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Review Aspire: Ina’s Tale (Switch) – Por vezes bonito, mas não muito além disso

Um estilo de jogo indie que me agrada são aventuras curtas e marcantes, geralmente com uma estética própria e gameplay relativamente simples mas agradável. Eu me refiro a, por exemplo, jogos como Gris, Limbo e Inside. Assim, com certa empolgação de estar à frente de mais uma dessas experiências, iniciei Aspire: Ina’s Tale. Infelizmente, o visual e a boa premissa são prejudicados por uma gameplay bastante limitada e que oferece pouco.

Desenvolvimento: Wondernaut Studio
Distribuição: Untold Tales
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Plataforma
Classificação: Livre
Português: Legendas e Interfaces
Plataforma: Switch, Xbox One, PC
Duração: 2,5 horas (campanha)/3 horas (100%)

Experiência de plataforma simples, até demais

Por vezes, a única atração durante o gameplay é admirar os cenários
Cenários bonitos são um dos pontos fortes do jogo

Aspire é a estreia da Wondernaut Studio, uma desenvolvedora brasileira fundada em 2020. Ina é uma jovem que se dá por si presa dentro de uma torre, onde estava dormindo por um tempo desconhecido. Ela então acorda e precisa escapar do local para voltar ao seu vilarejo. Assim, o jogo é basicamente uma história de fuga, com o descobrimento de alguns segredos da torre e seus habitantes nesse meio tempo. A história é relativamente vaga, deixando muito para a interpretação do jogador.

O jogo é uma aventura em plataforma bastante simples em que você avança pelos cenários, eventualmente resolvendo puzzles para chegar nas áreas seguintes e em alguns momentos tendo que escapar de algum inimigo. Suas ações principais consistem em pular, empurrar caixas e comandar “espíritos”, que são pequenas luzes que você insere em blocos e outros aparatos para resolver puzzles. É possível interagir com alguns elementos dos cenários e é isso. Não há combate, e quando inimigos cruzam seu caminho, sua opção é apenas fugir.

É justamente na descrição da jogabilidade que se encontra o maior problema de Aspire. Apesar da mecânica dos espíritos ter potencial, ela é pouco explorada. Há algumas telas com puzzles mais elaborados que fazem o jogador explorar o sistema e se ver obrigado a pensar antes de resolver os desafios. No entanto, são poucos esses momentos e, quando o jogador estiver começando a se empolgar – a despeito dos demais problemas do jogo -, a curta experiência termina, já que os melhores puzzles aparecem basicamente na parte final da aventura.

Problemas de desempenho comprometem a experiência

Espíritos podem ser inseridos nas caixas para resolver puzzles
Empurrar caixas é uma das poucas ações que o jogador dispõe

Além disso, bugs não são raros no jogo, incluindo aqueles que são alguns dos piores que podem ocorrer: problemas que impedem o progresso na aventura, obrigando a voltar ao último checkpoint. Por exemplo, em um momento enquanto eu jogava, a personagem simplesmente não podia mais mover uma alavanca obrigatória para prosseguir no cenário. Depois de muito procurar o que poderia fazer, sem sucesso, resolvi então voltar do último checkpoint e a alavanca funcionou normalmente. Uma “vantagem” aqui é que os checkpoints são frequentes.

Outro incômodo é o desempenho – ao menos no Nintendo Switch, plataforma na qual eu joguei. A despeito do visual relativamente simples, pequenos travamentos ocorrem com muita frequência. Isso é particularmente irritante quando ocorre durante momentos de pulo, podendo prejudicar a experiência, incluindo mortes ao cair em buracos. Esses problemas acontecem mesmo com o Switch no modo docked, no qual, aliás, os tempos de carregamento são exagerados.

Arte inspirada, mas não tão bem implementada

Por vezes os gráficos também confundem na hora de saber o que fazer
Por mais que a direção de arte seja interessante, cenários por vezes são bastante pixelados

Em geral, os gráficos de Ina’s Tale são bastante bonitos, em especial os cenários. Como consequência da curta aventura, são poucos os diferentes ambientes que vemos, mas os que lá estão são bem agradáveis.

Mas apesar da direção de arte ser bastante inspirada, a qualidade dos gráficos em si por vezes deixam a desejar, como na animação dos personagens e na resolução. A impressão que tive em alguns momentos é de que eu estava jogando um jogo em Flash na década de 2000. O maior exemplo é o monstro que te persegue em alguns momentos, que se move de forma bastante estranha. Assim, infelizmente os belos conceitos de arte acabaram não sendo sempre representados na gameplay como mereceriam.

Já uma qualidade incontestável de Ina’s Tale é a sua trilha sonora. As músicas são boas e atuam para criar um clima bastante condizente com a história e o ritmo do jogo, principalmente nas faixas focadas no piano.

Potencial desperdiçado, mas esperanças para o futuro

Fica a impressão de potencial desperdiçado. Os puzzles das partes finais do jogo dão a sensação de que há muito a ser explorado. Em momentos de encerramento da curta experiência – cerca de 3 horas – temos alguns exemplos de puzzles com combinações interessantes dos espíritos, mostrando que a mecânica tem bastante potencial, mas foi pouco utilizada, em um final que parece apressado. Uma eventual continuação de Ina’s Tale ou um projeto diferente da Wondernaut Studio, aproveitando o que de positivo se tem aqui, certamente pode alcançar ares maiores, ajudando cada vez mais a botar o Brasil no mapa dos grandes desenvolvedores de jogos.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Aspire: Ina's Tale

5

Nota final

5.0/10

Prós

  • Trilha sonora
  • Direção de arte

Contras

  • Jogabilidade pouco inovadora
  • Problemas de desempenho e bugs
  • Mecânica de espíritos pouco explorada
  • Gráficos limitados