Citizens Unite Capa

Review Citizens Unite: Earth X Space (Switch) – Dois RPGs em um

Citizens Unite: Earth X Space reúne os jogos Citizens of Earth, do Wii U e 3DS, e Citizens of Space (lançado em 2019 para Switch) em um mesmo pacote. Nunca ouvi falar sobre o primeiro jogo quando tive a plataforma anterior da Nintendo, o que é uma pena, já que sou um grande fã de RPGs. Felizmente, através dessa coletânea pude ter a chance de conhecer ambos, sem falar que o conjunto contempla a possibilidade de alternar entre um game e outro rapidamente, através de um botão.

Desenvolvimento: Eden Industries
Distribuição: Kemco
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, RPG, Estratégia
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4 e Switch
Duração: 14 horas (Citizens of Earth)/ 17 horas (Citizens of Space)

Citizens of Earth e o JRPG estático

Batalhas são estáticas e maçantes
Batalhas são estáticas e maçantes

A dupla Citizens traz uma abordagem bastante focada em bom-humor, possuindo piadinhas infames e falas com trocadilhos em vários momentos. Isso também é notável através das linhas de diálogos em batalhas e até mesmo no design dos personagens, com características bizarras e que, muitas vezes, misturam objetos inusitados do cotidiano para compor seu visual.

Em Citizens of Earth controlamos o recém vice-presidente do planeta Terra, que, curiosamente, ainda mora na casa da sua mãe no andar de cima e precisa lutar contra seus opositores políticos no primeiro ato do jogo. Estes opositores também agem como “monstros” para batalharmos contra, sendo o líder deles uma figura tida como seu principal rival nas eleições.

Recrutamento

Ambos os jogos possuem uma mecânica bastante interessante de recrutamento de personagens. Alguns claramente são recebidos por causa de eventos naturais da história, mas outros exigem que certas missões sejam cumpridas para aceitarem juntar-se ao seu grupo de guerreiros. Infelizmente, o personagem principal serve mais como uma espécie de “treinador Pokémon”, que dá apenas alguns tipos de comandos, como a fuga e o uso de itens.

A jogabilidade se divide em dois momentos: exploração em cenário 2D e batalhas que remetem bastante aos RPG japoneses. Na exploração, é possível segurar o botão B para andar mais rapidamente e A para interagir com personagens, nada do que já não tenhamos visto por aí em outros títulos. A boa notícia é que os inimigos ficam andando pelos cenários, então não existem batalhas aleatórias que ficam surgindo a todo momento. Já os combates seguem a linha de um RPG clássico, posicionando seu grupo de personagens na parte de baixo da tela, enquanto os inimigos ficam acima.

Mais batalhas

Tudo acontece de forma muita estática e com falas constantes dos personagens – que são bem repetitivas e irritantes. Além disso, os membros da sua equipe podem aprender habilidades diversas com o aumento de seu nível, fora que cada um funciona como uma classe diferente. Existem personagens que lembram bastante um guerreiro, uns que aguentam mais danos e outros que parecem funcionar como um suporte ou mago. Tudo isso acontece, obviamente, sem perder o bom humor do jogo, trazendo figuras caricatas como jornalistas, confeiteiros, seu irmão e até mesmo a sua própria mãe.

Pressionando o ZR podemos visualizar o mapa e os ícones dos personagens passíveis de interação, missões secundárias e primárias, porém, a forma como isso é mostrado deixa bastante a desejar. O layout deste mapa procura seguir um visual bastante similar ao ambiente de exploração, tornando tudo um pouco confuso em termos de localização. Se os caminhos possíveis de atravessarmos fossem representados em uma cor sólida e única, provavelmente teria sido uma melhor ideia.

Citizens of “Paper” Space

Pronunciamento do embaixador da Terra

Citizens of Space, ao contrário de Citizens of Earth, traz algumas diferenças primordiais na jogabilidade, que faz com que as coisas sejam mais divertidas e interativas. Neste jogo, controlamos o embaixador – de nome personalizável – da Terra, que precisa ir à uma convenção intergalática para discursar ao representar do nosso querido planeta azul. Porém, ao fazer sua apresentação e mostrar um vídeo ao vivo de sua terra natal para que todos possam conhecê-la, temos a notícia de que o planeta simplesmente desapareceu sem deixar vestígios. Por isso, nosso protagonista precisa aliar-se ao seu assistente e NPCs dos mais variados tipos para salvar a Terra.

Novamente, com uma história bem básica que serve apenas como uma premissa para a existência do jogo, Citizens of Space se apoia muito em sua jogabilidade. Os dois momentos vistos em Citizens of Earth se repetem um pouco aqui. A exploração se mantém igual ao título anterior, mas com um toque diferente aqui e ali em termos de interação com o cenário, puzzles e o botão de dash ultra veloz do protagonista – que não corre, aliás. Mesmo assim, o mapa confuso permanece, sem falar que às vezes existe mais de um caminho para a missão principal e o jogador fica incapacitado de saber qual exatamente é o destino.

Em Citizens of Space, batalhas remetem a Paper Mario
Em Citizens of Space, batalhas remetem a Paper Mario

As mecânicas de combate são o ponto mais alto e seguem uma linha bem igual a de Paper Mario – tratando-se dos clássicos. Todas as batalhas são interativas, seja no ataque ou na hora de se defender. Cada vez que desferimos um golpe, um minigame surge na tela e a precisão do jogador em cumprir este rápido jogo medirá o quão eficaz seu ataque será. Por isso, quanto mais acertarmos os comandos durante um minigame, maior será o dano causado ao inimigo. Uma pena que a instrução do golpe aparece apenas no momento em que ele está sendo executado, precisando abusar da tentativa e erro caso você tenha esquecido como um ataque em específico funciona.

Na hora da defesa acontece algo parecido, pois um círculo aparece no membro da equipe que receberá o ataque inimigo e, dependendo do momento em que o jogador aperta o botão, um dano menor será recebido. Tudo isso torna as batalhas bem menos maçantes e com uma exigência de constante atenção e interação, uma prática muito inteligente para não deixar as coisas fáceis demais ou até mesmo cansativas.

Level up!

Fora isso, cada personagem possui habilidades que consomem pontos de energia que podem ser recarregados utilizando-se do ataque mais básico de cada membro da equipe. Ao subir para um nível específico, sua party receberá novas habilidades e pontos de atributos distribuídos automaticamente.Além do mais, estes personagens da linha de frente na batalha podem ter membros de apoio como suporte com habilidades específicas, além de ser possível equipararmos membros de invocação que realizam ataques especiais.

Porém, nem tudo é perfeito. Ao contrário de Citizens of Earth, em Citizens of Space existem as famosas batalhas aleatórias. Há uma forma de configurar a dificuldade geral do jogo que, colocando em um modo mais difícil, mais recompensas são concedidas ao jogador. Também podemos configurar a frequência de encontros, mas isso não torna as coisas menos irritantes do que a possibilidade de saber onde o inimigo se encontra no cenário.

Dois por um, diferenças gritantes e várias monotonias

Diria que Citizens of Earth é um jogo bem mais fraco do que Citizens of Space. Apesar de ser possível alternar a qualquer momento de forma bem ágil entre os dois games, confesso que não tive muita vontade de voltar para Citizens of Earth, e cada vez que o fazia acabava sentindo uma regressão muito grande de qualidade.

O primeiro jogo é muito mais lento e cansativo, e isso se deve bastante a suas batalhas monótonas que funcionam apenas por menus de seleção sem muita graça. Felizmente, os inimigos ficam aparentes no cenário e podemos facilmente evitar encontros, além de haver a possibilidade de vencer automaticamente batalhas e adquirir experiência atacando qualquer um pelas costas.

Porém, Citizens of Space é o salvador da pátria neste pacote. Além de suas batalhas interativas que remetem aos Paper Mario e que exigem ação do jogador a todo momento, as músicas durante os combates são excelentes. Toda a trilha sonora é um show à parte, e isso acaba sendo parte crucial em títulos de RPG, já que na maior parte do tempo você está caminhando pelos cenários de forma um pouco mais exploratória e entrando em batalhas. Porém, mesmo com configurações de dificuldade e frequência de inimigos que surgem, os encontros aleatórios tiram um pouco do charme de Citizens of Space – neste ponto, houve uma regressão em comparação ao Citizens of Earth.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Kiefer Kawakami

Citizens Unite: Earth X Space

6.5

Nota final

6.5/10

Prós

  • Batalhas interativas em Citizens of Space
  • Alternância entre jogos de forma fácil
  • Bom humor

Contras

  • Citizens of Earth é muito monótono
  • Mapa confuso e poluído
  • Encontros aleatórios em Citizens of Space
  • Falas excessivas sem opção de reduzir frequência