Capa de The Callisto Protocol

Review The Callisto Protocol (PC) – Terror sem sutileza

Sem nem tentar esconder suas referências em Dead Space, The Callisto Protocol é uma experiência intrigante. Embora os criadores tenham passado anos prometendo um grandioso survival horror, a estreia da Striking Distance Studios traz, na prática, uma noção cunhada no decorrer da campanha de marketing de Resident Evil 6: um terror dramático. A mesclagem de ação estilosa com horror combinada uma apresentação cinematográfica tornam o título em uma jornada agradável, mesmo que imperfeita.

Desenvolvimento: Striking Distance Studios

Distribuição: KRAFTON

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Terror, Ação, Aventura

Classificação: 18 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PS4, PS5, PC, Xbox One, Xbox Series X/S

Duração: 10 horas (campanha)/15 horas (100%)

O enigma do horizonte

Cena do começo da campanha de Callisto Protocol

A narrativa futurista acompanha o drama de Jacob Lee, um piloto de carga que foi injustamente preso em uma penitenciária que, por coincidência, está cheia de monstros horripilantes. O objetivo é sobreviver às ameaças e desvendar o mistério por trás do local em Calisto, na lua de Júpiter. Para isso, Jacob conta com a ajuda de outros prisioneiros, além de armamentos potentes e úteis ferramentas de combate corpo a corpo. Parte da ficção também é contada exclusivamente através de arquivos de áudio, que só podem ser executados por meio do menu de inventário.

Em todos os momentos, a campanha promete que existe algo muito maior por trás de tudo, mas nada em grande escala é entregue pela história. O planejamento do estúdio é expandir o universo com 4 anos de suporte, e para isso, os desenvolvedores tentaram deixar uma sensação de “quero mais” no modo principal. Contudo, essa não foi uma das melhores abordagens, já que jogos narrativos dificilmente combinam com modelos de serviço.

Cena durante a jogatina de Callisto Protocol

Apesar da narrativa se encerrar de uma forma abrupta, a apresentação de toda a campanha é incrível. Os gráficos são absurdos, e as performances de Josh Duhamel e Karen Fukuhara são exibidas de uma maneira realista e verossímil, graças ao excelente trabalho de captura de movimentos corporais e faciais que foi realizado por uma das equipes da Sony. Os visuais casam perfeitamente com o formato de tela expandido proporcionado por monitores ultrawide, dado que o campo de visão é muito pequeno em equipamentos convencionais.

Callisto Protocol não chegou aos consoles e computadores em condições técnicas ideais. Depois de muitas atualizações, o jogo ainda não está em um bom estado técnico. O game roda bem, mas existem travamentos ao longo do carregamento de novas fases. Diversos filtros são utilizados que, embora colaborem para a construção da atmosfera, prejudicam a clareza da imagem durante a jogatina. Há legendas em português, mas o que surpreende é parte da ambientação ter textos e indicadores traduzidos, facilitando a exploração do cenário. No entanto, prestar atenção nas falas é uma tarefa difícil em alguns momentos, já que os caracteres ocupam toda a tela, além de nem todas as falas terem sido legendadas.

Show de sustinhos

Cena supostamente assustadora de Callisto Protocol

The Callisto Protocol se escora em constantes jump scares, que não chegam a ser assustadores. Não existe um fator surpresa, pois todo o mapa é extremamente linear e lotado de dicas óbvias a respeito do comportamento de cada inimigo. O que faz o game se diferenciar perante os outros nomes do gênero é o sistema de lutas, focado em esquivas e em duelos corpo a corpo. Os adversários apresentam animações sensacionais e um gore nojento, que destaca maravilhosamente cada ação dos inimigos, e claro, os golpes dados pelo protagonista, garantindo uma jogatina insana e sanguinolenta. 

O esquema de controle é ótimo, tanto no mouse e no teclado quanto no joystick. Porém, apesar dos esforços da equipe de desenvolvimento em ajustes de última hora, a jogabilidade é lenta e punitiva por causa da dificuldade exageradamente alta. A habilidade de correr é limitada dependendo de cada momento da campanha, e a troca de equipamento não é intuitiva durante os confrontos.

Cenário de The Callisto Protocol é lotado de dicas óbvias a respeito dos inimigos

O combate funciona bem quando apenas um único inimigo atormenta Jacob, mas alternativas normais precisam ser utilizadas quando há vários oponentes em cena. Uma das armas mais importantes contra as ameaças é a ambientação, porque é permitido levitar os monstros e atingi-los nas diversas armadilhas presentes no cenário.

Os recursos são limitados, sendo vital saber o que coletar, já que o espaço disponível no inventário é escasso. Para adquirir melhorias para as armas, é possível coletar materiais ao pisar em inimigos e utilizá-los em máquinas espalhadas pelo mapa.

É melhor esperar

The Callisto Protocol é o “The Evil Within” de Dead Space. É ótimo ter um novo nome no mercado que tome inspirações de um clássico e expanda o conceito com novas ideias. O título é uma experiência decente que representa uma raridade, já que não vemos jogos de terror AAA inéditos com orçamentos milionários surgindo do nada.

Imersivo mas pouco assustador, o título publicado pela sul-coreana KRAFTON será uma ótima experiência daqui um bom tempo, quando o pessoal da Striking Distance terminar de consertar os bugs existentes e finalizar a história com as expansões prometidas.

Cópia de PC adquirida pelo autor 

Revisão: Ailton Bueno

The Callisto Protocol

8

Nota final

8.0/10

Prós

  • Gráficos incríveis
  • Combate brutal

Contras

  • Jump scares constantes
  • Sem dublagem
  • Diversos bugs