Astalon: Tears of the Earth é um título em pixel art 8-bits que trata da história de três heróis que saem em uma jornada para salvar seu vilarejo, em um mundo pós-apocalíptico cuja única fonte de água está completamente envenenada. Juntos, eles precisam invadir uma torre suspeita de ser a causa do envenenamento em sua terra natal. Para isso, o trio precisará enfrentar criaturas denominadas Gorgons, a fim de restabelecer a ordem em seu querido lar e purificar a água local.
Desenvolvimento: LABS Works
Distribuição: DANGEN Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Plataforma, Ação, Aventura, Puzzle
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, Switch, Xbox One
Duração: 11.5 horas (campanha)/22 horas (100%)
Roguelite, 8-bit e Metroidvania
Trazendo mecânicas Roguelite, Astalon: Tears of Earth mostra-se um jogo difícil na medida certa na maioria das vezes, porém, sem deixar de lado a punição. A cada vez que morremos, somos levados ao domínio de Epimetheus, uma criatura do submundo que Algus (um dos protagonistas) tem um pacto. Lá, gastamos todos os orbes coletados antes da morte, sendo possível carregá-las para a próxima sessão sem a obrigação de gastar tudo para avançar. Isso facilita bastante as coisas e te permite gerenciar de forma bem melhor aquilo que foi coletado até então, por isso é possível identificar o game como Roguelite em vez de Roguelike – já que aqui carregamos itens entre uma run e outra.
A jogabilidade é distribuída e bastante variada entre os três membros do grupo: Algus, Arias e Kyuli. Cada personagem possui sua própria maneira de se jogar, trazendo diversidade por meio de seus ataques padrões, movimentação, habilidades únicas e upgrades possíveis de serem liberados. A transição entre salas remete bastante aos games do Mega Man, pois existe um corte entre um quarto e outro da torre, ficando impossível de ver o que existe do outro lado sem necessariamente estar lá. Já em termos de exploração e localização, podemos relacionar Astalon: Tears of the Earth mais com a franquia Castlevania, com seus castelos ilustrados através de um mapa.
A progressão se dá por meio de, simplesmente, andar de uma sala à outra, até que finalmente enfrentamos um chefe ou passamos por uma porta que exige uma chave ou joia Gorgon de cor específica. Por isso, espere muita exploração e desafios de plataforma que exigem precisão para ir atrás de objetos importantes e prosseguir, ao mesmo tempo que desvia de inimigos, coleta orbes e define um caminho a ser seguido. Além disso, a curiosidade também é recompensada: existem locais escondidos atrás de ilusões visuais, como escadas atrás de blocos no chão e paredes falsas com passagens secretas.
Três jogabilidades em um
Algus é o mago do grupo, que serviu ao pai do cavaleiro Arias no passado. O personagem possui um pacto com o coisa ruim chamado Epimetheus, fazendo com que seu grupo e a si mesmo sejam ressuscitados cada vez que morrem. Porém, no final da jornada, Algus deve entregar sua alma para Epimetheus como pagamento de sua dívida. O mago utiliza seu cajado para lançar projéteis mágicos, que possuem uma limitação de distância em relação ao personagens. Seus ataques são efetivos, porém, de curto alcance. Algus também consegue ativar botões controladores de barreiras, sendo uma importante figura para ativar novos caminhos.
Arias é filho desacreditado de um guerreiro chamado Silas, o portador da lendária Crystal Sword, além de ser o protegido de Algus. Seu principal ataque é feito utilizando sua espada, que pode tanto cortar inimigos quanto destruir vinhas que estejam bloqueando alguma passagem. Seu combate é feito de distâncias bem curtas, sendo o personagem corpo-a-corpo. Seu ataque é poderoso, porém, coloca-o em exposição nos conflitos.
Por fim, Kyuli é a arqueira do grupo. Seus ataques são feitos, justamente, com seu arco, que possui capacidade de dano baixo, mas por outro lado atinge altíssimas distâncias. É uma personagem difícil de se dominar em termos de combate, já que existe um atraso em seu comando de lançar flechas. Além disso, sua habilidade mais do que especial e necessária na aventura é a de dar pontapés na parede e pegar impulso para ir mais alto. Esse movimento é extremamente preciso em momentos que locais altos são impossíveis de serem alcançados pelos rapazes do grupo.
Morra, ressuscite, faça upgrades e volte
Astalon: Tears of the Earth tem o típico ciclo de um Roguelite, que permite upgrades a cada vez que morremos e voltamos. No entanto, como costume do gênero, somos jogados ao começo da fase para realizar o caminho todo novamente. No início tudo é extremamente frustrante, já que o trajeto é necessário de ser feito à pé. Porém, depois de algumas tentativas e avanço nos cenários, é possível liberarmos alguns itens que permitem acesso fácil aos andares mais altos da torre facilmente, como portais e elevadores. Mesmo assim, ser enviado ao começo é bem chato e poderia haver uma opção de acessibilidade para desabilitar isso, caso eu quisesse – alguns Roguelite já fazem isso, como Going Under.
Existe uma necessidade constante de voltar várias vezes às fogueiras, que são os locais onde trocamos de personagem entre os três disponíveis, o que acaba sendo um trabalho bem cansativo e repetitivo. Muitas vezes é possível perceber que já andamos um bocado até que notamos que não é possível seguir adiante com o personagem selecionado. Isso obriga a realizar um backtracking, trocar de personagem e repetir tudo novamente, simplesmente para prosseguir. Novamente, não existe uma opção de minimizar essa funcionalidade um tanto quanto irritante.
Mesmo com alguns defeitos, é um resultado extremamente satisfatório que obtemos ao realizar upgrades, já que eles liberam novas habilidades para os personagem que agilizam bastante o ritmo do jogo. Além disso, alguns itens também são capazes de apontar elementos importantes no mapa, como chaves necessárias para abrir portas, último lugar onde morremos, local de cada passagem para outra sala, entre outras funções. Quanto mais jogamos, mais somos recompensados com objetos no inventário que abrirão nossos olhos cada vez mais, tanto na questão de enredo como em termos de jogabilidade. Porém, haja paciência.
Morte e recompensa
Não sou tão fã de nada que contenha o subgênero Rogue em seu cerne, mas certamente Astalon: Tears of the Earth me fisgou de jeito. Seu estilo que mistura Mega Man e Castlevania é encantador, além de que os visuais e trilha sonora são incrivelmente bem feitos. Porém, é necessário ter em mente que morrer é parte integral desse tipo de jogo, e muitos podem acabar extremamente frustrados pela progressão depender unicamente de persistência. Caso você não seja o tipo de pessoa que tem paciência para Roguelites, pode esquecer, esse jogo não é para você, já que sua punição acaba gerando repetição. Porém, se você é fã de Metroidvanias e games como Dark Souls, Dead Cells e afins, Astalon: Tears of the Earth é um prato cheio que irá lhe alimentar por boas horas.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Kiefer Kawakami