Lançado originalmente no 3DS, o jogo 80’s Overdrive chega para o Switch! Mais uma tentativa de trazer de volta o que os anos 80/90 tinham de melhor com seus títulos de corrida, para fliperama, com menus, gráficos e gameplay que evocam nostalgia pura. Mas será que o jogo é só isso?
Desenvolvimento: Insane Code
Edição: Insane Code
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Corrida, Arcade
Classificação indicativa: Livre
Português: Não
Plataformas: Switch
Duração: 6 horas (campanha)/7 horas (100%)
De volta o fliperama
Aqui temos uma fusão de alguns tipos de jogos famosos dos anos 80, com mas um toque de originalidade. Logo de cara, o jogo passa uma ótima impressão no quesito apresentação.
Os menus com os personagens estilizados, uma boa opção de carros para compra baseados em filmes ou jogos como Top Gear, além de uma boa trilha sonora cheia de batidas.
Aliás, ao entrar na corrida há uma tela de seleção de músicas, onde o personagem escolhe o que deseja ouvir mudando as estações de rádio, exatamente igual ao clássico Out Run da Sega – porém dá pra trocar as músicas durante a corrida também.
Os sprites são muito bonitos, as pistas apresentam 8 estilos de temas (cidade, floresta, deserto, etc) e 6 carros diferentes. O apelo visual pode agradar os jogadores pois, diferentemente de um Megaman 9, o qual só recria um estilo de jogo antigo, 80’s Overdrive é mais parecido com um Shovel Knight.
Seus efeitos são modernos e a maioria das animações são naturais, criando uma boa sensação de distância sem incomodar os olhos – como alguns jogos antigos podem fazer. Apesar disso acontecer na maior parte do tempo, algumas fases com muitos objetos podem sim incomodar.
Infelizmente o sprite que mais me incomoda é o do próprio carro, que parece grande e desajeitado demais na pista. Principalmente para fazer as curvas ou desviar do transito, mas falo melhor disso na seção gameplay.
Vida de piloto
O jogo apresenta dois modos, o primeiro é o Modo Carreira, que apresenta uma mistura de Top Gear com Out Run. São 36 corridas contra outros 9 corredores pela cidade, porém com trânsito constante nas estradas, tráfego que vai aumentando durante o passar da campanha, além de tentar atrapalhar o jogador “cortando” sua frente em toda oportunidade.
Agora vamos para alguns twists interessantes na fórmula.
O dinheiro aqui é necessário para muitos aspectos do jogo. Além de ser usado para comprar o primeiro carro (e os seguintes), cada corrida tem um custo para entrar. Ou seja, é preciso jogar bem para ganhar dinheiro e poder progredir.
Ficou sem dinheiro? Não se preocupe, existem alguns trabalhos que você pode pegar para recuperar uma grana, como limpar carros. Mas provavelmente o que o jogador vai acabar fazendo é correr novamente em pistas antigas e mais baratas atrás do dinheiro do prêmio, para poder continuar na campanha – uma dificuldade um pouco forçada de 80’s Overdrive.
Por aqui é possível comprar nitros, os quais devem ser muito bem utilizados em momentos de dificuldade. Seu carro também possui barras de combustível e danos recebidos, que são reestabelecidas com seu dinheiro.
Outro detalhe interessante são os desafios. O jogo pode pedir para bater algum oponente ou chegar em uma posição determinada: tudo para ganhar mais dinheiro.
Além disso, as corridas aqui apresentadas são ilegais, e algumas pistas possuem policiais prontos para perseguir seu piloto assim que são ultrapassados. Num estilo Need For Speed, os policiais tentam acertar seu carro e se tornam um desafio muito interessante para o jogo, dando uma profundidade muito bem-vinda.
Um problema de equilíbrio
Estas pequenas coisas juntas garantem um jogo dinâmico até o fim, pois sempre é possível entrar em acidentes mesmo usando o carro mais caro disponível.
Mesmo que às vezes isso também seja motivo de raiva, a IA dos carros “civis” constantemente tenta causar batidas. Além de que, conforme a campanha vai passando, as pistas são cada vez mais estreitas, e um carro tão grande de controlar é difícil evitar bater constantemente nas curvas apertadas com 2 ou 3 caminhões ao mesmo tempo.
Tudo parece meio aleatório, e acredito que deva ser realmente gerado assim, pois tentei reiniciar algumas corridas e tive situações diferentes nas mesmas curvas.
Se por um lado os desafios são interessantes, o modo como são usados em conjunto causam muito mais frustração do que um desafio gostoso de vencer.
Muita gente vai enjoar rápido de precisar refazer corridas a fim de comprar carros melhores ou pagar por danos nos veículos. Admito que isso me fez reiniciar várias corridas para evitar os gastos e poder seguir com o jogo mais rapidamente.
Perigo na direção
O maior ponto negativo de toda essa experiência é a jogabilidade. E isso se dá por um motivo muito simples: não consegui entender exatamente, mas simplesmente apertar os botões para o lado não move o carro na pista centímetro algum.
É necessário segurar o botão para que ele se mova, e isso torna a direção desnecessariamente complicada, fazendo com que você mova o veiculo longe demais ou perto demais do que originalmente deseja – quase que a todo momento.
Nunca me senti realmente no controle, e sim lutando, não só contra as curvas e outros carros, mas também contra meu próprio “personagem”.
De volta a Out Run
O segundo modo de 80’s Overdrive é o Time Attack, o qual é quase uma cópia exata de Out Run. E não digo isso negativamente, já que adoro Out Run e acho que a fórmula funciona muito bem aqui.
Nestes modo temos um extenso mapa que passa por todas as pistas presentes no jogo divididas em bifurcações, nas quais o jogador pode escolher qual caminho pegar, tendo sempre uma pista mais fácil na esquerda e mais difícil à direita.
Pra chegar até o fim, temos que enfrentar um tempo limite, que é estendido cada vez que chegamos em um checkpoint. Nesse jogo as pistas começam a se repetir a partir de um ponto, como em Enduro de Atari. Também é possível ganhar alguns segundo ao passar “raspando” pelos outros carros nas pistas, o que é interessante e apresenta a mesma proposta de “risco vs recompensa” da campanha principal.
Porém, como já citei, a jogabilidade atrapalha demais em fazer esse tipo de manobra, nunca permitindo total controle ao jogador em deixar o carro parelho aos outros.
Mesmo assim, ainda é meu modo favorito no game, e existe um fator replay enorme por conta do incentivo em tentar chegar mais longe ou nas pistas mais difíceis.
Sua própria pista pero no mucho
80’s Overdrive ainda apresenta um modo para “construir” suas próprias pistas e compartilhar online (via um código que você pode enviar para seus amigos).
Porém, uso construir com aspas já que o modo é bem menos interessante do que parece. Se resume em um menu onde é possível selecionar diferentes opções, como um número máximo e mínimo de pistas, quantidade de veículos nas ruas, curvas, etc.
Por esse motivo, sabemos o porquê de por vezes existirem tantos oponentes atrapalhados na campanha: os carros são aleatórios usando esse sistema.
Após testar este modo construção, tanto criando e passando o código quanto recebendo e jogando fases feitas por outro jogador, deu pra sentir sua incrível limitação. Não existe forma de enviar o gigantesco código diretamente para um amigo ou buscar alguma fase aleatória pela internet. A experiência acaba sendo mais uma curiosidade do que algo para aproveitar realmente.
Fim do Test Drive
Como já citei anteriormente, a jogabilidade quase coloca quase tudo de bom a perder. Não é uma questão de “ficar melhor”, mas sim o modo como controlamos o carro que atrapalha, já que o jogo simplesmente não detecta toques simples no controle, e sim quando seguramos o botão. Não é possível fazer “pequenos ajustes” no carro para acertar uma curva ou ultrapassar um oponente. Aqui ou o carro está sempre indo em frente ou totalmente inclinado a fazer uma curva fechada.
Jogar o Time Attack mostra com clareza a dificuldade desnecessária que isso traz quando tentamos passar próximo a qualquer veículo apenas para ganhar alguns segundos. Infelizmente não pude testar em um Pro Controller para saber se existe alguma diferença, porém nos Joy-Cons é uma constante.
80’s Overdrive é um jogo cheio de boas ideias e ótimas intenções, excelentes gráficos e algumas horas de diversão. Porém achei que fosse me divertir muito mais do que acabei conseguindo.
Sua simplicidade e sérios problemas de gameplay atrapalham demais o jogo, e nenhuma das boas ideias é realmente bem aplicada. De repente minha nostalgia por Top Gear e Out Run se transformou em uma vontade de voltar a jogar esses dois.
Esta review foi feita usando uma cópia de Switch cedida pelos produtores