Ringlorn Saga capa

Review Ringlorn Saga (Switch) – Um indie simplista com muito coração

Em um mercado repleto de jogos grandiosos, com produções multimilionárias e tutoriais exaustivos, Ringlorn Saga surge sem fazer alarde. À primeira vista, parece apenas mais um RPG de ação com visão top-down, gráficos pixelados no estilo Zelda do NES e combates simples. Mas, em poucos minutos, a sutileza de sua proposta se revela com força: este é um jogo que confia plenamente em seu potencial com toques de Roguelite, o que pode não agradar a todos.

Desenvolvimento: Graverobber Foundation
Distribuição: Graverobber Foundation
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 16 anos (Linguagem Imprópria, Violência)
Português: Não
Plataformas: PC, Switch
Duração: 6 horas (campanha)

Uma Jornada de Tentativa e Erro

Mundo não tem mapa disponível
Mundo não tem mapa disponível

Logo no início, Ringlorn Saga te coloca em um mundo em colapso: monstros tomaram conta das terras, seu pai desapareceu, e não há qualquer pista concreta sobre o que fazer. Em vez de entregar um mapa cheio de marcadores ou um diário repleto de objetivos, Ringlorn Saga aposta no poder da curiosidade, como nas antigas. Como os clássicos Zelda e Hydlide, tudo convida você a descobrir por conta própria — desde a história até os sistemas de combate, passando por NPCs, rotas, mecânicas e objetivos.

Poucos jogos conseguem engajar rapidamente. Muitos sequer entendem que precisam capturar o jogador logo nos primeiros minutos. Ao longo da vida, passei por diversos títulos roguelike que falham justamente por não transmitirem bem a sensação de progresso inicial. Ringlorn Saga infelizmente também compartilha desse problema. O começo é truncado, confuso e desestimulante. Mas, se você insistir — e der uma segunda ou até terceira chance —, ele vai te fisgar.

A premissa aqui é simples: você é um príncipe em busca do pai desaparecido, em meio a um mundo medieval infestado de monstros. A direção é mínima, não há sistema de missões, e tudo depende da sua memória — ou tentativa e erro. O sistema roguelite castiga: morrer é fácil, e voltar à vida custa uma parte preciosa da sua experiência. Por isso, a melhor estratégia se torna usar o recurso de Save & Exit para não desperdiçar progresso, já que o jogo não oferece atalhos como Quick Save ou Quick Load — uma limitação frustrante, especialmente quando você precisa repetir esse processo constantemente.

Combate Estratégico e Mecânicas Clássicas

Tem monstro pra todo lado aqui
Tem monstro pra todo lado aqui

O combate apresenta três tipos de ataque — corte, perfuração e escudo — e cada inimigo responde de forma distinta a eles. Slimes, por exemplo, são vulneráveis à estocada; zumbis, ao corte. Aprender isso leva tempo, e depende da sua disposição para testar as possibilidades por conta própria. É um sistema simples, mas que exige experimentação — o que, por si só, já carrega o charme dos antigos RPGs.

Conforme progride, novas ferramentas enriquecem o gameplay: uma pá permite cavar moedas escondidas, uma lanterna ilumina masmorras escuras e, mais à frente, você desbloqueia até magias — desde que encontre as missões certas. Essas adições tornam a jornada mais variada, abrindo caminhos antes inacessíveis.

Estética Minimalista e Atmosfera Misteriosa

Missões secundárias te recompensam com mecânicas
Missões secundárias te recompensam com mecânicas

A apresentação gráfica é modesta, com sprites crus e sombrios, mas a ambientação é envolvente. A trilha sonora em chiptune evoca um clima melancólico e misterioso, casando perfeitamente com o sentimento de estar perdido num mundo esquecido. E é exatamente essa sensação que move o jogo: você precisa explorar, testar, falhar e aprender — como nos velhos tempos.

A narrativa, embora direta, cresce com a progressão. O que começa como uma missão de resgate se transforma em um mergulho existencial: onde estou? Posso salvar meu pai? Posso salvar esse mundo?

Limitações e Potenciais

Lanterna habilita exploração de cavernas escuras
Lanterna habilita exploração de cavernas escuras

No entanto, nem tudo é ideal. A ausência de opções de acessibilidade pesa. Não é possível remapear os controles nem ajustar parâmetros como ganho de XP ou dificuldade. Isso limita o jogo a uma abordagem única e punitiva, o que pode afastar jogadores menos persistentes.

Com duração média de 5 horas — dependendo de quantas vezes você morre por falta de informação — Ringlorn Saga é um título que exige paciência. Mas é justamente essa exigência que torna cada conquista significativa. Cada avanço, cada item novo, cada descoberta é fruto do seu esforço, e não de uma mão invisível que te guia.

Exige paciência, mas é recompensador

Ringlorn Saga é uma experiência rara: um jogo que acredita na sua inteligência e intuição. Ele não se explica, não segura sua mão, e não te recompensa por seguir o óbvio. Em vez disso, ele te dá um mundo, um objetivo vago e espera que você descubra o resto — como nos velhos tempos. Não é uma experiência para todos. Mas para quem sente falta da sensação de mistério, da alegria de descobrir algo sozinho, e da simplicidade elegante dos RPGs antigos, Ringlorn Saga é obrigatório. Mesmo com seus tropeços, sua alma é profunda. E, no fim das contas, é isso que vale mais.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Ringlorn Saga

8.5

Nota final

8.5/10

Contras

  • Punição desnecessária
  • Sem quick save e quick load
  • Sem opções de acessibilidade