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Nintendo reduz investimentos em jogos mobile após crescente sucesso do Switch

A Nintendo está freiando os investimentos no setor de jogos móveis, que tem previsão de arrecadar cerca de US$ 77 bilhões neste ano. Isso ocorreu após resultados decepcionantes que não atenderam as expectativas da empresa, enfraquecendo um esforço de vários anos.

Há dois anos, Shuntaro Furukawa, presidente da Nintendo, disse que a entrada no setor mobile seria um negócio de US$ 1 bilhão com potencial de crescimento. Isso foi dito com base na promessa do seu antecessor de que a Big N. lançaria de dois a três títulos para smartphones a cada ano. No entanto, em maio Shuntaro adotou uma postura mais tímida: “Não estamos necessariamente buscando continuar lançando muitos aplicativos novos para o mercado móvel“. Logo após essa declaração, no dia seguinte, as ações da Nintendo caíram em 4%.

A iniciativa de jogos para smartphones nasceu da necessidade de melhorar os resultados em meio ao fracasso do Wii U. Porém, o aumento da popularidade do Switch e a confiança dos investidores, faz parecer que a Nintendo está reavaliado o setor móvel e focando mais em seu próprio ecossistema.

No período entre fevereiro e maio, muitos estúdios registraram um aumento recorde no faturamento dos seus jogos móveis. Já a Nintendo registrou queda nos títulos mobile de suas franquias mais conhecidas, como o Super Mario Run.

Espera-se que os games mobiles faturem 77,2 bilhões de dólares este ano, representanto metade das vendas da indústria de consoles, de acordo com a Newzoo. Contudo, o último lançamento da empresa foi Mario Kart Tour em setembro de 2019. Segundo Serkan Toto, consultor de jogos móveis em Tóquio, “Em certo sentido, o enorme sucesso da Nintendo no console [Switch] reduziu a necessidade e a pressão para colocar recursos em dispositivos móveis“.

Freemium

Grande parte do mercado de jogos móvel utiliza o modelo freemium. Ele consiste em jogos gratuitos para jogar, mais que, em sua maioria, geram dificuldades que são facilmente superadas pela compra de recursos mais poderosos.

Nesse sentido, a Nintendo temendo que isso prejudicaria o valor da marca de suas franquias, pediu aos seus parceiros de desenvolvimento móvel que não obrigassem os jogadores a gastar muito nos jogos. Isso foi dito por funcionários dessas empresas, que pediram para não serem identificados. Um porta-voz da Nintendo não comentou a respeito.

Segundo o analista do Ace Research Institute, Hideki Yasuda, o gacha (padrão de jogo onde os itens são obtidos por meio de “sorteios” pagos) continua sendo o único modelo de negócios lucrativo em jogos para celular. Contudo, mesmo que a Nintendo estivesse disposta a seguir esse caminho, não teria sucesso.

Você precisa de uma franquia ativa de longa duração com centenas de personagens atraentes para fazer um bom jogo de gacha e, em seguida, você precisará continuar adicionando novos personagens a cada mês para reter os jogadores. Fire Emblem (eu acrescentaria Pokémon) é a única franquia da Nintendo capaz de fazer isso.

Hideki Yasuda, analista do Ace Research Institute.

A Nintendo testou vários modelos de receita para seus jogos mobile como: compras únicas para Super Mario Run e assinaturas para Mario Kart Tour. No entanto, ambos ficaram abaixo das expectativas em termos de receita, segundo Kazunori Ito da Morningstar Research.

Planos para o futuro

Para o atual ano fiscal, que termina em março de 2021, a Nintendo disse que se concentrará nos jogos móveis já lançados. Além disso, ela não prevê um grande aumento na receita dessa divisão. A empresa faturou 51 bilhões de ienes em jogos para smartphones e outros licenciamentos no ano fiscal de 2019. Isso é apenas metade do que o presidente da Nintendo já havia estabelecido.

A Nintendo não anunciou quais serão os próximos jogos a serem lançados. Já o presidente da DeNA (parceira da Nintendo no desenvolvimento mobile), Isao Moriyasu, disse que não espera novos jogos até o final do ano fiscal atual. Definitivamente, um balde de água fria para os fãs da Big N. nos smartphones.

Fonte: Bloomberg