Alpha Protocol é um RPG que combina mecânicas de tiro em terceira pessoa com uma narrativa dinâmica que é característica das produções da Obsidian. Lançado originalmente em 2010, o jogo não foi bem recebido na época, mas ao longo do tempo acabou se tornando um clássico cult – que não estava à venda digitalmente desde 2019 devido a problemas de licenciamento. Cinco anos depois, o título finalmente está de volta em meios oficiais através de um relançamento feito pela GOG, que preserva o game para o futuro numa versão livre de DRM.
Desenvolvimento: Obsidian Entertainment
Distribuição: SEGA
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Ação
Classificação: 18 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS3, Xbox 360
Duração: 13 horas (campanha)/26 horas (100%)
Por dentro de uma conspiração
Alpha Protocol é focado numa narrativa assinada por uma equipe liderada pelo roteirista Chris Avellone. Ao contrário de outras empreitadas da Obsidian, que se situavam em mundos fantasiosos, esse jogo é praticamente um thriller que bebe da fonte de filmes de ação e espionagem hollywoodianos. É uma combinação inusitada que resulta em uma trama sensacional, que infelizmente não possui legendas em português.
Os eventos se iniciam quando um avião comercial cheio de passageiros estadunidenses é derrubado na Arábia Saudita por uma organização terrorista com acesso a armas americanas. Derrubar uma aeronave já é inadmissível, mas o envolvimento de produtos da própria indústria bélica norte-americana na morte de outros americanos é considerado mais grave ainda pelo Tio Sam, que decide esconder essa informação do público enquanto tenta evitar que isso aconteça novamente.
Partindo disso, um programa ultra secreto é acionado, e o agente Michael Thornton recebe a missão de averiguar o que realmente aconteceu, viajando até o Oriente Médio para investigar o caso. Aos poucos, ele vai desvendando uma conspiração global envolvendo múltiplas organizações criminosas na Tailândia, na Itália e na Rússia, precisando correr contra o tempo para impedir que uma guerra estoure.
Jogabilidade péssima
No decorrer das operações, é preciso escolher as falas do protagonista em tempo real por meio de pequenos eventos de ação rápida que surgem nas conversas. É necessário optar entre diferentes reações e saber usá-las nas missões para suceder nos objetivos e construir uma relação com os outros membros da Alpha Protocol. A narrativa muda com base no que o personagem diz e faz, sendo que há um resumo que mostra as consequências de cada escolha para a história completa do RPG.
Esses elementos são, de longe, o melhor que Alpha Protocol tem a oferecer. A jogabilidade também abre espaço para várias abordagens distintas, mas não é tão boa quanto o lado narrativo do título. Podemos abater os inimigos furtivamente, em confronto direto ou na bala – com mecânicas que lembram os shooters de cobertura como o Gears of War, que era uma tendência na época do lançamento do jogo.
No entanto, muitas mecânicas não funcionam, como a mira, que se torna em um desafio à parte por conta da retícula enorme que é colocada na tela. É impossível acertar qualquer tiro, fazendo o combate ser um sistema totalmente disfuncional. Isso faz com que sair na porrada contra os inimigos se torne a maneira mais eficaz do que tentar utilizar abordagens que fariam mais sentido para um espião.
Alguns outros sistemas são até interessantes e bastante únicos, mas ainda sofrem por serem mal feitos, como a mecânica de arrombar portas, que usa os gatilhos do controle, mas com os parâmetros de sensibilidade configurados incorretamente, resultando apenas em frustração durante a jogatina. O design de mapas também decepciona. É horrível se orientar em todas as missões, e a liberdade que faz parte da proposta do RPG acaba ficando restrita somente à narrativa, pois os objetivos são sempre muito lineares.
Versão de PC não funciona direito
Esse relançamento foi anunciado pela GOG com compatibilidade com os sistemas operacionais atuais, suporte para salvamentos em nuvem, resolução 4K, conquistas e controles modernos, além da inclusão de toda a trilha sonora licenciada. Não se trata de uma remasterização, apenas de uma edição atualizada do RPG, que tem uma péssima versão para computadores.
Os problemas começam assim que o jogo é aberto, porque o menu principal possui uma interface que não responde adequadamente a nenhum comando, sendo impossível navegar por ela normalmente. Um controle não pode nem ser usado de cara porque o suporte a ele é desativado por padrão. Foi preciso gastar um tempo que poderia ter sido dedicado à jogatina tentando descobrir a solução para esses problemas, que, simplesmente, foi usar os dois botões do mouse para clicar nos menus e conseguir ativar o joystick.
Há alguns travamentos que ocorrem quando o personagem se movimenta pelas fases, e a apresentação é prejudicada por vários efeitos visuais que não funcionam em resoluções altas. Esse estado técnico ruim e a péssima gameplay impedem que a experiência seja divertida, o que é uma pena, considerando a qualidade da trama apresentada.
Péssimo, mas com uma boa história
Embora todo o trabalho de preservar um título para o futuro seja louvável, o estado no qual Alpha Protocol foi disponibilizado novamente é vergonhoso, ainda mais pelo fato do RPG estar sendo vendido por cerca de R$ 100, um valor absurdo para um jogo de 13 anos atrás que nem é tão bom assim. A narrativa é espetacular, mas o resto do pacote é uma tosqueira.