda que o jogo seja bastante pesado. O RPG exige demais do processador por conta de seu grande mundo aberto, que é visualmente excelente, vivo e rico em detalhes, com cada monstro seguindo sua própria rotina individual ao longo da jogatina. Como tudo isso roda diretamente no game, sem depender da nuvem nem nada do tipo, é necessário possuir uma máquina com um bom hardware para aguentar toda a experiência com uma boa taxa de quadros.
Há muitas configurações gráficas, além de suporte ao formato de tela ultrawide, técnicas de upscaling e de geração de quadros – que é incompleta, pois a interface é meio travada enquanto a imagem do game em si fica totalmente fluida quando essa ferramenta é ativada. O suporte ao mouse e teclado é excelente, sendo, inclusive, uma experiência superior ao controle – embora seja mais complexo devido à grande quantidade de comandos que precisam ser executados ao longo da jogabilidade.
Problemas técnicos existem

Há, porém, algumas falhas técnicas, principalmente no carregamento de texturas. Mesmo em um SSD rápido e potente, as texturas sempre aparecem em uma resolução baixa por alguns instantes. É possível vê-las sumindo até durante as cutscenes, prejudicando o que seria uma apresentação impressionante. Os reflexos também apresentam falhas quando o ray tracing está desativado – sendo alguns aspectos que deveriam ter sido corrigidos nessa versão finalizada do jogo, que passou por testes beta antes do lançamento.
Vale destacar que Monster Hunter Wilds adota uma abordagem de serviço, com novos conteúdos e eventos especiais planejados para serem lançados ao longo do tempo. Por isso, espera-se que a Capcom também aprimore os aspectos técnicos, que, embora estejam em um estado funcional, sem travamentos, crashes nem nada do tipo, poderiam certamente ser melhores – ainda mais quando tratamos de game que usa um motor gráfico conhecido por sua otimização como a RE Engine.
Um jogo incrível, apesar dos pesares
Monster Hunter Wilds traz uma jogabilidade ágil, bons gráficos e uma narrativa intrigante, mas é um pacote levemente afetado por problemas técnicos, uma monetização desnecessária e uma campanha linear. De qualquer forma, o RPG não deixa de ser um grande acerto da Capcom, oferecendo uma experiência incrível tanto para caçadas solo quanto em equipe, para novatos e para veteranos.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno