Com o novo título da licença Age of, o estúdio Relic Entertainment tenta trazer de volta sua mais famosa franquia de estratégia em tempo real. De antemão, já adianto que a desenvolvedora foi muito feliz em sua empreitada, Age of Empires IV acaba de chegar para PC, com lançamento Day One no Xbox Game Pass.
Mais abaixo, discutiremos sobre o quarto título de Age of Empires, e como o RTS mais aguardado dos últimos anos chegou devastando tudo, como um exército poderoso e cheio de pompa.
Desenvolvimento: Relic Entertainment
Distribuição: Microsoft Games Studios
Jogadores: 1 (local) 1-3 (online)
Gênero: Estratégia, Simulação
Classificação: 12 anos
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataforma: PC
Duração: 24 horas (campanha)/47 horas (100%)
Iniciando a marcha
De início, Age of Empires 4 nos dá uma acolhida calorosa e introduz muito bem seu mundo. Somos ambientados através de vídeos, que parecem ter saído dos melhores documentários e de situações que servem como tutoriais claros, precisos e que nos instruem muito bem sobre as mecânicas básicas, tudo isso com bastante calmaria. Vamos cortar madeira, conseguir comida e aprender a gerir os suprimentos, e é nesta parte tão simples do jogo que os fãs da licença se lembrarão e sentirão aquele calor no coração ao pensar: “é, realmente se trata de Age of Empires”.
Se na teoria essa mecânica básica da gameplay parece muito simples, não podemos esquecer das nuances que vão aparecendo durante a jogatina. Cada unidade vem de uma construção diferente, com habilidades distintas e que devem ser bem administradas, além de que precisamos fazer boas escolhas com relação a onde empregamos cada uma das unidades. Estes sistemas são a base dos jogos de Estratégia em Tempo Real, contudo, aqui eles são bastante convidativos para os novatos ou regentes de primeira viagem.
Da mesma forma que a maioria das obras do gênero, Age of Empires IV utiliza um sistema parecido com o pedra-papel-tesoura ao reparar as unidades de combate. Levando em conta que elas têm custos muito parecidos, vemos que: a infantaria vence a cavalaria, que por sua vez bate os arqueiros, e estes são mais eficazes contra infantaria. São mecânicas simples, mas que precisamos ter em conta para sermos bem sucedidos aqui. Porém, é bom lembrar que cada uma das oito civilizações disponíveis possuem guerreiros e outros tipos de exemplares que podem virar a maré da batalha, em determinadas situações, graças às suas habilidades brilhantes, como por exemplo: os arqueiros mangudais do Império Mongol podem atirar enquanto se movem (sendo uma boa escolha para perseguir adversários); o Sultanato de Delhi possui grandes elefantes de guerra (que servem como verdadeiros tanques de destruição) e os lansquenetes do Santo Império Romano-Gêrmanico podem girar suas duas espadas no campo de batalha (causando bastante estrago em determinada zona).
Civilizações e guerras marcantes
Como já dito, AoE IV nos oferece oito civilizações jogáveis no seu lançamento e, francamente, essa foi a parte que mais me incomodou, mesmo acreditando que mais civilizações serão acrescentadas no futuro para dar mais tempo de vida ao game. Entretanto, essas civilizações disponíveis oferecem estilos bem diferentes e estratégias únicas e marcantes, que nunca vimos num jogo do tipo. Uma vez que obtemos recursos suficientes, podemos avançar para outras eras, assim, melhorando nossas unidades de soldado, obtendo mais tipos de construções e por aí vai. É com o passar das eras, durante a jogatina, que vemos as grandes distinções entre as civilizações e percebemos que existem diferenças importantes entre, por exemplo, jogar com o Sultanato de Delhi, Os Rus ou os Ingleses.
Temos aqui quatro eras: a Idade das Trevas, Feudal, Idade dos Castelos e Era Imperial. A cada evolução precisamos escolher entre construções chaves, as quais irão mudar bastante o modo como jogamos e encaramos a obra. Quer priorizar as colheitas e a coleta de recursos no lugar de construir grandes fortificações para defender suas muralhas? Não tem problema, pois o título da Microsoft Studios te dá essa liberdade, mas é preciso escolher ao começo de cada nova era como você quer jogar. Esses aspectos, que vem dos jogos antigos e que foi bastante elogiado no segundo título da franquia, estão incrivelmente interessantes aqui.
Certas civilizações, como a dos Ingleses, são naturalmente mais fáceis em sua gameplay e isso permite que os players aprendam a dominar a jogabilidade com bastante tempo e calma. Já outras civilizações, como o Império Mongol, tem um jeito diferente e mais acelerado, por conta do seu estilo nômade de jogabilidade, o que pode não ser o mais apropriado aos que estão começando o jogo, apesar de ser um jeito único e interessante de gameplay. Com os povos das estepes, no controle do Império Mongol, não possuímos limite de população e podemos ganhar recursos destruindo inimigos, como disse antes, e ela é uma das civilizações mais legais de se jogar, por conta de suas mecânicas particulares e divertidas, apesar de um pouco mais complicadas. Utilizei o Império Mongol como exemplo, mas algumas das civilizações têm realmente meios muito diferentes de se jogar, e isso foi uma aposta fantástica dos desenvolvedores, já que traz mais diversidade e ajuda na ambientação.
Certas civilizações podem ser utilizadas no modo Campanha, no qual dispomos de quatro empreitadas muito bem narradas e com direito a cenas reais mescladas com CGI. Esse modo de jogo pode ser escolhido, sem problemas, desde o começo. As opções disponíveis são: a Campanha Normanda, com o Duque Guilherme; a Guerra dos 100 Anos, com os franceses e a Ilustre Joanne D’arc; a Ascensão de Moscou, com o resiliente povo Rus; e O Império Mongol, com a figura incrível de Genghis Khan.
Além das campanhas, temos também os Desafios de Arte da Guerra: partidas com desafios de habilidade e com intuito de nos ensinar ainda mais sobre a jogabilidade. O modo Multiplayer completa as opções do jogo, e nele podemos testar nossas habilidades contra a A.I ou contra jogadores online. Infelizmente, não temos a possibilidade de criar mapas, como era possível em títulos anteriores, o que, na minha opinião, era uma das coisas mais divertidas.
Transitando entre reinos, e guerras amigáveis
Age of Empires 4 pode não ter os melhores gráficos mesmo nas melhores máquinas, porém, a ambientação de cada civilização disponível é fantástica. Não estamos falando apenas de skins diferentes, mas tudo muda completamente de uma civilização para a outra. As construções são uma maravilha e extremamente fiéis aos relatos históricos. Seja na China ou na Normandia, os castelos e construções estarão impecáveis e distintos uns dos outros, com o bônus de que tudo, e não somente as construções, evolui muito bem quando avançamos no game.
Não podemos nos esquecer das roupas e armaduras, armas, objetos e até mesmo os idiomas dos diferentes períodos e regiões, e é incrível ouvir as unidades falarem uma variante do normando, durante a campanha na Inglaterra, ou mesmo os Rus falando uma espécie de antiga língua eslava. Falando em povos eslavos, a magnífica trilha sonora é composta pelo polonês Mikolai Stroinski (The Witcher 3) e dá todo um toque especial na ambientação.
Falando sobre as batalhas entre amigos ou entre desconhecidos com sede de guerra, o modo online é divertido, mas pode não durar muito por conta das poucas civilizações disponíveis. Apostando que isso não será problema em alguns meses, quando novos conteúdos certamente chegarão, o competitivo online tem bastante potencial, se certos ajustes forem feitos (e podem ser feitos), mas ainda assim é complicado cravar sobre a vida útil deste modo em rede.
O resultado
Voltando às mecânicas que fizeram a franquia famosa e melhorando tudo, como nunca vimos antes, Age of Empires 4 é um episódio divertido, convincente, possui uma gameplay sólida e uma ambientação incrível. Apesar de alguns erros, como poucas civilizações e poucas campanhas jogáveis, o game tem tudo para satisfazer tanto os novatos quanto os fãs antigos da licença. Mesmo o aspecto técnico não tão incrível e a A.I por vezes frustrante não apagam o brilho que temos neste produto, no qual vemos profundidade e riqueza num nível absurdamente agradável. Não acredito que seja exagero louvar a Relic Entertainment por seu sucesso, pois o quarto título da série Age nos mostra motivos suficientes para dizer que temos, neste jogo, um dos melhores RTS da atualidade. Ele é indispensável para fãs de história ou do gênero de estratégia em tempo real e, finalmente, depois do fiasco que foi Age of Empires III, podemos falar que o Rei dos RTS está de volta.
Revisão: Jason Ming Hong
Cópia de PC adquirida através do Xbox Game Pass