Desenvolvido pela Remedy em parceria com a Epic Games, Alan Wake 2 finalmente viu a luz do dia após 13 anos do lançamento do jogo original. Inspirado em títulos modernos do survival horror, o jogo se destaca por sua personalidade própria, com mecânicas criativas e gráficos dignos da nova geração.
Desenvolvimento: Remedy Entertainment
Distribuição: Epic Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Terror, Ação, Aventura
Classificação: 18 anos (nudez e violência gráfica)
Português: Legendas e interface
Plataformas: Xbox Series X|S, PS5, PC
Duração: 19 horas (campanha)/31 horas (100%)
Começando com os dois pés na porta

Alan Wake 2 começa de forma intrigante: controlamos um homem nu e desorientado que emerge de um lago. Desde o início, tudo parece fora do lugar — ele se assemelha a um cadáver, fala coisas sem sentido, sofre alucinações e logo é atacado por pessoas mascaradas. Em seguida, ele é colocado em uma mesa para um ritual, seu coração é arrancado e só é completamente sacrificado porque um casal interrompe os planos das figuras com máscaras de cervos.
Após esse início macabro, o jogo apresenta Saga Anderson, a agente do FBI, e seu parceiro Alex Casey — interpretado por Sam Lake, que também atua como roteirista e diretor criativo. A dupla investiga o assassinato e logo percebe uma ligação com o desaparecimento do escritor Alan Wake, ocorrido 13 anos atrás. E pior: Saga vê sua vida ser reescrita para uma versão sombria.
Subvertendo expectativas

Alan Wake 2 não se preocupa em suprir as expectativas de seus jogadores. O jogo não faz questão de dar exatamente o que você espera e quer te surpreender. Começamos controlando um personagem que morre brutalmente em poucos minutos e, em seguida, assumimos o papel de Saga Anderson. A pergunta que não sai da cabeça é: onde está o protagonista que dá nome ao jogo? Ele surge no momento certo.
O jogo alterna entre momentos frenéticos de gameplay e outros que exigem raciocínio para resolver puzzles típicos de survival horror. Em alguns trechos, ele adota um humor que, a princípio, parece deslocado, mas acaba ganhando charme próprio. A mescla de cenas em live action com gráficos em CGI causa uma sensação agridoce — uma ousadia estética que a Remedy finalmente acertou.
Campanhas que se completam

À primeira vista, as campanhas de Saga e Alan parecem semelhantes: ambos são controlados com uma câmera em terceira pessoa, utilizam uma lanterna para expor pontos vulneráveis dos inimigos e acessam uma “sala mental” para investigar, reescrever eventos e consultar documentos coletados. Mas bastam alguns minutos controlando cada um para notar as diferenças — não são opostos, e sim complementares.
Saga vive no mundo real, enfrenta pessoas possuídas e organiza sua mente em uma sala que lembra sua casa, montando um mural de investigações como boa agente do FBI. Já Alan está preso no “Lugar Escuro”, onde transita por versões sombrias de locais famosos, incluindo uma versão reduzida e sombria de Nova York. Seus inimigos são entidades da escuridão, e sua “sala mental” é uma cabana com uma máquina de escrever capaz de alterar cenários e situações.
De encher os olhos

Alan Wake 2 entrega uma experiência única e mostra a força da nova geração de videogames. No PC, os requisitos assustaram, mas fazem sentido diante da qualidade gráfica e sonora apresentada. O jogo usa o SSD de forma magistral – especialmente quando Alan utiliza uma lâmpada para alterar, em um piscar de olhos, todo o cenário ao redor. Os cenários já são ambientes semiabertos que, por si só, impressionam pelos detalhes.
Outras questões técnicas que hipnotizam é como todos os cenários são bem construídos, desde uma sala de escritório com vários detalhes de papeis, livros e utensílios amontoados a florestas que entregam uma densidade na sua vegetação que impressiona. Outro fator que chama atenção é como até os NPCS possuem expressões faciais convincentes. Parece que cada um tem uma vida ali, como se o jogo continuasse mesmo sem você estando no cenário – escute suas conversas e entenderá. E, por último, mas não menos importante, é a qualidade sonora, que é indispensável para completar o clima de terror.
Quase perfeito

Alan Wake 2 chega perto da perfeição, carregando apenas algumas imperfeições pontuais. A jogabilidade é lenta, mesmo após upgrades, mas isso pode ser uma escolha intencional, por se tratar de um survival horror.
Em certos momentos, as dicas oferecidas são confusas e vagas, deixando o jogador perdido sem saber o que fazer a seguir. Outra situação é a pouca recompensa oferecida para quem quiser completar o modo O Final Verdadeiro, que equivale ao new game plus do jogo.
Luz, câmera e Alan Wake!
Alan Wake 2 é um produto de entretenimento de pura arte ao assumir riscos e fugir do convencional. Pode ter entregado um número exagerado de jumpscares, mas o clima opressor nunca se perdeu. Jogá-lo foi um misto de emoções agradáveis e desagradáveis, mas esse é o tipo de jogo que fica ecoando na sua mente mesmo após terminá-lo. Ele também atiça a curiosidade de jogar os outros jogos do universo, como Quantum Break e Control. Alan Wake 2 é mais que um jogo: é uma obra-prima da Remedy que será usada como medidor de qualidade para os futuros games do gênero e dos outros lançamentos da geração.
Cópia de PC adquirida pelo autor
Revisão: Julio Pinheiro