Azure Striker Gunvolt 3 é um jogo de ação e plataforma 2D que mistura combates frenéticos, golpes especiais exagerados e batalhas contra chefes desafiadoras. Com visual primoroso e personagens carismáticos, as aventuras de Kirin e Gunvolt são prejudicadas por uma interface de usuário que polui a tela com elementos desnecessários até mesmo em momentos críticos, prejudicando em demasia a visibilidade e afetando o desempenho do jogador.
Desenvolvimento: Inti Creates
Distribuição: Inti Creates
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Plataforma
Classificação: 12 anos
Português: Legendas e Interface
Plataformas: Switch, Xbox One, Xbox Series S/X
Duração: Não disponível
A busca pelos Dragões Primordiais
A história de Azure Striker Gunvolt 3 acompanha uma personagem mágica chamada Kirin. Kirin é uma Adepta, os quais são seres com poderes mágicos chamados de Séptimas. Conforme novos Adeptos surgiam, o mundo foi sendo lançado em um caos sem fim, até que organizações usaram tecnologias avançadas para controlar esse caos e trazer paz e bem-estar para os habitantes do mundo.
Uma organização chamada Sumeragi promove experimentos secretos que podem trazer o caos novamente. Um desses experimentos faz com que Kirin e sua organização, a Yakumo das Sombras, suspeitarem de tramas maléficas por parte da Sumeragi. Ao infiltrar o complexo de pesquisa da Sumeragi, Kirin descobre que estão mantendo uma criatura poderosa sob seu controle: um Dragão Primordial. Ao tentar selar o dragão, Kirin acaba descobrindo que ele é, na verdade, uma versão transformada de Gunvolt, um Adepto com Séptima de eletricidade e protagonista dos dois jogos anteriores. Ela o salva e, como dupla de heróis, partem em uma jornada para impedir que outros Adeptos sejam transformados em Dragões Primordiais, o que pode fazê-los perder o controle sobre suas ações e capacidade de poderes.
A história de Azure Striker Gunvolt 3 é contada sem nenhum tipo de rodeio. Diversos termos respectivos da franquia são mencionados nos diálogos a todo momento, o que pode deixar perdidos aqueles que não estão familiarizados com o universo da franquia. Um resumo breve no início da aventura seria muito bem-vindo.
Espada veloz e certeira
Derrotar os inimigos em Azure Striker Gunvolt 3 é uma tarefa prazerosa e divertida, graças aos controles precisos e simplicidade dos movimentos. Conforme a aventura progride, novos golpes e habilidades são desbloqueados, como um corte ascendente eficiente contra inimigos voadores, ou um corte giratório descendente ideal para abater oponentes em solo. Nota-se que, embora haja simplicidade nos comandos, há uma camada extra que exige maior domínio e habilidade para execução e conexão de golpes para transformá-los em sequências bonitas de se ver.
O dinamismo de ASG3 não está apenas nas batalhas, mas também na movimentação de Kirin e sua habilidade com seus Grilhões. A sacerdotisa pode lançar Grilhões mágicos capazes de marcar inimigos e elementos específicos do cenário. Essa marcação permite que a heroína execute um ataque instantâneo, seja na direção de inimigos para causar dano, ou para transpor obstáculos e alcançar novas áreas do ambiente.
Por meio de uma habilidade especial desbloqueada no começo do jogo, é possível utilizar os Grilhões de forma passiva para negar o dano causado por um ataque inimigo. Essa habilidade torna o jogo muito menos punitivo, diminuindo de forma acentuada sua dificuldade, especialmente nas lutas contra os chefes das fases. Isso ocorre porque a recarga de Grilhões é instantânea quando ativada ao pressionar baixo duas vezes.
A partir de uma barra de energia localizada no canto superior esquerdo, Kirin pode trocar de lugar com Gunvolt, cujos movimentos são opostos aos da sacerdotisa. Gunvolt usa uma arma para marcar inimigos e lançar rajadas elétricas extremamente poderosas, que perseguem automaticamente o inimigo marcado. Além disso, ele pode saltar pelo ar sem nenhuma restrição ou limite, o que facilita em excesso a transposição dos cenários e dos desafios de plataforma.
É inegável uma eventual comparação com a franquia Mega Man, cuja estrutura de fases e batalhas são semelhantes à Azure Striker Gunvolt, embora tenha uma jogabilidade mais cadenciada. Entretanto, as mecânicas de Grilhões de Kirin e alternância de controle para Gunvolt diminuem drasticamente a dificuldade do título em todos os aspectos, o que faz com que o jogo seja uma faca de dois gumes: é convidativo para novatos e jogadores casuais, mas pode afastar quem deseja desafios acentuados.
Detonando todos pela frente
A variedade de inimigos em Azure Striker Gunvolt 3 é muito boa. Há desde soldados armados e panteras robóticas, passando por drones voadores, minas de ativação por proximidade, até unidades robóticas pesadas armadas com mísseis e escudos. Em geral, nenhum dos inimigos básicos oferece resistência ou dificuldade de vitória, sendo basicamente elementos destrutíveis para os protagonistas e seus ataques poderosos.
Os chefes, por outro lado, desafiam magnificamente Kirin e Gunvolt em lutas chamativas e vistosas. Fortes e poderosos graças à potencialização concedida pelo despertar de suas versões como Dragões Primordiais, os chefes contam ataques que possuem padrões facilmente identificáveis. O desafio aqui é memorizar esses padrões e utilizar pulos, corridas, esquivas e uso de Grilhões mágicos para escapar dos movimentos especiais de cada chefe.
É justamente nesses momentos críticos que Azure Striker Gunvolt 3 mostra sua maior força. Ele é um jogo extremamente competente nessas lutas, tanto pelos visuais primorosos dos personagens e seus ataques, quanto pelo desafio em si de aplicar mecânicas de movimentação e batalha para sobreviver.
É preciso ressaltar, no entanto, que o maior problema de ASG3 está sempre presente durante as fases. A narrativa progride com imagens estáticas dos personagens e blocos de diálogo preenchendo grande parte da tela, obstruindo especialmente os cantos da imagem, e essa progressão da história é contada a todo momento, inclusive durante as lutas contra os chefões. É comum perder o personagem de vista ou simplesmente ter a interface de diálogos tampando o chefão durante a luta, prejudicando a visibilidade de qualquer ação executada pelo jogador e pela inteligência artificial. Muito mais do que superar os padrões de ataques, é preciso superar uma interface horrenda.
Memórias distantes vindo à tona
Kirin pode utilizar habilidades passivas e ativas durante sua aventura. Para isso, basta equipá-las nos menus de Pulsos de Imagem. Os Pulsos de Imagem são memórias de Gunvolt contidas em chips, que são coletados durante as fases. Cada Pulso possui uma função única, como redução de custo de Grilhões para ativação da negação de dano, aumento do ganho de pontos de experiência e criação de espinhos durante momentos de salto dos personagens.
Há uma boa variedade de Pulsos de Imagem, e eles complementam as características da protagonista. Ainda assim, a percepção da utilização desses Pulsos e suas habilidades é pouco nítida. A despeito das habilidades ativas, que são ativadas com os botões direcionais e o botão X, as habilidades passivas são tímidas e pouco sentidas pelo jogador, mesmo em versões mais potentes como as versões de três estrelas de classificação.
Um exemplo de design visual falho
Azure Striker Gunvolt 3 é um jogo de ação e plataforma extremamente competente e divertido na execução de mecânicas de batalha e transposição de obstáculos, e oferece dinamismo e desafios o suficiente para qualquer tipo de jogador. No entanto, o título oferece uma interface de narrativa horrenda que prejudica em todos os momentos de jogatina, incluindo os mais críticos, pelo simples fato de colocar elementos desnecessários que obstruem a visão do jogador e prejudicam a visibilidade da tela.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
Azure Striker Gunvolt 3
Prós
- Jogabilidade precisa, variada e dinâmica
- Batalhas contra chefes são vistosas e desafiadoras
- Um jogo amigável para jogadores iniciantes e casuais
- Belíssimos visuais 2D e efeitos especiais de golpes e ataques especiais
Contras
- Mecânicas que diminuem drasticamente a dificuldade do jogo
- Interface de narrativa prejudica em todos os momentos de batalha, inclusive contra chefes