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Review Age of Mythology: Retold (Xbox Series S) – Recontando um conto

Jogos de estratégia em tempo real, os famosos RTS, sempre estiveram longe dos meus gêneros preferidos. Apesar de gostar de Dota, tentei jogar Warcraft, Starcraft, Civilization e até Age of Empires. Mas o único RTS que dediquei centenas de horas, por volta de 2007, foi Age of Mythology. Com o retorno de Age of Empires em 2019, tive esperança de logo poder jogar a aventura mitológica remasterizada, o que se concretizou recentemente. Então, é com alegria que trago a análise de Age of Mythology: Retold.

Desenvolvimento: World’s Edge e Forgotten Empires
Distribuição: Xbox Game Studios
Jogadores: 1 (local) e 1-8 (online)
Gênero: Estratégia
Classificação: 14 anos
Português: Legendas, interface e dublagem
Plataforma: Xbox Series X|S, Xbox One, PC
Duração: 20 horas (campanha)/50 horas (100%)

Vivendo mitos

Gargarensis, um ciclope poeta, é o vilão principal
Gargarensis, um ciclope poeta, é o vilão principal

Misturando eras e mitos, a campanha principal de Age of Mythology narra a aventura de Arkantos, um almirante atlante. Após recuperar o tridente de Poseidon, o herói e sua tripulação pretendiam retornar a Atlântida, mas seus barcos foram sabotados. Ao receber ajuda dos gregos, o atlante descobre que o ladrão do tridente estava conspirando com Kemsyt, um sacerdote egípcio, e Gargarensis, um ciclope, para eles entrarem em Erebus, o mundo dos mortos, pois eles possuem um objetivo cruel e misterioso envolvendo os Titãs.

Separados em três atos, a história leva Arkantos, um atlante, até a mitologia grega. Posteriormente, ele se reúne com os egípcios e, no último ato, aos nórdicos. Cada panteão possui suas mecânicas e estilos próprios, que são apresentados durante a campanha em algumas fases tutoriais, sem desviar do enredo principal.

Compêndio sobre hipopótamos
O compêndio é um destaque, com informações e curiosidades diversas

Por mais que seja linear e fácil, a campanha apresenta cada um dos panteões, suas forças, fraquezas e métodos de jogabilidade. A história é divertida e acaba sendo o tutorial perfeito para entender todas as mecânicas antes de partir para embates reais, seja com outros jogadores ou contra a IA.

Um dos aspectos mais interessantes da obra é o seu compêndio, que é bem complexo pois aborda fauna, flora, lendas e mitos, unidades mitológicas, heróis, guerreiros, construções – praticamente tudo sobre o panteão em questão. O jogo pode ser considerado uma fonte inicial de conhecimentos gerais sobre a mitologia grega, egípcia e nórdica de tão completas que são suas informações.

Em direção a guerra

Ínicio de uma partida, na era Arcaica
Quanto mais rápido evoluir para a era Clássica, mais vantagens o jogador tem

Como um RTS clássico, o diferencial de Age of Mythology está nas mitologias disponíveis e capacidade de utilizar magias divinas. Além dos recursos tradicionais coletados pelos aldeões (que são Ouro, Madeira e Comida), existe o Favor, que trata a relação de fé entre os cidadãos e o deus principal escolhido, servindo para criar construções e unidades míticas.

Antes de iniciar uma partida, o jogador escolhe seu panteão e seu deus principal. Durante o jogo, ao evoluir para as eras Clássica, Heróica e Mítica, é necessário escolher um entre dois deuses, que trazem benefícios diferentes. Assim, é possível personalizar a partida de acordo com as preferências ou com as atitudes dos inimigos. Na campanha, entretanto, os panteões e deuses principais já estão pré estabelecidos, permitindo escolher apenas entre deuses secundários.

Unidades míticas e ofensivas em direção a um combate
Unidades míticas e ofensivas em direção a um combate

A remasterização trouxe alguns recursos novos, como deuses e unidades míticas, algumas facilidades, como a criação automática de unidades e, principalmente, a possibilidade de se jogar com controles. Por ser necessário um gerenciamento intenso, os primeiros momentos antes de se acostumar com um controle podem ser confusos, mas os tutoriais são suficientes para o aprendizado.

Considerando a campanha, Age of Mythology é fácil, mas seu brilho está nos embates contra outra equipe, momento em que o verdadeiro desafio se apresenta. Existem modos online casuais, ranqueados e contra a IA, e sua dificuldade e nível de agressividade podem ser configurados. As partidas geralmente são demoradas, mas vencer depois de um longo desafio é extremamente gratificante.

“Outro Kraken se aproxima”

Cena de parte da aventura com os egípcios
Os novos efeitos gráficos estão fantásticos

Age of Mythology, lançado em 2002, foi o primeiro jogo dublado em português brasileiro que joguei. Sua dublagem na época, seguindo o padrão menos profissional e mais “fanfarrão” estabelecido em obras como o primeiro Resident Evil, possui momentos icônicos, como a voz com roncos e rugidos do minotauro Kamos. Sua versão remasterizada foi dublada novamente, mas de forma profissional e com menos exageros, trazendo mais seriedade, mostrando um investimento maior na localização.

Houve muita evolução gráfica também, com melhorias que vão além da resolução, pois as texturas foram refeitas, de forma que o jogo se tornou um primor em relação a qualidade de seus visuais, mesmo sendo jogado no modo desempenho. As águas e os efeitos como trovões e meteoros foram completamente refeitos e estão fantásticos.

Monte Olimpo

A remasterização de Age of Mythology respeitou seu legado, trouxe mais conteúdo e aprofundou o que já existia. Além de modernizar os comandos, tanto para PC quanto para consoles, reviveu um dos mais icônicos jogos de estratégia em tempo real já feitos, trazendo novos jogadores, estratégias e campeonatos oficiais. A campanha é um tutorial perfeito até para quem nunca jogou um RTS, então posso recomendar com segurança para todos que se interessarem.

Cópia de Xbox adquirida através do Game Pass

Revisão: Julio Pinheiro

Age of Mythology: Retold

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Remasterização de um clássico
  • Mitologias variadas
  • Novos recursos e facilidades
  • Campanha que serve como tutorial

Contras

  • Comandos complexos com controle
  • Redublagem