Cria de uma era 16-bits que sou, não consigo me conter quando vejo um jogo de briga de rua na minha frente sem testá-lo. Os Beat ’em Up certamente fizeram um sucesso estrondoso nos anos 90, criando um sentimento de necessidade em muitas desenvolvedoras da época de lançar o seu próprio produto do gênero. Uma das empresas das quais nunca consumi nenhum jogo do estilo foi a Konami, por isso foi uma baita surpresa quando encontrei Crime Fighters, através da série Arcade Archives trazida pela japonesa Hamster.
Desenvolvimento: HAMSTER Corporation
Distribuição: HAMSTER Corporation
Jogadores: 1-4 (local)
Gênero: Arcade, Ação
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: Switch, PS4
Duração: Sem registros
Um resgate de tempos vindouros
Arcade Archives: Crime Fighters é a versão atualizada do jogo de 1989, desenvolvido e publicado pela Konami exclusivamente para máquinas de arcade da época. A modernização traz alguns recursos extras para o Beat ’em Up dos anos 80, como ranking online para competir com pontuações mundiais e um modo Caravan para competir com amigos localmente. Fora isso, o básico esperado se faz presente com uma forma de salvar o progresso atual em qualquer momento (um save state de menor agilidade) e 4 versões de Crime Fighters: a japonesa e a internacional para 2 jogadores, e novamente ambas as versões para até quatro pessoas na mesma tela – com a remoção do chute traseiro.
Aqui, controlamos uma dupla, ou um esquadrão de até 4 policiais disfarçados, que saem em busca de donzelas sequestradas por uma gangue de punks e um chefe do crime. Como muitos títulos do gênero dos anos 80 e 90, Crime Fighters traz os estereótipos das gangues norte americanas da época, como os arruaceiros com suas roupas de couro e moicanos, brutamontes gigantes e musculosos e mulheres com roupas bastante coladas e de pouco comprimento.
Um beat ‘em up para poucos
Se formos comparar o jogo com seus similares, diria que Crime Fighters possui uma agilidade em sua jogabilidade bem abaixo do esperado – até mesmo naquele tempo. Em 89 já tínhamos rivais de peso, como Final Fight, da Capcom, em que os golpes eram bem mais velozes, além de existir a possibilidade de dar uma “investida” para frente com o personagem. Os protagonistas de Crime Fighters são lentos e engessados, com golpes bem pesados e uma dificuldade que abusa da quantidade de inimigos da tela para amontoá-los sobre os jogadores. Facilmente, você notará que ficou cercado por todos os lados por inimigos, sem muita chance de escapar. Por isso, a coisa mais comum aqui vai ser usar as fichas infinitamente para continuar avançando.
Por outro lado, as opções de golpes são relativamente variadas. É possível dar um soco e chute traseiro, ou um golpe traseiro apenas nas versões para até 2 jogadores. Já o pulo acontece em conjunto com um chute aéreo, bastante útil para derrubar inimigos enquanto vamos em direção a eles.
Em termos de variedade, temos cenários relativamente diferentes e diversificados. Ambientes como metrôs, um shopping center e as ruas de uma cidade fictícia com aparência norte-americana são os principais cenários existentes por aqui. Alguns aspectos deveras cômicos também se fazem presentes e quebram um pouco o ritmo de seriedade, como uma stripper parada em frente a uma porta de vidro que chama a atenção do jogador, fazendo-o ser arremessado contra a parede assim que o cafetão percebe o potencial cliente “degustando o serviço” gratuitamente.
Co-op quase que obrigatório, dificuldade desleal
Jogando na dificuldade normal, diria que a inteligência artificial é um tanto quanto desbalanceada, a ponto de tornar a experiência um desprazerosa se jogado sozinho. Crime Fighters é praticamente um game obrigatório para 2 pessoas, sem opções modernas o suficiente como a possibilidade de adicionar bots ou até mesmo procurar salas em lobbies no online. Aliás, é um grande pecado esse tipo de jogo ser trazido com restrição do cooperativo apenas local.
Também há um problema de hitbox, muitas vezes sendo difícil de acertar os arruaceiros caso estejam um pouco “acima” ou “abaixo” do personagem no eixo Y, algo recorrente da época em muitos jogos do gênero que, infelizmente, nunca foi ajustado. Sem falar que, alguns inimigos, simplesmente cancelam seu golpe que, supostamente, deveria ser “incancelável”. Caso você realize um chute aéreo, é muito provável que o personagem seja agarrado e arremessado longe.
Felizmente, a opção de adicionar fichas infinitamente e diminuir tudo para o easy mode são recursos bem-vindos. Porém, gostaria mesmo é de ter a experiência sempre planejada no modo normal, o que infelizmente é bastante injusto por conta da quantidade de inimigos que ficam o tempo todo “em cima” dos personagens do jogador.
Diversão rápida, recursos escassos
Arcade Archives: Crime Fighters é mais um jogo da coleção Arcade Archives trazido pela Hamster para os consoles atuais. Infelizmente, a quantidade de recursos disponíveis são bem básicas se comparadas a outros clássicos que são trazidos pelas principais concorrentes no mercado dos games, atualmente.
Coletâneas como o Capcom Arcade Stadium traz desbloqueáveis mais interessantes, além de possibilidade de rebobinar em tempo real e criar vários save states. Já Kunio-Kun & Double Dragon da Arc System Works é um exemplo mais interessante ainda, já que permite a criação de partidas online para jogar ambas as séries através da internet com amigos. A proposta do Arcade Archives, no fim das contas, acaba deixando a desejar no conjunto da obra, além do preço cobrado ser maior do que alguns jogos citados acima.
Cópia de Switch cedida pelos produtores