Stay Still é um jogo de terror em primeira pessoa centrado em exploração, narrativa e puzzles. Na campanha, o jogador assume o papel de Nam, um homem que aluga uma casa barata e acaba preso em eventos ligados a um assassinato ocorrido em 2008.
Desenvolvimento: Galactic Crows
Distribuição: Dolores Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Simulação
Classificação: 12 anos (medo, linguagem imprópria)
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S
Duração: 1 hora (campanha)
O que move Stay Still
Desenvolvido pela Galactic Crows, um estúdio com sede na Romênia, a premissa de Stay Still é direta e eficiente: um protagonista comum, uma casa com passado sinistro e uma investigação que mistura memórias com fenômenos sobrenaturais.
A história se apoia em lendas urbanas vietnamitas e em revelações fragmentadas que o jogador reúne por meio de documentos, conversas e eventos sobrenaturais. Essa abordagem funciona para criar curiosidade inicial e momentos de tensão, mas peca por não desenvolver personagens-chave, deixando motivações superficiais e lacunas que minam o impacto emocional em momentos decisivos.
Fuja, resolva, sobreviva
A progressão em Stay Still é linear, com áreas interligadas, objetivos de investigação e puzzles ambientais que bloqueiam o avanço até que certas pistas sejam encontradas. A proposta funciona bem para um jogo curto, mas o ritmo oscila entre seções bem tensas e trechos de exposição arrastados. Os quebra-cabeças são, na maioria, baseados em observação e combinação de itens ou sinais no cenário. Eles raramente exigem pensamento abstrato profundo, o que torna a solução previsível em muitos momentos. A sensação é de que os desenvolvedores optaram por adotar um design voltado para manter o jogador no fluxo narrativo em vez de desafiar cognitivamente.
A presença de uma “entidade” que persegue o jogador adiciona tensão, porém, as mecânicas de evasão e de se esconder mostram-se superficiais. Em encontros repetidos, a IA e as regras de perseguição se tornam previsíveis, reduzindo o medo após as primeiras vezes. Stay Still é um jogo curto; a experiência principal pode ser completada em poucas horas. Isso tanto ajuda a manter a densidade narrativa quanto revela falta de conteúdo significativo para ampliar o universo.
Quando a estética encontra o orçamento
A direção de arte busca um realismo sombrio temperado por toques culturais, como referências à cultura vietnamita e lendas locais. Em muitos ambientes, a iluminação e o trabalho de som criam bons momentos de tensão. Apesar de alguns cenários bem resolvidos, modelos e texturas apresentam inconsistências, objetos distantes podem ter carregamentos instantâneos bruscos e animações faciais são limitadas. Esses detalhes mostram um desenvolvimento com orçamento restrito, em que a prioridade foi dada à atmosfera em detrimento de polimento uniforme.
Existem composições de cena e uso de luz que funcionam muito bem para sustos e momentos de descoberta, compensando limitações técnicas com criatividade de cenário. Os gráficos cumprem o papel narrativo e atmosférico, mas não chegam a impressionar do ponto de vista técnico.
A ambientação sonora, no entanto, é um ponto mais forte. Efeitos de ambiente, rangidos, passos e ruídos distantes são usados com parcimônia e efetividade para construir tensão. A trilha sonora aparece em momentos-chave para realçar o medo ou a descoberta, adotando um caminho minimalista e dissonante que combina com o tom do jogo. Contudo, o uso da música é inconsistente; há disparidades em que uma cena que merecia um efeito sonoro permanece estranhamente silenciosa, mostrando decisões de mixagem que prejudicam o impacto emocional.
Um indie que assusta ou que frustra?
Stay Still é um exemplo claro de um indie com boas ideias, mas limitações práticas. Ele entrega uma experiência atmosférica pontualmente assustadora, apoiada por design sonoro competente e uma ambientação cultural interessante. Ao mesmo tempo, sofre com decisões de design que priorizam simplicidade sobre profundidade, resultando em mecânicas previsíveis, ritmo irregular e fragilidade narrativa em momentos importantes. Para fãs de horror narrativo curto que aceitam um nível técnico modesto, Stay Still oferece valor pelo preço; para jogadores que buscam inovação mecânica ou profundidade emocional, o título pode frustrar.
Cópia de Xbox Series X cedida pelos produtores
Revisão: Júlio Pinheiro
Stay Still
Prós
- Curta duração que evita arrastar a experiência
- Premissa narrativa que prende no início
- Atmosfera bem construída por som e iluminação
Contras
- Mecânicas pouco inovadoras e repetitivas
- Polimento técnico desigual e problemas de animação
- IA e design de encontros previsíveis
